Pitbull do Vasco, Jean abre as portas de sua casa ao LANCE! e surpreende
Ao longo desta segunda-feira, L! publicará as faces do volante cruz-maltino que é uma arma de Milton Mendes na busca por uma vitória nesta noite, diante do Atlético-PR, no Brasileiro
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Jean vive no Vasco a melhor fase de sua carreira. Aos 22 anos, é quem mais desarma (54 vezes) no Campeonato Brasileiro e ganhou rapidamente da torcida o apelido de pitbull, conhecido cão de guarda. Nesta segunda-feira, às 20h, ele é a esperança cruz-maltina para que com cada roubada de bola diante do Atlético-PR, em Volta Redonda, brigue de vez pela Libertadores. O site do LANCE! transmite a partida em tempo real.
O volante abriu as portas de sua casa na Zona Oeste do Rio de Janeiro ao LANCE! e mostrou lados até então desconhecidos dos torcedores do Vasco. Ao lado de sua noiva, a catarinense Quézi Hubert, de 24 anos, durante as horas em que conversou com a reportagem com exclusividade, se emocionou ao lembrar de tudo que passou desde os primeiros chutes em Brasília, cidade natal:
– Sonho em ser jogador de futebol desde criança, quando eu tinha cinco anos. Meu pai foi profissional também. Tinha essa inspiração nele. Cada ano que foi passando desde então venho plantando isso em minha vida e graças a Deus hoje estou colhendo. Vivo aqui no Vasco a melhor fase de minha carreira, com muito trabalho sou o que mais desarma no Brasileiro. Espero seguir ajudando para brigarmos pela Libertadores.
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No Vasco de Milton Mendes, Jean já é unânime. Forma uma parceria que deu liga na direita com Gilberto, segundo que mais desarmou na competição até então. Jean está no Vasco por empréstimo do Corinthians até o fim deste ano e os torcedores já pedem a sua permanência. Ele garantiu querer deixar a sua marca no clube de São Januário:
– Não quero usar o Vasco como um trampolim. Quero criar uma identidade aqui. Hoje todo mundo fala do Jean e diz 'Jean do Vasco'. Eu quero transmitir isso para o torcedor, são muito carinhosos comigo. Estou muito feliz no Vasco. Os melhores dias da minha vida, não imaginava isso nos meus maiores sonhos. Tenho contrato com o Corinthians até 2020. Não sei o que vai acontecer em dezembro, mas posso garantir que estou me realizando.
Confira a seguir outras respostas de Jean ao LANCE!:
Você é um dos mais ativos nas redes sociais. Como é essa interação com o torcedor?
Acho legal. O torcedor quer essa resposta, não só dentro de campo. O torcedor tem que saber o que você pensa. Chega lá no Twitter e posta o que você acha, isso, aquilo... Essa interação dá o feedback de quem é realmente o Jean. Gosto muito de brincar, curtir, meus tweets quando pequeno cornetava todo mundo, eu era muito torcedor. Tem torcedor que me xinga, mas dou risada. Hoje em dia a rede social é uma arma entre aspas, e uso elas a meu favor.
Primeiro jogo foi como?
Lembro até hoje da minha estreia. Estava pensativo demais, 'não é possível que ele vai me colocar nesse jogo pegando fogo' (risos). Eu tremendo de medo. Minha estreia no profissional foi no Iguaçu Agex, eu tinha 16 anos na Série B do Paraná. Não lembro contra quem foi... Mas foi uma pedreira, era uma briga para subir à elite. Passava só na minha cabeça 'cara, eu tenho que ir bem, é a chance de minha vida'. Depois que entrei, passou um minuto e é uma vibração totalmente diferente. E a estreia que eu tive no Paraná Clube, contra o Bragantino, em 2014, foi o mais marcante para a minha carreira. Foi o primeiro jogo com muita torcida, tinha gente demais na Capanema. Só queria mostrar quem eu sou. Na primeira bola que cheguei foi chutando bola, jogador, tudo assim (risos). Começava a saber o que era ser profissional. E hoje passo isso aos meninos do Vasco. Falo 'fiquem com a camisa boa, o que vocês plantam, colhem'. Paulinho, Paulo Vitor... Falo 'manos, esqueçam tudo e sejam felizes'. Joguem com liberdade, tranquilo, responsáveis, mas felizes.
