VP do Vasco detalha próximos passos para reforma de São Januário
Cruz-Maltino tem a intenção de começar as obras de modernização até janeiro

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A reforma de São Januário está cada vez mais próxima de sair do papel. Nesta semana, o Conselho Deliberativo do Vasco aprovou a criação da Sociedade de Propósito Específico (SPE), que é um mecanismo de segurança que a lei impôs ao clube. Agora, precisa ser aprovada na Assembleia Geral de sócios, mesmo rito que seguiu a SAF.
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Caso os vascaínos aprovem a criação da SPE, a empresa será criada e, a partir disso, os próximos passos tendem a ser mais acelerados. Em entrevista ao canal "Colina em Foco", o segundo vice-presidente geral do Vasco, Renato Brito detalhou o que está por vir.
- O pessoal vai lembrar que quando a gente votou a aprovação da SAF, da criação da SAF, os sócios também votaram. É a mesma coisa, o mesmo sistema. Na época da SAF foi feita uma alteração no estatuto, em que associação ou sociedade que o CRVG faça parte, crie ou seja sócio, tenha que ser aprovada pelo Conselho Deliberativo e Assembleia Geral de sócios. É o mesmo mecanismo. Na SAF foi assim. Aprovamos primeiro a criação da SAF. Os sócios vão votar a criação da SPE, que não pode ser vendida pela imposição da lei - disse Renato Brito. E explicou para o que serve e detalhou a estrutura da SPE:
- A SPE (Sociedade de Propósito Específico) faz parte de um mecanismo de segurança que a lei impôs ao Vasco. A partir do momento que o prefeito Eduardo Paes deu esse presente ao Vasco, como vascaíno e está super ansioso, teve que tomar algumas precauções para a obra sair. Não dá para o Vasco pegar o dinheiro e contratar o Messi, um atacante. Na verdade, esse dinheiro tem que ser carimbado. Então, diversos mecanismos de segurança para garantir que o dinheiro fosse carimbado foram tomados. O que é uma SPE? É uma Sociedade de Propósito Específico. É uma sociedade, uma empresa que tem um propósito. É muito comum no Direito Imobiliário. Você cria uma SPE e o objeto é só construir aquele prédio. No nosso caso é construir um estádio. Ela tem data para nascer e morrer. Se Deus quiser, ela vai morrer com o habite-se, que é o documento que diz que o estádio está pronto e pode receber os jogos do Gigante. Não foi o primeiro passo, porque tivemos toda a discussão legal anterior. Mas eu diria que para fins de recebimento do potencial construtivo, é o principal passo. Temos três condições principais para que o Vasco, de fato, possa vender o potencial. É um cronograma de obras, que está andando. Outro é o cronograma de obras do entorno, que já fizemos uma primeira apresentação para a Prefeitura. E a SPE é o terceiro. Sem a SPE não tem dinheiro para o potencial construtivo. É ela que vai vender de fato o potencial. Para fins de obra é o principal passo.
- Por força de lei, essa SPE tem que ser 100% CRVG. Não pode ter outro sócio. A partir do momento que só vai gerir o dinheiro do potencial construtivo. Esse é o primeiro ponto. É uma empresa e vai ter a sua diretoria executiva. Há uma previsão no contrato social da SPE de que o órgão decisório principal vai ser composto pela diretoria administrativa eleita do CRVG. Hoje seríamos eu (Renato Brito), Pedrinho e Paulo Salomão (1º vice-presidente geral). Se eventualmente a obra não terminar no nosso mandato e tiver um novo presidente na próxima eleição, esse presidente e os dois vices eleitos vão nos substituir nesse órgão máximo da SPE e consta no contrato. Faz sentido, porque não dá para vincular qualquer órgão deliberativo a nós. Tem que ser vinculado a quem ganhar a eleição do Vasco. Esse órgão máximo deliberativo vai ser responsável pela contratação dos profissionais. A ideia é que a SPE tenha um CEO, um diretor executivo, um presidente ou algo do gênero e todo seu corpo diretivo técnico pensando só na construção do estádio - finalizou.
