Fora das quadras, Gabi investe em ‘carreira’ nova e foca no retorno
Em recuperação de cirurgia no joelho direito, ponta se dedica à fotografia enquanto não pode defender o Sesc-Rj na Superliga. Ela não vê Brasil como favorito no novo ciclo olímpico<br>
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No processo de maturação de um atleta de alto rendimento, esperar é uma arte quando se trata de lesões. E é inspirada por outra arte que Gabi tem buscado driblar um dos momentos mais delicados da carreira, aos 23 anos.
Nesta sexta-feira, a ponteira do Sesc-RJ será apenas uma torcedora na estreia da equipe de Bernardinho em casa na Superliga feminina de vôlei, contra o Hinode Barueri, às 21h30 (de Brasília), no Tijuca Tênis Clube, pela segunda rodada. Mas deverá estar com uma câmera nas mãos.
Em recuperação de uma cirurgia no joelho direito realizada no dia 25 de setembro, a atacante tem dedicado o tempo livre para desenvolver as habilidades fotográficas. É até um plano para a carreira pós-quadras. Apesar de antigo, o hobby ficou de lado nos últimos anos em meio a convocações para a Seleção e cinco títulos do torneio nacional.
– Sempre gostei, mas neste ano é que comecei a investir um pouco mais e comprei as câmeras. Quando tem evento da equipe, eu vou fazer fotos. As meninas dizem que sou a fotógrafa do time. Sempre aproveito as oportunidades para usar a máquina – contou a jogadora, ao LANCE!.
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A mineira, que se consolidou como principal nome do elenco desde a saída de Natália para o Fenerbahçe (TUR) no ano passado, só deve retornar em janeiro. Ela teve tendinite crônica do tendão patelar ainda na Superliga passada, mas a comissão técnica do clube tentou evitar a operação.
"Gosto de fotografia e aproveito para fazer cursos na internet. Tenho as câmeras e aproveito para aprimorar. Vejo o trabalho de fotógrafos pela internet e tento buscar outro caminho"
O tratamento conservador não resolveu, e a cirurgia foi inevitável. A atleta chegou a ser convocada para o Grand Prix este ano, mas não apresentou boas condições de jogar.
– Por um lado me ajudou. Se eu não vinha sendo uma jogadora tão efetiva para a equipe por causa das dores, ajudei de outras formas, no fundo de quadra. Mas foi bem difícil. É muito ruim jogar com dor. Estou triste por ter operado, mas feliz de pensar que daqui para frente a situação será diferente – disse a atleta.
Com 1,80m, Gabi é esperança da Seleção Brasileira no ciclo olímpico até os Jogos de Tóquio-2020. Na Olimpíada do Rio, ano passado, foi reserva e sentiu uma dor também marcante: eliminação em casa para a China nas quartas de final.
Ciente da responsabilidade que terá nos próximos anos, ela se diz motivada, mas consciente de que o cenário internacional não será tranquilo para as brasileiras.
– Estamos em busca, mas não somos favoritos. Se for apontar um, diria a China, com a Ting Zhu – analisou Gabi, em referência à melhor jogadora da Rio-2016.
Sesc: o time ‘asiático’ da Superliga
Acostumado a brilhar mais pelo conjunto da obra do que por valores individuais, o Sesc-RJ de Bernardinho tem uma missão ainda mais dura na temporada. Com a saída da Unilever do grupo de patrocinadores, o time foi abraçado pelo Sesc e manteve-se competitivo, mas com atletas baixa estatura.
O elenco brinca com o fato e tenta se superar, como conta a ponta Gabi.
– Brincamos internamente que teremos de ser asiáticas. É um time de baixinhas na Superliga, que terá de defender para caramba, subir muita bola e incomodar – disse a atacante.
Na equipe titular, a ponteira Drussyla é a mais alta, com 1,86m. Curiosamente, a segunda na lista é a levantadora Roberta, de 1,85m, em uma posição que costuma ter as atletas mais baixa dos times. As centrais Juciely e Mayhara aparecem com 1,84m. A oposto Monique tem 1,78m, e a ponta Gabi Guimarães, que substitui Gabi, é a mais baixinha das jogadoras de rede, com apenas 1,70m.
Gabi descarta favoritismo, apesar da tradição do clube. O Rio é o maior campeão da Superliga, com 12 taças.
– Não temos uma jogadora que faça a diferença, mas são atletas competentes. Não somos as favoritas, mas vamos incomodar muita gente – diz.
Multicampeões travam embate
Além de reunir dois candidatos ao título da Superliga, a partida entre Sesc-RJ e Hinode Barueri marca o reencontro entre os técnicos Bernardinho e José Roberto Guimarães, que comandaram as Seleções Brasileiras nos últimos quatro ciclos olímpicos.
A última vez que eles se enfrentaram foi na semifinal da Superliga 2013/2014, quando o time do Rio bateu o extinto Vôlei Amil, de Zé, que depois ficou fora de clubes. A equipe de Campinas foi desligada com a saída de seu patrocinador, e o comandante preferiu se dedicar só à Seleção até a Olimpíada do Rio.
BATE-BOLA
Gabi
Ponteira do Sesc-RJ, ao L!
‘Vou trabalhar a cabeça para a fase final’
Como tem sido a experiência de ficar fora dos jogos?
É uma experiência nova, de torcer e não poder participar como eu gostaria. O time não está entrosado ainda. Há caras novas, e a Mayhara como titular. E venho sendo muito bem substituída por outra Gabriella Guimarães, que joga muita bola. Ela vai me substituir à altura ou até melhor, e tem a Kasiely sempre preparada. Vou trabalhar a cabeça de uma forma diferente para quando eu voltar, provavelmente no segundo turno, em uma fase mais importante, conseguir estar 100%.
E fora das quadras?
Não tive muito o que fazer. Gosto de fotografia e aproveito para fazer cursos na internet. Tenho as câmeras e aproveito para aprimorar. Vejo o trabalho de fotógrafos pela internet e tento buscar outro caminho. Assisto a séries, que são um vício grande, e recebo vistas em casa.
A Seleção começou o ano sob desconfiança, mas levou o Grand Prix e a prata na Copa dos Campeões. O que está achando deste grupo?
Muita gente duvidou da Seleção, o que é normal. Há uma renovação. As grandes jogadoras saíram. Há altos e baixos, mas atletas que nunca haviam defendido a equipe antes surpreenderam. Rosamaria e Drussyla jogaram muito bem. A Gabiru, agora como líbero, também. Em 2018, tem Mundial, um título que o Brasil não tem. Nós iremos fortes.
QUEM É ELA
Nome
Gabriela Braga Guimarães
Nascimento
19/5/1994 - Belo Horizonte (MG)
Posição
Ponteira
Altura e peso
1,80m/60kg
Conquistas
Tricampeã do Grand Prix (2013, 2014 e 2016); bronze no Mundial de 2014; pentacampeã da Superliga com o Sesc (2012 a 2017).
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