Alberto Valentim foi anunciado como novo técnico do Vasco no dia 26 de agosto. Desde então, já se passaram 16 dias, comandando a equipe em quatro partidas - diante do Atlético-PR, Santos, América-MG e Vitória -, e acumulando quatro derrotas. O fato de ainda não ter pontuado, mesmo com as diversas mudanças no time e no planejamento, fez com que alas do Cruz-Maltino já comecem a pressionar o presidente Alexandre Campello por uma mudança. O LANCE! explica o cenário a partir de agora.
Um ponto que é levado em consideração é o de que Alberto Valentim não tem toda a culpa pela crise no futebol do Vasco. Parte das alas que começaram a pressionar por sua saída vão na direção de que por estar nem há um mês no comando, não teve o tempo necessário para colocar o seu estilo em prática. Mas devido ao time não ter tempo para adaptação, faltando 15 rodadas para o fim, entendem que Valdir Bigode, atual auxiliar-técnico que já treinou o time de forma interina algumas vezes, assuma até o término de 2018 por uma salvação da queda.
Estas alas usam como argumento o fato de Valdir Bigode não precisar de tempo para se adaptar - está no Vasco há alguns anos como auxiliar -, somado ao fato de estar invicto nos jogos que foi treinador de forma interina - foram seis durante os períodos, com duas vitórias e quatro empates. Em um primeiro momento, o presidente Alexandre Campello segue confiante que Alberto Valentim tirará o Vasco da crise em campo. Mas este não é o mesmo pensamento do todo o Comitê Gestor de Futebol, recebendo pressão política de todos os lados.
Alberto Valentim foi contratado pelo Vasco sem ser uma unanimidade no Comitê Gestor de Futebol do clube. Os integrantes do grupo, inclusive, vão se reunir nesta semana para a decisão de um nome para assumir o cargo de vice-presidente de futebol e, se houver consenso, não está descartado que o treinador seja demitido como consequência do novo rumo do departamento. Eduardo Cassiano tem o apoio de nomes da base e ganha força para o cargo. Um retorno de Fred Lopes, último a ocupar o posto, que deixou o grupo "Identidade Vasco" na última semana, também vem sendo falado nos bastidores. Uma terceira via também vem sendo discutida entre os envolvidos.
Pessoas próximas a Alexandre Campello afirmam que uma possível quinta derrota seguida do Vasco com o comando de Alberto Valentim, no clássico com o Flamengo, sábado, em Brasília, já fará com que o presidente mude de ideia e tome a decisão por uma nova mudança no cargo de treinador, caso não seja convencido por força política antes. E além disto, pelo prazo curto por uma recuperação no Campeonato Brasileiro para evitar o quarto rebaixamento do clube na história, efetivaria de imediato Valdir Bigode para o posto. Uma contratação de fora, pelo mercado, não é vista com bons olhos por faltar apenas 15 jogos até o término da competição.
Uma outra corrente dos bastidores do Vasco, que também já pressiona pela mudança no comando do futebol do clube, vai na linha de que Alberto Valentim já teve tentativas de trabalho por uma evolução da equipe, mas que não surtiram o efeito esperado, o que pediria por uma troca imediata. Um período de concentração em um hotel foi feito entre as derrotas para o Santos e para o América-MG (período este que fez com que o treinador perdesse força até entre os jogadores, que preferem Valdir Bigode), trocas na titularidade, além dos retornos importantes - como o de Ramon e Werley, diante do Vitória -, não fizeram com que o time parasse de errar em campo.
O consenso existente nos corredores de São Januário é que o elenco do Vasco tem qualidade para ficar na primeira metade da tabela, e não sofrendo na briga contra o rebaixamento. Mesmo com nomes importantes no departamento médico, como o zagueiro Breno e o meia Giovanni Augusto, há o entendimento que existe a capacidade do grupo para renda melhor em campo, conseguindo os resultados. Para isto, enxergam a necessidade de um trabalho simples, reconhecendo os limites, sem invenções, fechando a defesa e brigando por vitórias magras para salvar a temporada.
Diante deste cenário, a semana será de pressão sobre o Alberto Valentim, o elenco do Vasco, o presidente Alexandre Campello e o Comitê Gestor de Futebol. Fora da zona de rebaixamento apenas pelos critérios de desempate (o Vasco pode chegar no clássico de sábado com o Flamengo dentro da zona da degola caso a Chapecoense derrote o Atlético-PR em jogo atrasado na quinta-feira), o time segue sem vencer fora de casa no Brasileiro, está com a pior defesa de 2018 entre os clubes da Série A e os resultados, tão esperados pelo torcedor que vem sofrendo, não estão aparecendo. Uma crise que parece sem fim, mas que precisará de muito trabalho para acabá-la antes que seja tarde demais. A torcida espera o Vasco voltar a jogar como Vasco.