O Botafogo está fora do Campeonato Carioca e da Superliga masculina de vôlei. O presidente Nelson Mufarrej comunicou o desligamento do projeto nesta quarta-feira, em meio aos problemas financeiros, horas antes da semifinal do Estadual e dez dias antes da abertura do torneio nacional. O clube justificou a decisão por "racionalização financeira" e disse que ela poderá ser reavaliada no futuro, no caso de haver um patrocínio para a modalidade.
"O Botafogo de Futebol e Regatas comunica que não irá disputar o Campeonato Estadual Adulto de Voleibol e a Superliga - cuja participação estava condicionada à captação de recursos, que não foram obtidos. Em momento de racionalização financeira, o Clube tentou até o último instante reunir condições para viabilizar a equipe. Por conta da política de austeridade implementada, em que as modalidades dos esportes gerais com grandes investimentos devem se rentabilizar, o projeto precisou ser encerrado. O Botafogo lamenta ter que tomar essa decisão e sabe do choque para atletas, comissão técnica e torcedores, mas entende que esse é o posicionamento necessário em virtude da situação financeira vivenciada atualmente. O Clube está se mobilizando para resolver os problemas existentes e entende que o projeto do voleibol alvinegro poderá ser reavaliado e retomado dentro de uma nova realidade, mas sempre condicionados à obtenção de recursos próprios", disse o clube, em nota oficial.
A equipe entraria em quadra pelo Estadual nesta quarta, às 19h, contra Campos, em General Severiano, por vaga na decisão. Diante da ordem do presidente em cima da hora, o clube informou à Federação de Vôlei do Estado do Rio de Janeiro (FEVERJ) a desistência, para que o rival não perdesse a viagem. Com isso, o time do Norte Fluminense está na decisão, contra o Sesc-RJ.
A medida de Mufarrej não foi bem aceita pelos próprios jogadores, que ainda esperavam obter a garantia de patrocínio incentivado. Havia negociações avançadas com a Ambev. O Botafogo conseguiu aprovar um projeto por meio de isenção de Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no valor de até R$ 5 milhões e esperava fechar com a empresa para pagar os salários de jogadores e comissão técnica. A folha do elenco estava entre R$ 90 mil e R$ 100 mil mensais. O problema é a burocracia. Uma vez acertado um acordo do tipo, seria preciso esperar entre 45 e 60 dias para começar a obter a verba.
O levantador Pedro Teles e os ponteiros Hugo e Leozinho deixaram o grupo em meio à indefinição e assinaram com outros times. Mas os que ficaram, como o central Riad, o oposto Lorena e o líbero Filipe, estavam dispostos a jogar sem receber pelo menos neste momento, na esperança de uma solução.
Os responsáveis pelo projeto, que teve início em 2015, desejavam convencer o presidente a prolongar ao máximo o prazo. Mas estavam cientes de que teriam de aceitar a palavra do superior.
O LANCE! apurou que a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) admite a possibilidade de realizar a Superliga, que começa no dia 9 de novembro, com apenas 11 equipes. Se houver algum interessado em pegar a vaga, a entidade avaliará a situação, mas o prazo curto dificulta o planejamento de outros times. O Caramuru (PR), 11º colocado na última edição, é o principal candidato a ocupá-la, caso tenha condições financeiras.