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Confira mais respostas de Renato Brito, 2º vice-presidente geral do Vasco:
O QUE É A VENDA DO POTENCIAL CONSTRUTIVO E COMO É FEITA?
- A gente brinca que a vida do vascaíno é difícil, porque além do futebol tem que entender de Direito, eleição e agora Direito Imobiliário. O que é o potencial construtivo? O Vasco é proprietário do terreno de São Januário. Aquele terreno intramuros permitiria que o Vasco construísse x mil m². O Vasco não construiu em todo o terreno. Por um cálculo da Prefeitura, o Vasco ainda teria direito de construir 70 mil m². Esse direito é vendável. Se você é dono de um terreno e não constrói tudo que a lei te permite naquele terreno, você pode vender esse direito. Isso que é o potencial construtivo. É o direito de construir. Então, a Prefeitura fez uma lei e, normalmente, leis que permitem a venda de potencial construtivo, elas trazem junto uma lei urbanística. Não é só permitir a venda e gerar riqueza para alguém. Você tem que entender isso num sistema urbanístico da cidade. No Vasco, vem dentro da operação urbana consorciada do bairro Vasco da Gama. A construção do estádio é o principal, mas a Prefeitura também vê na construção do estádio uma oportunidade de adensamento. O que é adensamento? Trazer mais pessoas para morarem ali, a melhoria do entorno, paisagismo, urbanismo, ou seja, revitalizar o entorno do estádio. É para que não seja pura e simples a construção do estádio, o que é super legítimo, porque você tem que pensar no bem público. Essa é a lei. O Vasco tem 70 mil m². Esse valor é multiplicado por um índice, que está no plano diretor. O índice do bairro Vasco da Gama é quatro. Você pega 70 mil e multiplica por quatro, que dá 280. Por isso que o Vasco pode vender 280 mil m² do potencial construtivo. Como funciona essa sequência? A gente faz a SPE. Aprova em Assembleia Geral. Pelo o que o presidente Alan Belaciano me disse a previsão é de fazer entre o dia 15 e 25 de maio. No dia seguinte, o contrato está 100% pronto. Manda para a Junta Comercial. Sai o registro e tem CNPJ e registro na Junta, a SPE nasceu para o mundo jurídico. A Prefeitura emite um termo de potencial construtivo. É um papel que fala "Vasco, agora você é detentor de 280 mil m² de potencial construtivo e você pode vender. Como vende? É parecida como uma venda de imóvel. É uma escritura mesmo lavrada em cartório e registrado no registro de documentos. Não é o RGI, que é o registro de imóveis. Mas é o RTD. A Prefeitura emite um título, que é 280 mil. E o Vasco vai fazer a escritura de venda. O Vasco não é obrigado a vender tudo de uma vez só para alguém. Se eu quiser vender 1000 m² por mês, eu posso.
QUANTO VALE O M²?
- Difícil de responder porque depende muito da área que você está vendendo. A média, que estamos conseguindo, são R$ 2.200 por m². As opções que foram assinadas são um pouco menor do que isso, mas depende da área. Depende da quantidade. Se vier uma proposta da totalidade da compra pode fazer sentido dar um desconto, porque vai resolver o problema. Mas a média é essa.
- É (o Vasco é livre para dar desconto). Esse é o preço que o mercado pratica hoje por m² do Vasco, nas área que a gente opcionou. Temos áreas um pouco mais nobres, na orla da Barra, eventualmente o preço pode ser maior. Mas pode ser que seja menor. Tem uma variação. O Vasco é livre para negociar.
QUANTO O VASCO TEM VENDIDO DE POTENCIAL CONSTRUTIVO E QUANTO DÁ EM VALOR?
