Fluminense reestrutura olímpicos e caminha para patrocínio máster no vôlei
Após brigar contra o rebaixamento, Tricolor renovou o elenco para a Superliga feminina e começa a colher frutos. Nesta sexta-feira, equipe enfrenta o Brasília com público em casa<br>
O Fluminense entra em quadra nesta sexta-feira, às 19h, nas Laranjeiras, para enfrentar o Brasília Vôlei, em busca da primeira vitória na Superliga feminina. No dia do retorno de sua torcida, ainda que em capacidade limitada a 50% do ginásio, por ordem de chegada e mediante apresentação do esquema de vacinação em dia, a equipe Tricolor espera mostrar a cara de um projeto reestruturado, planejado nos mínimos detalhes e com ambições cada vez maiores.
Após brigar contra o rebaixamento na última edição do torneio, em uma temporada comprometida pelos efeitos da pandemia da Covid-19, o clube tirou do papel o plano de um elenco alto, jovem e veloz. A média de idade do grupo é de 23,8 anos.
Hoje tem Fluminense X Brasília às 19h nas Laranjeiras, pela segunda rodada da Superliga Feminina de #vôlei. Um dos destaques do Tricolor é a levantadora Bruninha, que falou com o @lancenet @lance_esportes sobre a identificação com o clube. pic.twitter.com/WdeB1fU3GG
— Jonas Moura (@jonaslmoura) November 5, 2021
Para tanto, a diretoria buscou no mercado atletas e empresas alinhadas com a proposta, efetivou o técnico Guilherme Schmitz, ex-assistente de Hylmer Dias, que deixou o time, e reformulou toda a comissão técnica.
Três novos patrocínios já foram anunciados, e o próximo passo é fechar com um parceiro máster. O clube confirma que tem conversas avançadas com algumas empresas, mas ainda não revela nomes.
A ideia é que a união dos novos apoiadores sustente o time de vôlei e os esportes olímpicos, sem que seja necessário investir um centavo sequer do futebol na modalidade.
Os dirigentes apostam que o grupo atual é o mais qualificado dentre todos os elencos do Flu montados até hoje na era da Superliga. Primeiro campeão nacional da história, em 1976, e bicampeão em 1981, quando o torneio era chamado de Campeonato Brasileiro, o Tricolor retornou à elite do vôlei na temporada 2016/2017 e, desde então, o melhor resultado foi o sexto lugar, em 2017/2018, um posto acima em relação ao primeiro ano.
O clube também faturou o título do Campeonato Carioca de 2016, ao bater o Rexona, atual Sesc RJ Flamengo.
- Começamos a projetar a nova equipe no dia seguinte ao último jogo da Superliga. Estamos sempre correndo atrás de novos patrocinadores. A todo instante isso é possível. E estamos caminhando para mais um. Hoje, contamos com Testfy (costas), DMC Remoções (manga), Promotional Travel (short), RentV e o CBC (Comitê Brasileiro de Clubes), que nos beneficia com as despesas de hospedagem na competição - explicou João Mandarino, diretor de Esportes Olímpicos do Fluminense, ao LANCE!.
MUDANÇA DE GESTÃO E NOVO CONCEITO
Entre 2017 e 2019, o vôlei tricolor contou com R$ 3 milhões de patrocínio da Tim por meio da Lei de Incentivo ao Esporte do Estado do Rio de Janeiro, mecanismo em que a empresa pode investir em projetos esportivos, em vez de pagar Imposto Sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS).
Porém, o apoio foi encerrado, após o clube enfrentar dificuldades no gerenciamento da parceria, que envolve diversos trâmites burocráticos.
Coube a Mandarino, professor universitário, Mestre em Gestão Esportiva e especialista em patrocínios incentivados, coordenar as ações dos esportes olímpicos do Fluminense para que o maior projeto da pasta, a equipe de vôlei, não fosse encerrada por falta de recursos. O clube é dos maiores do Brasil na formação de atletas, com diversos títulos nas categorias de base.
Apaixonado pela modalidade, Mandarino chegou ao Fluminense em 2019, com o elenco já formado, observou o terreno e se consolidou como o apoio que o vice-presidente de olímpicos, Márcio Trindade, precisava. O quadro de gestores conta ainda com Marcelo Roter, diretor de vôlei.
No ano passado, devido à pandemia, o time por pouco não ficou fora da Superliga por falta de patrocínio. De última hora, o Flu conseguiu viabilizar a contratação da campeã olímpica Mari, que sofreu com problemas físicos, mas chegou à reta final em condições de ajudar a equipe a evitar o rebaixamento.
- A pandemia prejudicou toda a preparação. Mas este ano fomos cedo ao mercado, na frente da maioria dos clubes, e fizemos boas aquisições. Houve uma mudança de conceito na equipe, com melhorias de estrutura e uma reformulação geral. Queríamos uma equipe jovem, alta e rápida, que aproveitasse os talentos da casa. Estamos confiantes - afirmou Mandarino.
PRATAS DA CASA ROUBAM A CENA
Os destaques que chegaram ao Tricolor são as levantadoras Bruninha, campeã da Superliga 2018/2019 com o Minas e que defendeu Curitiba no ano passado, e Fran, ex-Blumenau; as opostas Bruna Moraes, que estava na Coreia do Sul, e Kimberlly, ex-Pinheiros; as ponteiras Gabi Cândido, ex-Osasco, e Paula Mohr, ex-Brasília; e as centrais Lara, que estava no Minas e voltou às Laranjeiras após duas temporadas, Dani Seibt, ex-Barueri, e Lays, ex-Curitiba. O time apresenta nesta sexta-feira a ponteira americana Jada Burse, que veio do vôlei universitário.
Das remanescentes, duas pratas da casa estão brilhando neste início de temporada: a ponteira Mayara Barcelos, de 20 anos, e libero Letícia Moura, a Lelê, de 18 anos.
- Estou no Fluminense há nove anos e agora é meu primeiro como titular. Estou muito feliz com a oportunidade. As meninas estão sempre me ajudando e estamos trabalhando super bem - celebra Lelê, eleita a melhor líbero do Sul-Americano sub 18, em 2018.
Ela conta que sua preferência quando criança era pelo futebol, mas de tanto acompanhar os treinos da irmã mais velha, Júlia Moura, ex-Flu e hoje no Valinhos, acabou se apaixonando pelas quadras.
- Ela começou quando eu tinha oito anos. Era apaixonada por futebol, mas dedici começar no vôlei por causa dela e as portas foram se abrindo. Penso em chegar a uma Seleção adulta - disse a atleta, que tem Fabi como inspiração.
A estreia do Fluminense na Superliga foi de tirar o fôlego. O Tricolor perdeu para o Osasco/São Cristóvão Saúde no tie-break, no sábado, após a oposta Bruna Moraes sofrer uma lesão em um dedo da mão esquerda. Ela teve de deixar a quadra, mas passou a semana em tratamento e treina com proteção.
Antes, as comandadas de Guilherme Schmitz ficaram com o vice-campeonato carioca, em que protagonizaram uma final de alto nível com o Sesc RJ Flamengo. A série teve uma vitória para cada lado, e as comandadas de Bernardinho asseguraram a conquista no Golden Set.