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Bahia usará camisa 24 em campanha contra homofobia nesta terça-feira

Pelo respeito e dignidade humana, clube faz ação com número tabu no mundo do futebol e faz crescer discussão a respeito da garantia de direitos individuais no Brasil

Bahia Homenagem
imagem cameraBahia fará ação contra homofobia nesta terça-feira e volante vestirá a camisa 24 (Foto: Reprodução/Twitter)
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Lance!
Salvador (BA)
Dia 28/01/2020
16:14
Atualizado em 28/01/2020
16:37

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Nesta terça-feira, o volante Flávio, do Bahia, entrará em campo vestindo a camisa 24. Essa ação singela é um audacioso passo na luta contra a homofobia no futebol brasileiro encampada pelo clube, que desde 2018 está na linha de frente de uma corajosa campanha contra preconceitos como o machismo, o racismo e a homofobia.

O esforço acontece para debater o respeito no futebol e discutir um símbolo dessa agressividade em torno do número 24 entronizado com o lançamento do jogo do bicho, em 1892, como o "número do veado", animal associado pejorativamente à homossexualidade. Historicamente, o número não existe nos uniformes de futebol masculino numa manifestação implícita de discriminação.

A omissão não acontece só no futebol. Em 2015, o gabinete nº 24 foi suprimido no Senado Federal e transformado em 26 sem qualquer explicação. Ambiente predominantemente masculino, com baixa representatividade, o fato destacou a institucionalização do preconceito. Com a troca de mandato, em 2019, a sequência das salas retornou à numeração normal.

Em setembro de 2019, o Bahia divulgou manifesto a favor da igualdade e respeito, dividindo seu público entre apoiadores e críticos:

"Diversas camadas de compreensão nos conduzem à conclusão de que futebol e sociedade se misturam. Portanto, não há equívoco em compreender nossas virtudes, limitações e desafios sociais a partir do futebol. No panorama social, a homofobia nos estádios é apenas uma pequena expressão do que acontece fora deles. A homofobia mata, oprime, deprime e provoca muitas feridas. Talvez essa realidade explique o afastamento das pessoas LGBTQI do ambiente do futebol"

O jogo desta terça-feira será contra o Imperatriz, do Maranhão, em Salvador, pela segunda rodada da Copa do Nordeste.

- O mito em torno do número 24 é uma grande bobagem que já passou da hora de ser ultrapassada. Precisamos desmistificar isso e aproveitar para debater o preconceito e a intolerância no futebol - disse o volante Flávio.

- O futebol é um canal que pode servir para acentuar o que há de pior na nossa sociedade, como o racismo, as agressões, a violência e a intolerância, mas também pode servir de uma forma diferente - para espalhar cultura, afeto, sensibilidade, melhoria das relações humanas. Achamos que os clubes têm de escolher se serão canais de amor ou ódio. Escolhemos o amor - afirmou Guilherme Bellintani, presidente do Bahia.

A ação não se limitará a essa partida e terá repetição em mais dois jogos do "Esquadrão de Aço" nesta semana: próxima quarta (29/1), contra o Bahia de Feira, e domingo (2/2), contra o Jacuipense, ambos pelo Campeonato Baiano.

A ação também serve como homenagem ao ídolo do basquete Kobe Bryant, falecido no último domingo em um acidente de helicóptero nos EUA. Ele atuava com a camisa 24 e se tornou uma lenda do esporte com ela.

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