- O que a gente tem assinado de opção são 50 mil m². Se fizer uma conta de R$ 2.200 dá uns R$ 100 milhões e pouco mais ou menos. Trouxemos duas empresas especializadas em vendas. Acho importante falar, que são a Primais e a Lopez. A Primais tem um nicho mais boutique. É uma estruturadora de negócios imobiliários. E a Lopez é a maior imobiliária do Brasil, que ataca muito o varejo. Conseguimos mapear esses dois nichos. Desde que trouxemos esses parceiros aqueceu. Mas temos a percepção que quando tivemos o título na mão, as coisas vão acelerar. Quando sair a SPE, as coisas vão esquentar. Mas o que tem hoje é isso. 50 m² opcionados. Semana passada, eu enviei para duas incorporadoras duas minutas de contrato um pouco menores. Não é algo que vai resolver a vida, mas de 20 em 20 mil a gente vai conseguindo chegar ao valor final. Tem muito terreno na Barra sendo prospectado por incorporadoras, que precisam do potencial para serem incorporados.
- Não dá para dizer isso (que o Vasco tem na SPE, que ainda não foi criada, uma receita com a venda de R$ 100 milhões) porque não tem a escritura definitiva feita. A mesma lógica. Você vai comprar um imóvel. Assina o sinal. A diferença que o sinal que eles assinaram com a gente não tem dinheiro, porque a gente não tem a SPE, ainda não temos o dinheiro. É uma intenção de compra. Eles não podem desistir, assim como o Vasco também não pode. Mas tem algumas condições que precisam acontecer para que eles sejam obrigados a exercer. Algumas obrigações do Vasco, a principal delas é ter o título, o que vender. Algumas obrigações da parte das incorporadoras é se eles tiverem o terreno. Naturalmente, aprovação do projeto por parte deles, compra do terreno por parte deles. Aquela previsão que a gente tinha do início da obra no ano passado, decorreu disso. A gente tinha um contrato bem grande, que consumiria quase todo o potencial, já estava em versão final, mandamos para a incorporadora para subir para a assinatura e a incorporadora não conseguiu realizar a compra do terreno. Ela ainda está negociando esse mesmo terreno e pode ser que ela volte. Mas ela não realizou. A opção perdeu a validade.
COM ESSA COMPRA ENCAMINHARIA?
- Essa compra seria 70% do potencial todo. Estamos falando só nessa compra de 220 mil m².
QUAL O ORÇAMENTO DO ESTÁDIO?
- Não tem orçamento fechado pelo seguinte sentido: estamos com diversas consultorias avaliando o melhor aproveitamento econômico do estádio e a capacidade entra nessa avaliação. Isso impacta no valor da obra. Vamos fazer a obra mais barata possível. Vamos fazer um estádio bonito e funcional, que preserve as características do Vasco, a experiência Barreira do Vasco, vai ter coisa moderna e vamos perder alguns traços. Mas também estamos preocupados em manter a cerveja pós vitória, que gostamos de tomar no entorno. A experiência em São Januário se tornou turística. Semana passada eu recebi um pedido de 10 turistas alemães, que queriam vivenciar a experiência do samba com funk e jogo na Barreira. Essa pegada tradicional a gente não pode perder, dentro do possível. Fundamentalmente não tem valor ainda, porque a consultoria que contratamos não terminou o estudo. Vai demorar um pouco.
- Depende do estádio que você quer fazer (valor está dentro do potencial construtivo?). Dá para fazer um estádio com o valor do potencial. Mas talvez não dê pra fazer tudo o que a gente pensa. A gente pensa em fazer um estádio, um ginásio, tem as torres. Imagino que num mundo ideal seja necessário complementar o dinheiro e é por isso que a gente está desenhando soluções que prevejam essa complementação de financiamento.
POTENCIAL CONSTRUTIVO DO AUTÓDROMO ATRAPALHA?
- Atrapalha pouco porque as áreas coincidentes são pequenas. A maior parte das áreas que o Vasco pode ceder potencial não coincidem com as áreas do autódromo. Pouca (concorrência com autódromo). Tem um terreno na Barra que a gente concorre diretamente.
