Por que o Vasco não pode jogar em São Januário?
Elitismo, racismo e preconceito são marcas das decisões concedidas pela Justiça do Rio
Tudo começou com a confusão generalizada após a derrota do Vasco para o Goiás. São Januário virou uma praça de guerra e, desde então, a Justiça do Rio manteve o estádio interditado. Mas hoje os argumentos são plausíveis para isto? O Lance! opina.
Por que o Vasco não pode jogar em São Januário? O Judiciário não quer. Na esfera da desportiva (Superior Tribunal de Justiça Desportiva), o Cruz-Maltino já cumpriu punição. Em tese, o clube pode voltar a receber público na Colina Histórica. Mas a Justiça comum interditou o estádio por tempo indeterminado. Decisão histórica e sem precedentes.
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Nas redes sociais, os torcedores protestam, sangram e se revoltam para voltarem a ter o direito de pisarem em São Januário em dias de jogos. Inclusive, fizeram a "#LibertemSãoJanuário" para tratar do caso.
A Justiça do Rio deveria se envergonhar de decisões em cima de decisões que reforçam o elitismo, preconceito e racismo. São Januário foi construído pelo povo e o mesmo povo cerca o estádio. Povo preto da favela do Arará, da Barreira do Vasco e do Tuiuti.
Ao contrário do que o Judiciário insiste em afirmar, São Januário e a Barreira do Vasco são lugares tranquilos de se frequentar. Inclusive, a reportagem do Lance! costuma frequentar os locais.
Se o "problema" é a favela, o Rio de Janeiro deveria viver com os estádios interditados, tendo em vista que a cidade é cercada de comunidades. O próprio Maracanã, o maior palco do futebol mundial, é ao lado da Mangueira, que é uma comunidade.
Dados também comprovam que o próprio Maracanã lidera ao lado de São Januário a lista de estádios com mais tiroteios ao redor. Veja na imagem abaixo:
Neste caso, o Vasco não senta mais no banco do réu e sim no da vítima. O Cruz-Maltino é o único clube que disputa o Campeonato Brasileiro, que já cumpriu punição, e continua sendo punido por não ter o direito a receber o torcedor no próprio estádio.
Mas a maior vítima é o povo. O trabalhador que depende do comércio a todo vapor, sobretudo, em dias de jogos para sustentar a família.
Por fim, esta opinião termina com o mesmo questionamento que gerou esta reportagem. Por que o Vasco não pode jogar em São Januário?
*MATHEUS GUIMARÃES colaborou sob a supervisão de Luiz Cláudio Amaral.
