Sábado, 1 de junho de 2019, em Katowice, da Polônia. Leal nunca mais esquecerá dia e local. O ponta cubano naturalizado brasileiro estreou pela Seleção na vitória de virada sobre a Austrália por 3 sets a 2, parciais de 32-34, 25-16, 25-19, 27-29 e 15-13.
Depois de um longo processo de quatro anos, entre naturalização e quarentena obrigatória exigida pela Federação Internacional (FIVB) para defender uma segunda bandeira, Leal foi escalado no lugar de Lucarelli, maior pontuador na estreia na Liga das Nações, diante dos Estados Unidos, na sexta-feira.
Foram 14 pontos marcados: quatro no primeiro set, três no segundo, quatro no terceiro, mais dois no quarto (foi substituído no fim por Lucas Lóh) e um no tie-break.
Aos 30 anos, Leal deve ter sentido aquele frio na barriga dos juvenis estreantes em uma seleção adulta. Tanto que os primeiros movimentos não pareciam tão naturais. Recebeu a primeira bola de Cachopa no terceiro ponto e foi defendido pelos australianos. O mesmo aconteceu na segunda vez e o bloqueio o parou na terceira. O primeiro ponto saiu para empatar o jogo em 11 a 11, explorando o bloqueio. Logo na sequência, foi para o saque e fez um ace. Apareceu ainda no bloqueio para dar o set point (25-24), mas viu a Austrália virar e sair na frente.
Enquanto Leal ainda se acertava com Cachopa, ex-companheiro no Sada/Cruzeiro, Douglas Souza deitava e rolava. Ele terminou os dois primeiros sets com 100% de aproveitamento no ataque, algo raríssimo no cenário internacional. Foram 12 pontos em 12 bolas recebidas, ajudando bastante para o empate brasileiro ao vencer a parcial por fáceis 25 a 16.
E o cenário foi mantido no terceiro set. A Austrália não conseguia mais virar os ataques com facilidade. O sistema defensivo brasileiro se arrumou, o bloqueio passou a tocar mais nas bolas e o esperado domínio da Seleção foi imposto. Menção mais do que honrosa para Flávio, outro estreante como titular, com cinco pontos de bloqueio na partida em um total de 16.
A presença de Leal, conhecido mundialmente pela potência do ataque, cria um cenário interessante para a distribuição das bolas pelos levantadores brasileiros. O oposto Wallace, bola de segurança da Seleção em boa parte desta década, não precisará ser mais sobrecarregado. Neste sábado, ao fim do terceiro set, por exemplo, ele tinha recebido 20 ataques, exatamente o mesmo número de Leal. Vai colocar a partir de agora uma interrogação nos adversários ao estudar o jogo brasileiro.
No passe, ele teve momentos de oscilação, assim como a linha brasileira como um todo. No quarto set, por exemplo, Walker fez uma passagem com quatro aces seguidos, reabrindo o confronto que já parecia definido. Marcelo Fronckowiak, que substituiu Renan Dal Zotto, suspenso, usou Lucas Lóh para tentar corrigir o problema. Mas a Austrália mostrou poder de reação e forçou o tie-break.
No set decisivo, os empolgados australianos abriram frente de 5 a 2 e seguiram no comando do placar graças aos erros do Brasil no contra-ataque. No 10 a 7, Fronckowiak pediu tempo e a Seleção reagiu, na passagem de Maurício Souza pelo saque. O bloqueio apareceu com três pontos para fechar em 15 a 13, com Flávio sendo decisivo.
Walker e Richards foram os maiores pontuadores da partida, com 21 cada. Wallace veio a seguir com 20. Sobre Leal, ele ainda tem muito a evoluir nesta Liga das Nações em todos os fundamentos.
Neste domingo, ao meio-dia, o terceiro compromisso do Brasil na primeira etapa da VNL é o mais esperado: reencontro com a Polônia, algoz brasileira na final dos últimos dois Campeonatos Mundiais. E não será desta vez o encontro entre Leal e Leon. O cubano naturalizado polonês não está inscrito nesta etapa da Liga das Nações.