Superliga de vôlei inicia com invasão estrangeira e expõe lacuna no Brasil
Com 16 jogadoras do exterior em nove das 12 equipes, torneio evidencia a valorização do país lá fora e, ao mesmo tempo, liga alerta sobre carência de opções no mercado nacional
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A invasão das estrangeiras na Superliga feminina de vôlei não tem fim. A cada ano, o torneio, bem como no naipe masculino, atrai mais jogadoras do exterior, e não será diferente na edição 2018/2019, que começa nesta terça-feira, com a partida entre Pinheiros e o atual campeão Dentil/Praia Clube, às 21h30 (de Brasília), no Ginásio Henrique Villaboin, em São Paulo.
O duelo de abertura, antecipado da sexta rodada do turno devido à participação do time de Uberlândia no Mundial de Clubes, entre 4 e 9 de dezembro, em Shaoxing (CHN), já será uma oportunidade de o público presenciar quatro das atrações.
O time mineiro renovou com a oposto Nicole Fawcett e trouxe a levantadora Carli Lloyd, ambas americanas. Já equipe da capital paulista contratou as ponteiras/opostos Herrera, cubana, e Kelsie Payne, dos Estados Unidos. Ao todo, serão 16 estrangeiras, um recorde na Superliga, de dez nacionalidades, em nove dos 12 times. Cada um só pode relacionar duas para o campeonato, de acordo com as regras da Confederação Brasileira de Vôlei (CBV).
– Joguei aqui outras quatro temporadas e sempre fui feliz. Gosto do trabalho físico que fazem no Brasil e achei uma boa oportunidade para eu voltar ao meu melhor jogo, após o nascimento de meu filho Chris – contou Herrera, ao L!.
O número aumentou em relação à temporada passada. Na ocasião, o torneio teve 11 atletas de outros países. A quantidade de clubes que recorreram aos serviços das “gringas” subiu. Antes, eram sete.
O mundo reconhece a qualidade do vôlei brasileiro, e este é um fator que atrai jogadoras de diversos cantos do planeta. Se a situação econômica não ajuda, a oportunidade de trabalhar com um Bernardinho, do Sesc RJ, ou um José Roberto Guimarães, do Hinode Barueri, compensa o lado financeiro.
– Realmente, os times no Brasil pagam menos do que em outros países. Mas, para mim, a experiência que terei aqui é o mais importante – disse a ponteira/oposto Tatyana Kosheleva, campeã mundial com a Rússia em 2010 e principal reforço do Sesc RJ para a Superliga.
Ao mesmo tempo, o cenário mostra que, para acompanharem o alto nível do torneio, as equipes preferem recorrer ao exterior, o que liga o alerta para convocações futuras. Bicampeão olímpico, em Londres-2012 e Pequim-2008, o Brasil foi apenas o sétimo colocado no último Mundial.
– Acho que é algo normal, fisiológico e varia de acordo com as gerações. O Brasil tem muitos talentos, mas precisa de tempo para reunir jogadoras fortes. Tem muitas meninas novas aqui – disse a italiana Valentina Diouf, de 2,02m, contratada pelo Sesi Vôlei Bauru, time patrocinado pela entidade que, nos últimos anos, evitou contratar estrangeiras, mas acabou seguindo a tendência.
Na avaliação de Zé Roberto, o problema da carência de brasileiras no mercado para atender à demanda de clubes cada vez mais fortes é uma realidade, mas deve ser analisado por outro ângulo, que não o da limitação das estrangeiras.
– Vejo o aumento como normal, tendo em vista a quantidade de jogadoras no mundo hoje. Os Estados Unidos, por exemplo, têm 264 atletas atuando em outros países nesta temporada. Os times no Brasil estão fazendo um pouco de sacrifício financeiro para trazê-las e, assim, melhorar o seu nível e o do campeonato. Vejo com bons olhos a migração, que engrandece as diferentes escolas quando as atletas trazem seu “know-how”. Sou favorável ao aumento do limite de estrangeiras por time para três – afirmou Zé Roberto.
Nos últimos anos, o tricampeão olímpico vem alertando para o problema da renovação no Brasil. Por isso, defende que o país siga o modelo italiano, país que investe há duas décadas no crescimento de jovens com um projeto bem-sucedido e colhe frutos nos torneios mais prestigiados do calendário.
A solução foi manter a promissora geração de Paola Egonu, uma das melhores atacantes do mundo na atualidade, unida em uma mesma equipe. Fundado em 1998 pelo então diretor esportivo da Federação Italiana, o argentino naturalizado italiano Julio Velascoco, o Club Itália, sediado em Roma, mostra que é possível colher frutos. E Zé luta para fortalecer a ideia no Brasil.
O objetivo da iniciativa era dar a chance para as jovens jogadoras enfrentarem as principais equipes do país em competições adultas, e não apenas dentro das categorias de base.
Com o tempo, Egonu, Danesi, Chirichella e companhia ganharam maturidade e entrosamento. Hoje, jogam de igual para igual contra as maiores seleções do planeta. No Mundial deste ano, a Itália foi vice-campeã, após perder a decisão para a Sérvia. No Brasil, por outro lado, a redução de investimentos faz com que o intercâmbio nas categorias de base seja a cada ano menor.