Sempre quis ser volante?
Meu pai era zagueiro. E eu queria jogar, queria que me colocasse para jogar (risos). Ele sabiamente me lançou de atacante, de meia, até dá risada e brinca com todo mundo 'tentou me colocar de meia, de repente me olhava e eu estava marcando', 'tentou me colocar de atacante e quando ia ver eu estava marcando', aí viu que era para eu ser volante mesmo (risos). E aí com o tempo, até com meu pai mesmo, ele me colocava de zagueiro e ele disse 'na minha opinião como atleta, pelo seu biotipo, mesmo sendo tão jovem, acho que você daria bem de volante'. Aí que surgiu a minha vontade de ser volante. Disse para ele 'concordo contigo' (risos). Sabia de nada (risos). Comprei a ideia, foi, deu certo, e hoje sou apaixonado pela posição que jogo. Pessoal fala 'você só se limita a marcar'. Você não se limita a marcar. Você sabe que é peça importante na marcação. Aparece de elemento surpresa às vezes na frente, ajuda na parte ofensiva, mas o principal foco é marcar. O mesmo sentimento de um meia quando dá a caneta eu sinto quando desarmo uma bola.
Volante é aquele cara que o torcedor não vê, mas sem ele o time não engrena?
Certeza. O volante é o carro-chefe do time. Não por eu ser volante, mas acho que é sim. É o cara que dá a proteção para a defesa do que vem da frente de contra-ataque, o que dá sustentação por trás, o que dá o desafogo quando o meia está todo travado, o volante é a peça fundamental. E eu entendi isso. Eu poderia não ser o astro do time, a estrela do time, mas o principal funcionário, o que carrega o piano. Tenho que fazer meu meia se sentir bem e tranquilo para jogar, meu zagueiro confiante porque na frente ele sabe que tem uma proteção. Tenho essa noção que às vezes a torcida, querendo ou não, vai olhar o camisa 10, 11, 9, o matador, que faz gol. Mas graças a Deus aqui no Vasco tenho tido esse reconhecimento. Por mais que eu seja volante, a torcida tem reconhecido que sou eficiente na marcação. Me sinto até bem demais em relação a isso.
Como foi o período que fez a base no Estudiantes, da Argentina?
A escola da Argentina, a maneira como lidam com os jogadores desde cria, os meninos desde oito, nove anos, já crescem com uma identidade. O caráter argentino. E o caráter deles é o quê? Não perder nenhuma bola, pé de ferro o tempo inteiro, a bola está saindo na lateral vai brigar por ela, não tem bola perdida, é tudo eu quero vencer, quero ganhar, tenho que disputar tudo e deixar tudo de mim. Eles criam essa identidade no atleta lá. E isso eu acabei trazendo para mim. Desde que eu era pequeno eu quis correr, brigar, lutar, tudo dentro de campo. Quando fui para lá aperfeiçoei mais isso dentro de mim. A Argentina para mim foi algo muito inusitado, uma experiência que eu escolhi viver, na época eu tinha algumas escolhas para fora, Europa, etc, mas me apresentaram esse desafio na Argentina e comprei a ideia. Fui na cara e na coragem, cheguei lá não sabia idioma, nada de espanhol, alimentação diferente... Mas a maneira que fui acolhido foi muito importante. Conheci pessoas que até hoje são amigas minhas, me mandam mensagem, a própria diretoria e comissão técnica do Estudiantes. Criei uma identidade lá que acho que talvez foi até mais que carreira. Me ajudaram muito mais como pessoa do que em carreira. A maneira de tudo, o profissionalismo, trouxe para mim.
Jean é o pitbull sentimental do Vasco. Ao longo desta segunda-feira, o site do LANCE! publicará o restante da entrevista exclusiva de Jean. Confira abaixo a programação:
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