Presidente do Vasco projeta recuperação semelhante a do Flamengo: ‘Mandato de arrumação’
Jorge Salgado foi entrevistado pelo jornalista Mauro Cezar Pereira, no 'Dividida', do Uol, e comentou sobre como encontrou o clube, e o que pretende avançar nesse mandato
O presidente do Vasco, Jorge Salgado, foi o convidado do programa "Dividida", apresentado pelo jornalista Mauro Cezar Pereira, no canal do portal UOL Esportes, no Youtube. Durante a conversa, o mandatário explicou de que maneira encontrou o clube, quais os avanços pretende realizar ao longo desses três anos de gestão e falou sobre o atual momento do time na disputa da Série B do Brasileirão.
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De acordo com Salgado, a atual dívida do Vasco gira em torno de R$ 830 milhões, porém apesar das dificuldades, ele pretende reduzir esse montante pela metade até 2023, no fim de sua atual gestão. Diante desse cenário, o mandatário afirmou que pretende reduzir a dívida fiscal e existe um estudo para diminuí-la em 50% ou 60%. "Teríamos um ganho tributário de R$ 150 milhões."
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- A dívida trabalhista estamos trabalhando para tentar acordos. Mas para fazer acordo trabalhistas, você precisa ter dinheiro em caixa para oferecer de 40% a 60% para o credor. A gente está buscando esse dinheiro, não está fácil. Tem dinheiro na mesa. Mas é um dinheiro a um custo muito elevado. Por se tratar de Vasco, todo mundo quer emprestar dinheiro como se fosse agiota. Quer me cobrar juros de 11 a 15% ao ano. Eu não vou tomar esse dinheiro em hipótese alguma - disse, e em seguida completou.
- Se a gente conseguir êxito na redução das dívidas trabalhista e fiscal, a gente traz a dívida para os R$ 500 milhões. Se consegue aumentar nossa receita, a gente pode trazer essa dívida para uns R$ 400 milhões no final do mandato. Existem algumas possibilidades em andamento que talvez a gente consiga atingir esse objetivo contando com um pouco de sorte. Tem que trabalhar muito - analisou.
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Ao fazer projeções sobre o futuro, Salgado citou o Flamengo, que passou por uma transformações semelhante, e conseguiu com uma política de austeridade financeira voltar a ser competitivo. Ele disse que tem dado o pontapé inicial para uma mudança profunda no Vasco.
- Eu estou pegando o Vasco numa situação parecida com o nosso maior rival. Você viu como se deu ascensão do rival: os primeiros anos foram muito difíceis, quase caiu para segunda divisão. E a gente tá numa numa situação semelhante ao que se passou naquele clube - comparou, e explicou.
- Meu mandato vai ser de arrumação. De mostrar o caminho. Alguém tem que dar esse pontapé inicial, e eu fui o escolhido para fazer isso. Sabendo qual é a direção que eu tenho que ir, não vou me afastar, ainda que sofra muita pressão... Primeiro mandato de arrumação, segundo de consolidação, e o terceiro creio que será muito vitorioso, com muitas realizações - ressaltou
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Para avançar, Salgado confirmou que tirou do próprio bolso para ajudar o clube carioca a pagar algumas dívidas. O empréstimo de R$ 23 milhões dado pelo presidente foi noticiado portal Esporte News Mundo, em maio, visto que ele já era credor do clube antes de tomar posse.
- De fato aconteceu. Eu não tenho como esconder isso. Inclusive isso foi mostrado em uma reunião de Conselho Deliberativo, fui aconselhado pela minha área de finanças, para que esses valores que coloquei fossem de domínio do Conselho. Havia muita conversa. Como falo em transparência, também tenho o dever de ter transparência. Para mim é desconfortável falar sobre isso. Mas coloquei recursos sim. Foi uma forma de regularizar uma série de débitos, salários, dívidas com fornecedores, para dar uma arrumada.
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- Qual era a alternativa? Se o Vasco fosse um clube bem organizado e tivesse crédito, eu bateria no banco e pediria para eles. Não colocaria meu recurso. Nunca tive o menor interesse nisso. Mas faço por circunstância. O Vasco não tem crédito. Foi a maneira que encontrei de ajudar o Vasco para o clube dar uma respirada. Conseguimos colocar a casa mais ou menos em ordem.
Após a derrota para o Goiás, o Vasco chegou ao número de quatro derrotas em oito rodadas pela Série B. Mesmo com uma campanha irregular, Salgado elogiou o elenco do Cruz-Maltino e disse que o time tem totais condições de voltar à elite do futebol brasileiro em 2022.
- O nosso diretor de futebol (Alexandre Pássaro) analisando o mercado de treinadores de futebol junto com a análise de desempenho e pegando outras informações, chegamos a esse nome. Por que o nome do Marcelo? Primeiro que ele fez um grande trabalho no Atlético Goianiense. Já tinha disputado a Série B, classificou o Atlético para a Série A. Teve um bom desempenho. .. tem certa identificação com o Vasco, passou aqui na época de futebol de salão. Estamos muito satisfeitos com o Marcelo. Ele começou no futebol do Vasco, depois deu uma queda natural e acho que ele em algum momento vai retomar essa ascensão novamente - salientou, e acrescentou.
- Olhando para o elenco do Vasco, eu acho o elenco, sem falsa modéstia, o melhor. Se não for o melhor, está entre os três melhores da Série B. Mas é um campeonato difícil, muito disputado, muitas viagens, altos e baixos, vamos oscilar, mas temos elenco para voltar à primeira divisão. Futebol também tem que ter um pouco de sorte. A bola tem que entrar na hora certa. Mas formamos um bom elenco. Temos mais ou menos 35 jogadores, promovemos muitos da base, mesclamos. O Cabo sabe trabalhar bem isso, e o Pássaro é um profissional excepcional. Estamos na direção certa, e acho que vamos conseguir nos classificar - finalizou.
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Em relação à promessa de um aporte financeiro de R$ 70 milhões
- Temos feito reuniões com possíveis investidores. O que atrasou? Durante a campanha tínhamos um projeto para captar R$ 70 milhões, que seriam alocados para dívidas trabalhistas. Aconteceu que a pandemia se prolongou, nossa receita caiu, nosso endividamento subiu. Hoje temos certa dificuldade de as pessoas acreditarem no projeto e colocarem seu dinheiro no Vasco. Mas temos atuado com transparência. Já fizemos umas cinco reuniões com investidores. Está avançando. Não largamos o projeto. Mas o momento atual não é tão favorável. Meus recursos são finitos. Vai chegar uma hora que... (risos). Mas tudo que prometemos e falamos na campanha, perseguimos. Está pautado. Temos um plano estratégico.
Aumento da dívida na gestão anterior
- Durante a campanha, a gente tinha essa meta porque naquela altura o endividamento do Vasco era de R$ 620 milhões. Então, através de uma renegociação fiscal e trabalhista, você reduzia isso em R$ 200 milhões e chegaria a R$ 400 milhões de endividamento.
- Depois da eleição, tivemos a pandemia e uma queda de receita por conta de bilheteria e outras coisas como sócio-torcedor. E também no final do mandato (de Alexandre Campello) apareceu uma dívida trabalhista de R$ 92 milhões que não era contabilizada há cinco anos. Foi uma surpresa muito desagradável. Então, para chegar aos R$ 400 milhões, eu vou ter que contar com uma receita extraordinária de uns R$ 200 milhões ou R$ 150 milhões. Existem algumas possibilidades em andamento que talvez a gente consiga atingir esse objetivo contando com um pouco de sorte. Tem que trabalhar muito.