O tricampeonato carioca com que os vascaínos tanto sonhavam chegou em 15 de maio de 1994. Naquele ano, o Vasco montou um timaço para o campeonato. Completou a zaga com um titular da Seleção Brasileira, Ricardo Rocha, para jogar ao lado de Alexandre Torres. No ataque, acertou, por empréstimo, o craque Dener. Junto com Carlos Germano, Pimentel, Lusinho, Valdir e Yan formaram um verdadeiro esquadrão.
Se há algo de lógica no futebol, aquele time não merecia perder o campeonato. Ganhou o primeiro turno invicto, massacrando o Fluminense na final da Taça Guanabara: 4 a 1. Com uma zaga firme, um meio de campo aguerrido e criativo e um ataque arrasador, o Vasco chegou às finais com pinta de campeão.
No quadrangular decisivo daquele regulamento, o Gigante da Colina entrou com a vantagem de dois pontos sobre Flamengo e Botafogo e um ponto sobre o Fluminense, pelo título do primeiro turno. Após uma vitória sobre o time de General Severiano e um empate com o Tricolor, caminhava para a conquista até perder para o Flamengo por 2 a 1.
Pouco antes da grande revanche contra o rival rubro-negro, uma tragédia desestruturou completamente São Januário: o genial atacante Dener, grande destaque da equipe naquela temporada, morreu em um acidente de carro, no bairro da Lagoa.
Mesmo profundamente abalados, os jogadores vascaínos estavam determinados a levantar a taça em homenagem ao atacante, considerado até por Antônio Lopes como muito melhor que Neymar. No reencontro com o Fla, empate em 1 a 1. Na rodada seguinte, o Vasco precisava vencer o Botafogo e torcer por um tropeço do time da Gávea. A combinação de resultados foi perfeita e o time da Cruz de Malta voltou a depender apenas de si para ser campeão.
O último jogo
Na partida final, contra o Fluminense, o Vasco teve uma tarde memorável. Futebol envolvente, toque de bola refinado e comandado por William e Valdir Bigode.
O Time das Laranjeiras não deu muitas esperanças à torcida. Começou a ser sufocado no primeiro minuto, quando Luís Henrique fez pênalti em Pimentel. Yan cobrou no canto direito, mas Ricardo Cruz defendeu. Outro time talvez se abalasse, mas não aquele Vasco.
Cinco minutos mais tarde, Jardel começava a surgir como herói improvável para escrever o nome na história do clube, após ganhar a vaga de Gian. O jogador, até então criticado pelo jeito atabalhoado, aproveitou cruzamento de Valdir para abrir o placar, aos seis da primeira etapa.
Depois do gol, o Cruz-Maltino manteve a pressão e o segundo era questão de tempo. Viria aos 17 do segundo tempo. Dessa vez, William foi quem deixou o camisa 9 na boa para ampliar. Confiante, a torcida passou a gritar o nome de Dener aos 30 da etapa final. Com a histórica e inédita terceira conquista seguida confirmada, os jogadores vascaínos fizeram emocionantes homenagens ao companheiro morto no auge da carreira, tão importante naquela campanha. As comemorações se estenderam noite adentro.