ESTÁDIO PODE SER CONSTRUÍDO NO VALOR DE R$ 600 A R$ 700 MILHÕES?
- É uma previsão factível.
O QUE É A TOKENIZAÇÃO DO POTENCIAL CONSTRUTIVO?
- Conversa com uma solução criativa e tecnológica. Fomos procurados por uma empresa de tecnologia. Estão fazendo um trabalho para uma empresa grande de tokenização imobiliária. Já existe no mercado. Acharam que era possível fazer a tokenização do potencial construtivo. Já assinamos com eles um contrato de intenção também. Todos os contratos, até o momento, foram assinados no êxito. Tirando da consultoria do advogado, que é um contrato sob demanda, a gente só paga se demandar o escritório. Todos os contratos e propostas que foram assinadas são no sucesso. A gente só paga se o projeto for para frente e tiver financiamento. Temos uma opção assinada com essa empresa, que tem um banco parceiro especializado em tecnologia. Se for possível sob o aspecto legal e, a Prefeitura está estudando para ver se é possível, mas acho que vai ser, a gente fazer uma primeira oferta teste. Se eu não me engano é uma oferta de 7 mil m², que daria mais ou menos R$ 15 milhões, para ver se o mercado absorve. Eu acho que vai absorver porque é uma forma de fazer a torcida participar. Qualquer produto que coloque na rua para a torcida do Vasco, que é a mais engaja do Brasil, acaba em três horas. A gente acha que tem uma possibilidade grande de tokenização por conta do engajamento da torcida. A possibilidade existe e é revolucionária no mercado. O Vasco seria bem pioneiro nessa tentativa. A grosso modo, a tokenização funciona assim: você quer comprar um imóvel, mas não tem grana para o imóvel todo. O token te permite que você compre um pedaço dele. Seria o mesmo racional para o potencial. Ao invés de pegar só uma incorporadora só, que tivesse que desembolsar R$ 15 milhões por 7 mil m², você pulverizaria isso entre diversas pessoas. Física ou jurídica. A compra do token não é vinculada a você ter um terreno e qualquer pessoa pode comprar. Como é uma coisa muito disruptiva, a gente quer fazer um teste para ver se vai rodar. Se o primeiro teste for positivo, a gente vai para a segunda rodada.
COMO FUNCIONARIA O FUNDO IMOBILIÁRIO E COMO SURGIU O BANCO GENIAL?
- A gente encara o projeto do estádio como um projeto de Estado e não um projeto de governo. Não é um projeto da gestão Pedrinho. Tudo que eventualmente já vinha sendo feito de outras gestões e, achamos que valeria à pena seguir, a gente seguiu. Por exemplo: o projeto é o do Sergio Dias, que apresentou ao Vasco em 1998. Teve um concurso que o Eurico ou o Calçada fizeram e o Sergio ganhou o concurso. Depois ele apresentou ao Campello, Salgado. Mudou bastante desde lá e a gente sugeriu alterações e continuamos sugerindo. Mas não trocamos o Sergio porque veio de outras gestões. Primeira vez que o Banco Genial apareceu foi na gestão Salgado. Fizeram duas reuniões. Assim que ganhamos a eleição fizemos reuniões com eles para manter contato. O Banco Genial também é responsável pela mesma estruturação do Parque Olímpico, que também tem potencial construtivo envolvido, e estão estruturando o autódromo. Eles têm expertise e estruturação nesse tipo de negócio. Durante um momento deu uma esfriada, chegaram a mandar uma proposta, mas não chegamos a um bom termo. Mas depois essa conversa foi retomada. Estamos em fase de troca de contrato. Qual é a ideia de fazer o Fundo? A Prefeitura impôs ao Vasco diversas garantias e o Vasco quis dar mais garantias que a Prefeitura pediu porque a