– Nós poderíamos tentar seguir na nossa Superliga o exemplo da Itália. Pegar um grupo de nomes talentosos e dar a oportunidade de disputarem o campeonato, como um Clube Brasil. Hoje, nossas juvenis, algumas com 1,90m ou mais, voltam das Seleções para o clube e são banco, o que não dá continuidade ao processo de crescimento. A CBV é favorável (à iniciativa do clube), mas as equipes precisam ser. Além disso, tem de haver patrocínio – completou o técnico, que se mostra disposto a levar a ideia adiante:
– Eu cederia, por exemplo, a Tainara (juvenil do Barueri) sem problema nenhum para um Clube Brasil. Seria bom para ela e para o futuro do esporte.
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Apenas três equipes da Superliga feminina inscreveram elencos sem jogadoras estrangeiras: Minas Tênis Clube, Fluminense e o estreante Balneário Camboriú, de Santa Catarina, que era sediado em Londrina (PR) e conquistou a vaga na elite após chegar à final da Superliga B.
Os dois primeiros são reconhecidos como alguns dos principais clubes formadores do país na modalidade, mas a opção por montar elencos 100% brasileiros não está vinculada ao fato. Na edição passada, o time mineiro tinha duas americanas: a oposto Hooker e a ponta Newcombe. O Tricolor trouxe a ponta grega Eva na edição 2016/2017, quando estreou na Superliga.
– Há uma entressafra no Brasil. Não tem jogadora para todos os clubes, e é normal que equipes de maior investimento busquem atletas fora para preencher a lacuna. Hoje, estão surgindo novas jogadoras. As Seleções de base trabalham essas meninas para tentar, no futuro, suprir essa carência, para inseri-las nesse contexto dos times adultos – disse Hylmer Dias, técnico do Fluminense e com larga experiência em categorias de base, ao L!.
AS EQUIPES
Dentil/Praia Clube
Titulares: Carli Lloyd (EUA), Fernanda Garay, Fabiana, Nicole Fawcett (EUA), Rosamaria, Carol e Suelen (L).
Reservas: Ananda, Ellen, Michelle Pavão, Fran, Paula Borgo, Gabriela, Laís e Bruna.
Técnico: Paulo Coco
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Sesc RJ
Titulares: Roberta, Kosheleva (RUS), Bia, Monique, Drussyla, Juciely e Gabiru (L). Reservas: Carol Leite, Kasiely, Mayhara, Yonkaira Peña (DOM), Natiele, Linda Jéssica, Vitória e Mikaella.
Técnico: Bernardinho
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Minas Tênis Clube
Titulares: Macris, Natália, Mara, Bruna Honório, Gabi, Carol Gattaz e Léia (L).
Reservas: Bruninha, Malu, Lana, Mayany, Geórgia, Luana e Ciça.
Técnico: Stefano Lavarini
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Osasco/Audax
Titulares: Claudinha, Mari Paraíba, Walewska, Hooker (EUA), Leyva (PER), Nati Martins e Camila Brait (L).
Reservas: Carol Albuquerque, Lorenne, Paula Pequeno, Domingas, Vivi, Natasha, Zeni e Kika.
Técnico: Luizomar de Moura
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Hinode Barueri
Titulares: Dani Lins, Elina Rodriguez (ARG), Thaisa, Skowronska (POL), Amanda, Milka e Natinha (L).
Reservas: Juma, Sara Dias, Maira, Lays, Vivian, Tainara e Jacke Moreno.
Técnico: José Roberto Guimarães
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Fluminense
Titulares: Giovana, Thaisinha, Lara, Joycinha, Pri Daroit, Letícia Hage e Sassá (L).
Reservas: Ju Carrijo, Arianne, Carla, Larissa, Marcella, Sanabio, Júlia Moura, Vivian Lima, Teny e Carol Won-Held.
Técnico: Hylmer Dias
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Pinheiros
Titulares: Lyara, Clarisse, Camila Paracatu, Mari Cassemiro, Herrera (CUB), Roberta e Juju Perdigão (L).
Reservas: Fran, Kelsie Payne (EUA), Aline, Pietra, Lorrayna, Letícia e Amanda.
Técnico: Sérgio Negrão
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Sesi Vôlei Bauru
Titulares: Fabíola, Vanessa Janke, Valquíria, Valentina Diouf (ITA), Palácio (CUB), Saraelen e Tássia (L).
Reservas: Naiane, Tifanny, Edinara, Andressa, Arlene, Gabi Cândido, Saraelen, Glayce, Iarla e Kimberly.
Técnico: Anderson Rodrigues
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São Cristóvão Saúde/São Caetano
Maria Alejandra (COL), Tomé, Dayse, Dayana Segovia (COL), Sonaly, Fê Isis e Andressa (L).
Reservas: Ana Flávia, Diana, Kisy, Gabi Pontes, Karina, Milena, Nayra, Duda, Letícia Scherer e Paulina.
Técnico: Antônio Rizola
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BRB/Brasília
Titulares: Diana, Natália Fernandes, Mimi Sosa (ARG), Renatinha, Neneca, Angélica e Dani Terra (L).
Reservas: Mari Barreto, Natália Gonçalves, Fê Campos, Duda e Dudinha.
Técnico: Hairton Cabral
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Curitiba Vôlei
Titulares: Ana Cristina, Isabela, Julieta Lazcano (ARG), Sabrina Machado, Pri Souza, Mariana Aquino e Ju Paes (L). T: Clésio Prado
Reservas: Mariana Galon, Elis, Talia, Valeskinha, Vivi, Wime e Aninha.
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Balneário Camboriú
Titulares: Pri Heldes, Paula Mohr, Adri, Ariane, Ivna, Ana Guth e Silvana (L).
Reservas: Rosane, Laysa, Ariele, Raquel Loff e Jú Odilon.
Técnico: Maurício Thomas
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