Em meio a atrasos salariais atuais desde a folha de novembro de 2017 no Vasco, a 11 dias da data prevista para a eleição no Conselho Deliberativo do clube, para que o novo presidente enfim seja eleito, o atual presidente, Eurico Miranda, se movimenta nos bastidores para que o atual mandato seja ao menos prorrogado. Nesta sexta-feira, o mandatário, por meio do clube, entrou com um recurso na 17ª Câmara Cível do Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro visando suspender a eleição até que tenha uma decisão transitada em julgada. Isto começará a ser apreciado somente na segunda-feira, quando acaba o recesso judiciário.
Eurico Miranda contratou o conhecido advogado Sérgio Bermudes para defender o caso em sua parte no Vasco. A decisão atual da Justiça, dada ainda no ano passado pela desembargadora relatora Márcia Ferreira Alvarenga, da 17ª Câmara, ratificando decisão da primeira instância pela juíza Maria Cecília Pinto Gonçalves, da 52ª Vara Cível, anula a urna 7 e dá a vitória a chapa de Julio Brant - Sempre Vasco Livre -, apesar da posse seguir sub judice até uma nova decisão. No recurso, o atual mandatário também quer a reconsideração da decisão.
O recurso já era esperado nos bastidores por membros da oposição. Caberá agora ao colegiado da 17ª Câmara avaliar, com relatoria seguindo da desembargadora Márcia Alvarenga. Não há prazo para uma decisão final, mas a tendência é que seja resolvido ainda na semana que vem. A expectativa é que os demais desembargadores sigam a conclusão dada pela relatora, já que há prova técnica pericial que constatou falta de comprovação de regularidades dos sócios suspeitos da urna 7 após análises dos documentos entregues pelo Vasco. Depois deste recurso, haverá a possibilidade de outro em Brasília.
"De fato, apesar da atual administração ser a maior interessada na produção da prova referente à regularidade social dos 475 sócios votantes na urna 7, sequer apresentou qualquer comprovante de pagamento individual dos sócios gerais, para aquisição dos títulos patrimoniais, a fim de demonstrar que os mesmos estavam regularmente inscritos no quadro social do Clube, o que não seria difícil obter junto à empresa gerenciadora de seu banco de dados e cobrança. Muito pelo contrário, limitou-se a apresentar, tão somente, balancetes globais e algumas fichas de inscrição, não suficientes para espancar as dúvidas quanto à existência de eventual fraude a macular a eleição 'sub judice'", escreveu a desembargadora em sua última decisão.
Em novembro, o LANCE! entrevistou com exclusividade dois sócios que denunciaram esquema de aliciamento e irregularidades na eleição do Vasco, com membro do alto escalão da diretoria do Cruz-Maltino, comandado por Eurico Miranda. Um dos denunciantes, inclusive, por exemplo, tem no cadastro do Vasco um número de CPF inexistente. Além dos dados cadastrais falsos, nunca pagaram mensalidades ao clube cruz-maltino, com datas retroativas feitas por um período maior de um ano apenas para terem condições de voto de maneira irregular. Estas denúncias, com provas das mesmas, como o citado CPF em um cadastro de um sócio que não era dele, contribuíram nas movimentações das últimas semanas em toda a polêmica eleitoral.
No atual cenário, a chapa de Julio Brant nomeará 120 conselheiros para a posse do Conselho Deliberativo. A chapa "Reconstruindo o Vasco", de Eurico Miranda, tem o direito de nomear 30. Estes 150 conselheiros vão se juntar a outros 150 natos e vão eleger o presidente do Vasco para o triênio 2018-2020. Apesar de nunca ter acontecido na história do Vasco, há a possibilidade do segundo colocado nas urnas vencer no Conselho de maneira matemática - basta possuir 121 dos 150 conselheiros natos nos votos para ter a maioria. Vale lembrar que a eleição do Vasco é feita de maneira indireta.