intenção é profissionalizar. Quais as condições que a Prefeitura colocou? A SPE e a conta garantia. Queria um seguro, que poderia tonar inviável financeiramente. Eles entenderam. O que é isso? Esse dinheiro não iria para a conta do Vasco CRVG, iriam para uma conta administrada por um banco, que tudo indica que vai ser o Banco Genial. O Vasco vai ter acesso a 20% do dinheiro para começar a obra. E depois só tem acesso se a Prefeitura autorizar. Vamos na Prefeitura para mostrar que a obra está andando e a Prefeitura aciona o gatilho da conta e o administrador dessa conta permite que o Vasco tenha acesso ao dinheiro. Só que além disso, como eventualmente a gente entende que vai ter necessidade de financiamento, tanto para uma eventual complementação, mas para um ajuste no fluxo de caixa. O dinheiro da obra da compra do potencial tem que obedecer o fluxo da incorporadora. A incorporadora compra o terreno, faz o estudo, tira licença, faz lançamento, demora a receber o dinheiro do empreendimento que vai lançar daqui há cinco anos. Os pagamentos do potencial, em regra, serão parcelados. Pode ser que a gente faça um adiantamento disso. se a gente tiver outras receitas será mais fácil para fechar o descasamento de fluxo de caixa pequeno no tempo. O Fundo serve para dar mais governança, porque é regulado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), vai ter uma regulação direta, obrigações de transparência gigantes. Um comitê de gestão, onde o Vasco é majoritário. Se o Vasco chegar e falar que quer construir um estádio de R$ 3 bilhões, o Vasco pode. Mas vai ter alguém formalizando que isso é uma loucura. É um sinal de governança maior. E na última reunião que fizemos, surgiu a ideia que estamos tentando colocar de pé, de fazer uma oferta desse Fundo. Não é fácil viabilizar essa oferta. Estamos contratando advogados para ver se é viável. Mas viabilizar essa oferta temos um potencial de financiamento muito grande pelo seguinte. O que é uma oferta? Todo mundo que tem um dinheiro guardado tem algumas opções: bota o dinheiro na poupança, bota no CDI ou contra ação a Petrobrás. Se compra ação da Petrobrás está num Fundo. É mais ou menos isso. Comprar ações do Fundo CRVG. Achamos que faz sentido por diversas razões. Primeira: eventualmente você poderia ter lucros financeiros desse Fundo. Segundo: você cria empatia e pertencimento ao torcedor, porque tudo que a gente coloca na rua o vascaíno compra. Terceiro: você consegue contar uma história dos 100 anos de estádio, em 2027. Queria muito inaugurar em 27, mas não sei se será possível. Nosso compromisso é com a entrega, não só com a data. Mas o fato é que em 1927, o Vasco construiu o estádio com dinheiro dos vascaínos. 100 anos depois, os vascaínos também vão poder contribuir de uma forma mais moderna comprando cotas de um Fundo na bolsa. Teria essa história para contar. Quando a gente conversou sobre isso, o pessoal ficou com brilho nos olhos. A gente acha que pode ser a maior oferta de pessoa física na história do Brasil, mas repito: não sei se vai ser viável do ponto de vista jurídico. Tem que entender qual Fundo é possível fazer e se permite a oferta ou não. O banco junto com alguns advogados estão pensando. É uma coisa bem criativa e desafiadora. Como resultado tem um potencial muito grande, a gente está disposto a correr esse risco e pensar nessa solução.
- E a tokenização, que está até mais adiantada que o Fundo, na hipótese de criação do Fundo, ela vai para dentro desse Fundo também.
