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Apoiada em filme, Juciely dribla lesão por título da Superliga e 1ª Olimpíada

Com a ajuda de 'fisioterapeuta-psicólogo', central supera temporada de fortes dores após inflamação no joelho esquerdo e busca quinto troféu pelo Rexona em ano de chance única&nbsp;<br>

Volei - Rexona/Ades - Juciely (foto:Divulgação)
Após superar início de temporada com dores, Juciely tenta levar o Rexona ao seu 11 título (Foto: Divulgação)

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Gentil e discreta, apesar da importância que exerce no Rexona-Ades, Juciely pede alguns minutos de abraços nos familiares para comemorar a classificação do time à final da Superliga feminina de vôlei antes de dar entrevistas. Emocionada, a central quer compartilhar o momento com quem acompanhou seus sacrifícios. E a temporada atual reservou alguns.

Aos 35 anos, a mineira disputou o torneio com dores, reflexo de uma inflamação na inserção do tendão do joelho esquerdo sofrida ano passado. Para que ela adquirisse condições de jogo, a equipe médica do Rexona se desdobrou. Ainda que não considere estar 100%, a atleta é uma das apostas de Bernardinho para a decisão contra o Dentil/Praia Clube amanhã, às 9h, em Brasília.

A sorte é que ajuda não faltou. Fisioterapeuta da equipe, Guilherme Tenius, o Fiapo, não se limitou a tratar do aspecto físico, mas tentou mexer com o psicológico de Juciely. Como inspiração, ele usou o filme “O Curioso Caso de Benjamin Button”, em que o protagonista nasce com uma aparência envelhecida e fica mais novo conforme o tempo passa.

"Tive momentos frágeis, confesso. Achava que as dores não passariam nunca. Cheguei a desacreditar. Mas, com o tempo, o Fiapo reforçou aquela ideia na minha cabeça e eu mesma falei: a dor não me vencerá"

– Disse que ela faria a temporada como a vida do Benjamin Button: começaria mal fisicamente e acabaria bem. Foi o que aconteceu – contou ao LANCE! Fiapo, que acompanhou a atleta em longas sessões de fisioterapia após os treinos.

– O personagem começa cheio de problemas e só melhora. Eu me apoiei no que ele falou. Tive momentos frágeis, confesso. Achava que as dores não passariam nunca. Cheguei a desacreditar. Mas, com o tempo, o Fiapo reforçou aquela ideia na minha cabeça e eu mesma falei: a dor não me vencerá – disse Juciely, que tenta o quinto título no Rio, após vencer em 2011, 2013, 2014 e 2015.

O problema teve início ainda na Seleção Brasileira, no final do ano passado. Como Fabiana e Thaisa ganharam um descanso, Juciely assumiu a titularidade e não fez feio. Após a Superliga, o quadro será acompanhado pelos profissionais do time nacional, que mantêm contato direto com Fiapo. 

Em novembro, ela foi eleita pela Federação Internacional de Vôlei (FIVB) destaque da temporada. Antes, também ganhou os prêmios de melhor central do Grand Prix e do Campeonato Sul-Americano daquele ano. Nada mal para quem tentará disputar a sua primeira Olimpíada em agosto.

"É a última chance da minha carreira de fazer parte dos Jogos, mas será consequência do que eu fizer no clube" 

– Sei que é a última chance da minha carreira, mas será consequência do que farei no clube – afirmou, a jogadora, que perdeu os sete primeiros jogos do Rexona nesta Superliga por causa da lesão.

Bate-Bola
Juciely
Central do Rexona ao LANCE!

‘Eu dormia com muitas dores, mas queria ir para a quadra mesmo assim’

LANCE!: Qual é a sua situação física hoje após a lesão no joelho esquerdo?
Juciely: Está melhor, mas não zerada. Tenho de agradecer à comissão médica e à fisioterapia, porque cheguei ao time nesta temporada com uma dificuldade muito grande. Dormia com muitas dores, mas mesmo assim queria estar na quadra. Coloquei como meta que malharia pesado e fui evoluindo.

L!: Como fez para superar isso?
J: Venho de uma família muito forte, que me sustenta. Meu marido (Antonio Barreto) é professor de Educação Física e triatleta, e dá aulas de jiu-jitsu. É um faz tudo no esporte, só não joga vôlei. Está sempre nos meus jogos.

L!: Como vê a briga pela Rio-2016?
J: Minha posição é talvez a mais acirrada, pois há grandes jogadoras na disputa. Vou lutar para, de repente, conseguir uma oportunidade. Mas com a consciência de que não será fácil.

L!: Como é a relação com o Fiapo?
J: Ele é um cara de quem nós só ficamos próximas quando temos problemas físicos, mas acabamos desabafando. Então, ele vira quase um psicólogo.

Volei - Rexona/Ades - Juciely (foto:Divulgação)
Juciely recuperou aos poucos espaço no Rexona (Foto:Divulgação)

Com a palavra

A prioridade é evitar que a lesão se agrave

Guilherme Tenius
Fisioterapeuta do Rexona-Ades

A Juciely está conosco há algum tempo. Temos um conhecimento grande sobre ela fisicamente. Sabemos as lesões crônicas. Esta temporada, particularmente, foi mais difícil, pois houve muitas questões pequenas. Eu resolvia um problema e aparecia outro. Praticamente estivemos na fisioterapia o campeonato todo. Cansamos de ficar após o horário do treino no ginásio, com a luz apagada.

Ela não é nenhuma criança, joga em uma posição extremamente desgastante, pula o tempo inteiro, bloqueia, então requer cuidados. Com 35 anos, não pode treinar como uma menina de 20. O principal é darmos atenção no dia a dia, para não deixar a lesão se agravar. Já no psicológico, é mostrar que está tudo bem.

Em nenhum momento conseguimos curar o problema dela no joelho, mas felizmente o controlamos até aqui.

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