Opositores do Vasco rebatem declaração de Pedrinho

Vasco criou comissão para investigar nomes ligados à venda da SAF para 777

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Opositores do Vasco rebateram uma declaração polêmica dada pelo presidente Pedrinho durante coletiva realizada na última quinta-feira (14). Pedrinho afirmou que existe uma Comissão Investigativa que busca esclarecer supostas irregularidades cometidas por cartolas antigos.

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O mandatário não deu detalhes sobre o processo, que está apurando os fatos e as pessoas ligadas à venda do Gigante da Colina à 777 Partners. Nomes como os do ex-presidente Jorge Salgado e do ex-CEO Luiz Mello estão entre os investigados.

- Eu gostaria de falar que eu tinha milhões para investir, que eu queria estar competitivo, brigando por títulos. Ou contar qualquer bravatas. Mas não vou fazer isso. Se o investidor chegar, a gente acelera o processo de reestruturação (financeira). O que eu tenho que ter é responsabilidade que outros não tiveram. A gente está trabalhando, em paralelo a isso, para encontrar um investidor. Agora é muito cruel você pegar esse gancho final, onde tem um investidor muito forte do lado do Botafogo, pega um rival que ganhou um título e outro que vai disputar o Mundial... É muito cruel fazer essa comparação e dizer que a gente não ganha nada. Vai ser feito o processo de reestruturação. Esperamos que chegue um investidor para acelerar o processo. Se não chegar, a gente vai fazer do mesmo jeito, porque alguém tem que fazer isso. Um dos pontos do investidor é atacar a dívida com dinheiro novo. Senhor Salgado, Vitor Roma, Luiz Mello, Adriano Mendes, Júlio Brant... Esses caras têm que prestar contas. Se não acontecer uma investigação, a gente vai normalizar o que foi feito aqui. Pode melhorar? Pode e muito. Eu vejo um cenário para o Vasco muito positivo. Se a gente zerar a dívida, acabou o problema. Atacar as dívidas com prazos vai ser uma das exigências - disse Pedrinho.

O "ge" ouviu citados pelo presidente do Vasco. Veja abaixo o que eles disseram:

Luiz Mello, ex-CEO da SAF Vasco

"Com relação à entrevista coletiva do presidente do Vasco da Gama, Pedrinho, cabe esclarecer alguns fatos:

Desde minha saída do dia-a-dia do Clube há mais de 1 ano, nunca fui chamado a prestar esclarecimento em nenhuma Comissão. Importante ressaltar que a criação da SAF e posterior venda à 777, seguiu rito previsto em Estatuto e contou com a aprovação dos sócios e de comissões específicas do Clube que aprovaram todas as etapas, além do apoio de parceiros estratégicos com experiência em transações similares, como KPMG, BDO, Grant Thornton e BMA Advogados;

Depois que assumi como CEO e antes mesmo do processo de venda, o Clube iniciou profunda reestruturação administrativa e financeira, com implementação de normas claras e de governança em vários departamentos, e apresentou visível melhora nos números ao longo dos anos.

De maneira concreta, em 2020, mesmo o Clube estando na primeira divisão, suas dívidas, em demonstração financeira auditada, aprovada e listada no site do Clube, estavam em R$ 832 milhões (esse valor em 2024, atualizado pelo IPCA , já superava R$ 1 Bilhão!) e as receitas neste ano chegaram a R$ 235 milhões;

Já em 2023, estas mesmas demonstrações financeiras auditadas e aprovadas mostram que as dívidas foram reduzidas para R$ 696 milhões (R$ 740 milhões em 2024, atualizado pelo IPCA) e a maior receita da historia do Clube foi atingida com R$ 364 milhões, ainda aquém do potencial do Clube, porém significativamente maior do que nos anos anteriores;

Esses dados mostram o comprometimento da gestão à época na redução deste importante passivo, com importantes acordos junto a PGFN, implementação do RCE, e melhorias significativas nas receitas do clube. Este aumento de receitas é imprescindível para a sustentabilidade a longo prazo, e com base nas alterações propostas de governança e comerciais, o esperado para um Clube da grandeza do Vasco para o ano de 2024 seria uma nova quebra de recorde;

Por entender que o Vasco precisa de estabilidade para atingir voos maiores, não havia me pronunciado até o momento, mas algumas questões precisam ser esclarecidas para evitar que notícias sem as devidas fundamentações prosperem, inclusive com o uso de medidas judiciais quando cabível."

Carlos Osório, ex-VP de Jorge Salgado

"Fui chamado pela comissão em Agosto, compareci, e dei todas as informações que solicitaram. Me coloquei à disposição para prestar qualquer informação adicional que necessitassem. Em nenhum momento disseram que sou investigado. Nunca mais fui chamado."