CAMAROTES, CADEIRAS CATIVAS E NAMING RIGHTS
- Vamos trazer um consultor comercial com o Banco Genial. Estamos conversando com players bem grandes no mercado tanto de show, quanto de venda de eventos e equipamentos comerciais. Essa consultoria vai ser responsável por organizar essa comercialização. Ela vai ser responsável por fazer a venda ativa do naming. Já recebemos algumas sondagens. Organizar a venda de camarotes. Para pessoas físicas a gente já recebeu muita sondagem. Se a gente lança amanhã já seria um sucesso de venda. Para cadeira também. E pensar em outras coisas. Desde vender tufo de grama a pedaço de rede e cadeira antiga. Naturalmente pensar na exploração do pós-obra. Naturalmente, essas receitas a gente conta com elas para construção do estádio, mas sabemos que vai depender de algumas menos e outras mais. O ideal é que isso passe por um novo acordo com a SAF. Numa perspectiva de uma nova venda, o novo sócio tem que compreender que a gente vai estar entregando um equipamento para ele moderno, com o dobro de capacidade e vai poder quintuplicar as receitas dele (SAF). Num cenário de nova venda, eu acho que é importante mostrar para o novo sócio que ele tem que ser parceiro nosso na construção do estádio. Parceiro em que sentido? Em dado momento, a gente poder usar essas receitas para terminar o pagamento da obra. Depois, com a obra finalizada, essa equação se inverter. É o que as consultorias tem mostrado para gente. Ter essa sinergia entre SAF, enquanto locatária, ou seja lá a relação que vai ter futuramente e CRVG, enquanto proprietário do estádio, os dois entendendo os seus papéis. O CRVG entendendo que tem que entregar uma obra, mas que é importante que entregue essa obra e tenha acesso a esse tipo de receita. E a SAF entendendo que o CRVG vai entregar um estádio mais moderno e rentável.
COMO DEVE FUNCIONAR A GESTÃO DO ESTÁDIO?
- A nossa gestão entende o estádio reformado como uma unidade de negócio. Uma coisa apartada do clube no sentido de ter alguém olhando só para o estádio. Não dá para você ter alguém olhando para Remo, Basquete, conta d'água, piscina e também pensar em potencializar o estádio. A gente enxerga São Januário como uma unidade de negócio. Partindo dessa premissa, na nossa cabeça, faz sentido que depois que a SPE morrer, ou seja, emitiu o habite-se, estourou a champagne, bebemos cerveja, estádio pronto para ser usado, vai ter uma empresa com presidente, CEO, diretores, diretor jurídico, de patrimônio, de engenharia, comercial, cujo objetivo será exclusivo pensar a gestão do estádio. Alguns clubes no Brasil fazem isso e a gente não está inventando a roda. Isso não existe no Vasco até hoje, uma pena, inclusive. Não dá para comparar com a SAF, porque ninguém está pensando em vender. É uma comparação que eu não gosto de usar para não criar cortes e fake news. Daqui à pouco alguém vai falar que eu quero vender o estádio. Nem de longe isso. Mas sim, criar um outro CNPJ, que fica embaixo do guarda-chuva do CRVG, mas que pudesse dar uma gestão profissional focada no estádio. Acho que não vai dar para desmembrar da SEP, porque ela natureza jurídica a SPE tem que morrer com o habite-se. Acho que a gente vai ter que passar por nova reunião no Conselho e nova Assembleia Geral para aprovar a empresa de criação do estádio. Vai ser um segundo momento, mas se a gente estiver na gestão com o estádio pronto, a nossa ideia é implementar isso.
CAPACIDADE DO ESTÁDIO E PROJETO
- Não vou falar que está 100% pronto porque a capacidade ainda não está definida, então não tem como falar que está 100%. Mas tem perspectivas de 43 a 57 mil. Sei que é um número muito extenso e a torcida reclama com razão. Mas é porque depende do estudo econômico que está sendo feito. O que vai definir? Temos uma conta mágica que fala assim: para você tornar esse estádio rentável, você tem que ter o ticket médio "x" e ocupação média no ano de 70%. Se tiver um estádio de 57 mil, esse número é mais difícil de atingir. Por outro lado, a gente sabe que a torcida do Vasco é muito engajada e talvez consiga atingir esse número. Não dá para correr o risco de fazer um estádio com 60 mil pessoas, que tenha 30 mil pessoas em média no ano. O estádio vai ficar deficitário e não é isso que a gente quer. A gente quer que o estádio seja uma mola propulsora do futebol e CRVG. A consultoria está fazendo o estudo para entender o custo de construção, que isso impacta. É o Sergio mais consultorias. O Sergio é o projeto arquitetônico, mas tem alguém fazendo contas dizendo para tirar ou botar camarote. Tem a discussão dos assentos, que a gente quer botar o máximo de assentos em pé, que conversa com a ideia de manter a experiência e clima. Impacta na questão da capacidade. A gente quer fazer a capacidade maior possível para que também possa mandar clássicos lá, jogos de competições internacionais, mas tudo dentro da responsabilidade que é que o estádio tem que dar lucro.