Vitor Roma, ex-VP de Marketing de Jorge Salgado

"Só posso lamentar. Além de respeitar o Pedrinho, que é meu ídolo e por isso nunca o destratei, é público e notório que não participei da venda da SAF (fato reconhecido pelo próprio presidente Jorge Salgado), inclusive tendo assinado uma carta em 31 de maio de 2022 que questionava diversos pontos da negociação.

Isso foi de conhecimento público, por exemplo, do seu 2º VP eleito, Renato Brito, que todos sabem ser meu amigo há muitos anos e que poderá, se chamado a se manifestar, confirmar o quanto falamos sobre isso durante o processo de venda.

Deixei a ADM do clube tão logo foi oficializada a indicação do Luís Mello como CEO, o que entendi como falha negocial inaceitável do Vasco. Aliás, também é de conhecimento público que nunca fui a favor da permanência do mesmo com CEO.

Não fui chamado a prestar esclarecimentos a nenhuma comissão além da que trata do meu próprio pedido de investigação a cerca da renovação do contrato com a Kappa. Mesmo assim, por estar morando em São Paulo não consegui ir ao Vasco, visto que precisava ser presencial e em horário comercial. Gostaria de ser convocado agora, visto que o Presidente me citou.

Estou à disposição para qualquer esclarecimento e tenho a consciência tranquila de que, no meu curto período como VP de MKT, realizei um trabalho técnico, abnegado, e que foi reconhecido como um avanço para o clube.

Fui eleito na chapa do Pedrinho por acreditar nele, pessoalmente. Continuo acreditando, nele. Lamento que o clube não consiga caminhar e fique preso em disputas políticas sem fim e cujo término era a esperança de 80% do quadro social quando votou a favor da SAF."

Roberto Duque Estrada, ex-vice geral de Jorge Salgado

"Eu tenho muita tranquilidade porque não participei de negociação nenhuma de contrato. Nem eu nem Osório participamos. Quem negociou contrato foram Jorge (Salgado), Adriano (Mendes) e o (Luiz) Mello, em termos de negociação. O que eu fiz como vice-presidente e advogado foi participar e presidir a comissão do Conselho Deliberativo que examinou os contratos quando já estavam negociados, e a comissão aprovou os contratos. Foi uma comissão bastante representativa porque tinha gente de todas as correntes políticas, entendeu? E foi muito técnica.

O contrato é maravilhoso. Entre as SAF's, é o melhor contrato que tem. R$ 700 milhões de aporte, R$ 700 milhões em dívidas, quinto maior orçamento, não distribuir dividendo se não performar. Tem que olhar duas 777: a 777 de quando o Juan Arciniegas era o responsável pelo futebol e a 777 de depois que ele saiu. Enquanto ele estava lá, estava indo tudo direito. Ele saiu justamente porque tinha divergência com o Josh com relação a comprar outros clubes. Ele não queria o Hertha Berlim, por exemplo. E os caras insistiram. O contrato foi aprovado por quase 80% dos sócios. E não estou vendo ele (Pedrinho) buscando aprovação nenhuma de sócio para qualquer coisa."

Adriano Mendes, ex-VP de Finanças de Jorge Salgado

"Foi com surpresa que fui informado das declarações do Presidente Pedrinho no dia de ontem em sua entrevista coletiva, citando meu nome publicamente com conotação negativa, em um contexto de que devo prestar contas de algo.

Antes de mais nada, sempre prestei contas do que fiz em minhas duas passagens no Vasco. A primeira de fevereiro de 2018 a dezembro de 2019, sendo a segunda passagem, de fevereiro de 2021 a outubro de 2022, quando fui Vice-Presidente de Finanças com as contas sendo aprovadas no Clube. Além disso, minhas passagens foram sempre marcadas pela busca incessante de transparência nas finanças do Vasco, cujo maior evidência foi a constante melhoria do Balanço do Clube. O Clube era caracterizado por balanços sem confiabilidade e no final de 2022, o que existia eram Balanços extremamente transparentes e informativos, sem ressalvas e auditados por umas das cinco maiores empresas de auditoria do mundo. A melhor forma de prestação de contas de uma Gestão financeira é um Balanço transparente, muito informativo e validado por uma empresa especializada e renomada de auditoria; Assim, não faz sentido falar, em qualquer contexto, de que não prestei contas das minhas passagens no Clube.