- Acho que vai depender muito do tempo que as consultorias levarem para dar os relatórios final. Mas não começa obra sem isso ser definido. Entendo a ansiedade, mas tem que ter gelo no sangue dentro do que é possível. Fazer com responsabilidade. Não podemos errar, mitigar o erro o máximo possível. É um estádio que pode ser um divisor de águas no Vasco. Tem o exemplo da SAF agora, que era para ter sido uma virada de chave. A gente errou na escolha do sócio e olha o que está acontecendo.
CRONOGRAMA PARA INÍCIO DAS OBRAS
- Eu acho arriscado começar a obra com o que se tem hoje. Mais um vez: a gente não quer começar a obra sem o mínimo de garantia. Se vender o potencial construtivo todo, eu vou afirmar aqui que começa em dezembro ou janeiro. No final do Campeonato. A gente fez uma oferta e captou R$ 500 milhões, botamos o naming na rua e botamos o naming de R$ 300 milhões. É um cenário. Mas não podemos ser irresponsáveis. Tudo o que envolve o Vasco envolve pressão, paixão, ansiedade da torcida, a gente sabe que ansiedade da torcida está em todos os aspectos. É função do gestor entender essa crítica, ansiedade e está tudo bem e certo. Mas não podemos tomar as decisões baseadas nisso. Temos que filtrar, entender que tem pressa nos trâmites, que estão andando, mas dentro de uma responsabilidade. Só olhar o exemplo de construção de outros estádios no Brasil, que demoraram muito mais. Tudo depende disso, das garantias financeiras que teremos. Mas estamos bem confiantes de que até o final do ano vai esquentar bastante.
- A intenção era inaugurar em 2027, mas não sei se vai ser possível. Isso vai depender da forma que a obra for feita. Não sei se é possível inaugurar parcialmente. Vemos vários exemplos de estádios no mundo que a obra foi faseada. Benfica foi assim, Bernabeu foi assim, Camp Nou foi assim, Bombonera parece que está. Monumental não me lembro se fechou totalmente. Depende da forma que for feita e da solução de engenharia que se der. Acho que o compromisso tem que ser entregar. É um projeto para os próximos 100 anos. É um projeto de Estado e não de governo. Se vai entregar em 2027 ou 2028, o importante é que a gente tenha esse estádio novo e ele esteja perene nos por mais 100 anos.
RECEITAS DO ESTÁDIO
- Isso vai depender do novo ajuste com o novo controlador. O que eu considero ideal? É que no início o CRVG tenha uma participação maior, porque vamos precisar de dinheiro para acabar a obra. A partir do momento que essa obra for sendo paga, essa receita vai se invertendo e no fim dessa história a SAF vai ter maior acesso à exploração do dinheiro. A forma de remuneração do CRVG pode ser com o aluguel maior negociado ou com uma parte da exploração. A SAF com 80% e o CRVG com 20%. Ou 90/10. Não daria pra falar só em faturamento, mas também resultado. O conceito é: é justo que o CRVG seja remunerado pela propriedade e, por outro lado, o estádio tem que atender ao futebol. O estádio tem que servir para também revolucionar o nosso futebol. O principal é o conceito de que CRVG e SAF precisam andar juntos. Foi mais um dos erros da venda da SAF como foi feita. Os dois perdem. As coisas têm que andar juntas, mas também entendendo os momentos. O CRVG vai precisar mais em dados momentos para acabar a obra. Talvez nem precise. Uma vez que o pagamento da obra for evoluindo, essa lógica vai se modificando e o fim dessa história é que maior parte da receita fique com a SAF. É o que eu acredito. Vai precisar de um novo ajuste contratual com o novo investidor.
ONDE FICARÁ O NOVO GINÁSIO?
- Aquele terreno em frente a São Januário é da União e é cedido ao Vasco. A gente contratou um escritório de advocacia para tentar fazer a regularização daquele terreno para ser em definitivo do Vasco. Se isso acontecer, há uma chance boa do ginásio ser lá. Se isso não acontecer e continuar o contrato de cessão, a gente vai ter que pedir autorização à União para construir o ginásio lá. Se também não for possível, vai voltar a ideia inicial de fazer o ginásio dentro da torre esportiva. Foi uma condição que o Pedrinho colocou ao Sergio Dias, de que tenha um ginásio para 4.000 ou 5.000 pessoas. Um ginásio apto para receber as maior parte dos grandes jogos do basquete e futsal. Não está definido o lugar, mas que vai ter. Hoje o projeto está assim (com a torre esportiva). Está previsto.
TRABALHADORES DE COMUNIDADES AO REDOR DE SÃO JANUÁRIO
- Por força de lei, 6% do valor arrecadado com o potencial tem que ser destinado às intervenções do entorno. Mais ou menos R$ 30 milhões a grosso modo. Na última reunião que fizemos com o Conselho Consultivo da Prefeitura apresentamos soluções do entorno. Dos 32 projetos complementares que estão escolhidos, cinco são do entorno. Inclusive, um viário. Incluindo a empresa que vai fazer o projeto viário fez o projeto da Olimpíada. É a melhor do Brasil. O Sergio que escolheu. Fiquei bem impressionado com o que eu vi na reunião, com o nível de evolução que tem para o entorno. Naturalmente, a Prefeitura é quem vai dar a palavra final. Vai passar por muito reordenamento urbano e via. A intenção é fazer uma espécie de um caminho à pé para determinados pontos de transporte. O Sergio fez essa conta e no máximo daria 10 minutos andando. A principal seria a estação do BRT Vasco da Gama, mas tem a estação Triagem de trem e metro. Alguns lugares de estacionamento, como a CADEG, Pavilhão de São Cristóvão. Alguns lugares de saída de massa. Passaria por aí. Em relação aos ambulantes, o que a Prefeitura fala é que quem está regularizado com alvará vai ter seu espaço preservado. É o que eu posso falar. Não sei se ali naquele lugar, mas certamente perto do estádio. Depende a intervenção que for feita na Avenida Roberto Dinamite.
TRABALHADORES JÁ PODEM SE INSCREVER PARA TRABALHAREM NA OBRA?
- Haverá. A lei fala que prioritariamente, os trabalhadores deverão ser oriundos das favelas. O cadastro não começou, até porque não tem nem construtora ainda, mas haverá.
QUAL A CONSTRUTORA?
- Existe conversa, mas a escolha da construtora necessariamente vai ser feita dentro da governança do Fundo. Quem vai contratar é a SPE, mas é que o Fundo também é solução de governança. O Fundo vai ter uma administradora, uma gestora, tem seu comitê administrativo. As contratações serão autorizadas pelo Fundo. Mais do que isso, quem estrutura as contratações é a comissão do Fundo. Tomada de preço e esse tipo de coisa. Para que não tenha nenhum estouro de orçamento. A SPE vai estar dentro do Fundo. CRVG como cotista, Fundo e SPE embaixo. A intenção é essa. Mas o Fundo não pode ser cotista da SPE. Por isso que a questão do Fundo é desafiadora. O Fundo passa por todas as ações da reforma.
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