Em relação a essas passagens acima, tenho orgulho, junto com diversos vascaínos e profissionais, de ter participado diretamente de vários avanços como a já citada melhoria do Balanço do Clube, da reformulação do Programa de Sócios em 2019, da criação e gestão da “vaquinha” com os torcedores que financiou a inauguração do nosso Centro de Treinamento, do debate e aprovação do projeto de reforma de São Januário mas, principalmente da redução da dívida do Clube durante os dois períodos em que auxiliei a Diretoria Administrativa. Senão vejamos, com base nos números auditados informados no Balanço da SAF de 2023, a dívida bruta ficou estabilizada no biênio 2018/2019 e caiu mais de R$ 200 milhões no exercício de 2021, quando reestruturamos a dívida com as negociações com a PGFN e no âmbito da RCE, fechando o exercício com menos de R$ 800 milhões (era R$ 1,035 bilhão no final de 2020 e R$ 797 milhões no final de 2021) Em 2022, a dívida bruta voltou a se manter estável, fechando em R$ 804 milhões. Em consequência, não existe qualquer motivo para falar da administração da dívida do Vasco no período em que estive auxiliando o Clube, principalmente na última passagem.

Depois, cabe menção acerca da minha participação na criação da SAF e posterior alienação de participação acionária ao Grupo 777 Partners. Em relação a esse processo, o que mais fiz, com todos os demais envolvidos, foi prestar contas do que foi feito em processo extremamente transparente e aprovado em todas as instâncias do Clube. Só para relembrar, em resumo:

Foi recebida uma proposta de um investidor caracterizada por aporte de capital de R$ 700 milhões em 4 anos, investimento ainda maiores do time profissional nesse período, manutenção de 30% de participação acionária e propriedade de nosso estádio para o Clube, além da assunção de R$ 700 milhões de dívida líquida pela SAF, montante maior do que toda dívida do Clube na data. Essa foi a única proposta que chegou aceitando essas condições;

A diretoria não aceitou a proposta recebida, ela imediatamente repassou a mesma para debate e análise de todos os Poderes do Clube, algo que perdurou cerca de 6 meses. Nesse período, uma Comissão de 15 conselheiros, inclusive membro do Conselho Fiscal, analisou os contratos e todos os documentos referentes a 777 Partners, recomendando expressamente a aprovação da proposta em questão. Nesse interim, a 777 Partners estava em plena expansão adquirindo clubes e conseguindo aprovação dos mesmos em países como Alemanha, Bélgica, Austrália e França. Posteriormente, a proposta foi aprovada pelo Conselho Deliberativo e pelos sócios em Assembleia Geral com aproximadamente 80% de aprovação;

Somente então a proposta foi aceita e assinada. Todos aprovaram, como foi observado por todos os vascaínos nas sessões transmitidas ao vivo pela VascoTV, pelo detalhado FAQ com perguntas e respostas e ainda por audiência pública

Logo, nesse processo, todas as contas foram prestadas e nada foi decidido sozinho. Todos participaram, todas as instâncias aprovaram e os sócios decidiram em sua grande maioria. A Diretoria foi assessorada por renomadas empresas como KPMG, BMA e BDO, além do processo final ter passado por Due Diligence por parte do investidor, realizada pela empresa americana Grant Thornton, sem qualquer óbice.

E, até a descontinuidade do contrato, o que se viu, de acordo com os últimos números auditados conhecidos, constantes no Balanço auditado da SAF de 31/1/2023, apresentou um quadro financeiro que demonstrava entrada de mais de R$ 310 milhões na SAF em aportes societários, pagamentos de salários e acordos de dívida em dia, redução do endividamento líquido para R$ 740 milhões, crescimento da receita de R$ 135 milhões para R$ 364 milhões e forte investimentos no time profissional de R$ 164 milhões contra apenas R$ 8 milhões no último ano associativo na gestão do futebol. Assim, dados os últimos números conhecidos, a negociação com a SAF somente apresentou benefícios financeiros ao Vasco, em uma constatação sob a ótica estritamente financeira até o exercício de 2023, sem entrar em qualquer mérito jurídico ou de gestão. Sobre 2024, não se sabe os números e foi caracterizado pela descontinuidade do projeto SAF logo nos primeiros meses do ano. E vale sempre lembrar a realidade vivida pelo Vasco nos últimos 24 anos, com salários, impostos e fornecedores sempre em atraso, receitas declinantes e sem capacidade de investimento no futebol.

Como visto, sempre prestei contas em meus atos no clube, aprovados pelo Conselhos Fiscal e Deliberativo, assim como os sócios. O nível do endividamento sempre foi reduzido em minhas passagens, conforme números auditados por algumas das maiores empresas de auditoria do mundo. Estou à disposição para colaborar em quaisquer esclarecimentos, desde que naturalmente tenha ciência prévia dos regulamentos e ordenamento do processo, além de acesso isonômico a todos os documentos correlacionados aos questionamentos. Por fim, que o Vasco consiga passar por mais esse momento difícil e que nós torcedores possamos finalmente viver um Vasco protagonista de forma sustentável."

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