Ingresso barato faz São Paulo triplicar receitas
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Depois de ouvir críticas sobre a decisão de diminuir o preço dos ingressos para os jogos no Morumbi, a diretoria do São Paulo está comemorando os resultados. Além de ter aumentado a receita de bilheteria nas duas últimas partidas, o clube triplicou a arrecadação com as vendas internas do estádio contra o Fluminense. Os números não foram revelados.
Por contrato, o São Paulo recebe uma porcentagem do que é comercializado nos estabelecimentos que existem dentro do Morumbi. De acordo com a diretoria, a multiplicação desse tipo de receita se deu pelo crescimento do consumo de água, sorvete, doces, do movimento maior nos restaurantes (Copa, Koji, Habbib´s) e do aumento das compras na Penalty e SP Mania.
Só o número maior de torcedores no estádio já seria o suficiente para explicar o resultado. O vice-presidente Social e de Esportes Amadores, Roberto Natel, ressalta que com ingressos mais baratos a disposição em consumir aumenta.
– O torcedor já vem contente com o preço do ingresso, pois paga muito barato. Ele acaba comprando outras coisas mesmo, é natural... Não só em relação à loja, mas a comida, doces, sorvetes enfim... Esse lado do bolso gera uma satisfação no torcedor – afirmou Natel.
Ainda de acordo com informações obtidas com a diretoria tricolor, foram vendidas mil unidades da nova camiseta do #3cores1sótorcida, que leva o nome da campanha promovida pelo clube, apenas no fim de semana passado, quando foi lançada, no jogo contra o Flu.
As peças vão chegar hoje nas lojas fora do estádio. Todos os 30 pontos de venda da SP Mania vão receber o produto. Apesar do resultado ter sido comemorado pelo clube, o diretor de marketing tricolor, Rui Branquinho, destaca que o objetivo principal não é financeiro.
– Nós fizemos essa camisa especial muito mais para pontuar a campanha. É uma maneira do cara perceber que está fazendo parte deste momento. A gente ainda nem consolidou tudo. Elas só estão nas lojas do Morumbi, por enquanto – afirmou Branquinho.
Bate-bola
Rui Branquinho, diretor de Marketing do São Paulo, em entrevista exclusiva ao L!Bizz.
L!Bizz - Como surgiu a ideia da campanha #3cores1sótorcida?
Rui Branquinho - O time estava passando por um momento delicado e nada é mais motivador do que jogar com o estádio lotado. Nessa hora, você precisa dar algum incentivo para a torcida acompanhar o time. Pensamos em fazer algo que fosse além de simplesmente mexer nos preços dos ingressos. Resolvemos fazer uma hashtag que resumisse esse sentimento. Daí surgiu o #3cores1sótorcida, que representa o momento de união, todo mundo junto para sair dessa fase e buscar melhores resultados.
L!Bizz - Financeiramente, a decisão de baixar o preço dos ingresso foi boa para o clube?
R.B. - Na verdade, quando levantamos essa necessidade e fomos em frente com esse projeto, não estávamos preocupados com o retorno financeiro disso e muito menos com o retorno imediato. Tanto é que quando lançamos a mudança dos preços deixamos claro que a promoção iria até o final do ano. O que a gente quer é a torcida e não só neste momento. Qual o time que não gostaria de colocar 50 mil pessoas em todos os jogos? Sinceramente, o aspecto financeiro desse negócio não foi levado ao extremo. Claro que o clube tem suas necessidades financeiras, mas não foi o que motivou e nem foi a nossa preocupação. É óbvio que se a gente conseguir lotar todas as partidas, vai ser sempre um bom negócio.
L!Bizz - Apesar de não ter sido pensado, acabou dando um retorno além da bilheteria?
R.B. - É, foi isso. Quando colocamos o negócio na rua, muita gente nos criticou, com o argumento de que estaríamos desvalorizando nossa marca. Eu descordo frontalmente disso. Eu acho que você está motivando o seu torcedor. A gente precisa mais do nosso torcedor do que o torcedor está com vontade de ir ao estádio. É um negócio bom de ser feito. Quando começamos a falar isso, fizemos uma conta na cabeça de qual seria o público médio. Não é só um negócio de baixar o preço. A gente tinha claro que tinha que valorizar o cara que já está com a gente, que é o sócio-torcedor, que já tem um vínculo. Ele poder pagar R$ 2 também é um reconhecimento do esforço que ele faz. Eu não entendo quando eles falam que estamos desvalorizando nossa marca. É óbvio que a gente quer que o episódio de 50 mil pessoas no estádio se repita, mas a gente sabe que é difícil. A gente conseguiu um cenário muito próximo do ideal, um dia de sol, no meio da tarde, no fim de semana. Deus queira que isso se mantenha. Nada é mais lucrativo para o clube do que ter a torcida motivada, o estádio lotado e ver o seu time ganhando.
L!Bizz - Você acha que o torcedor que comprou um ingresso por R$ 2 chega no estádio mais disposto a gastar com outras coisas?
R.B. - Se ele for um cara programado, vai sobrar para ele gastar com outras coisas. A gente pode pensar em várias linhas de raciocínio: que o cara vai gastar mais no estádio, que ele vai assistir dois jogos em vez de um. Enfim, independente da maneira, eu acho que isso pode se reverter a favor do São Paulo. Se o dinheiro economizado virar consumo em outra coisa, será muito bom.
L!Bizz - Como foi a recepção da nova camisa?
R.B. - Quando a gente começa a ver o produto no Twitter, no Facebook, no Istragram, a gente percebe o poder de viral que ele tem. Acho que caiu na graça da torcida.
L!Bizz - Pelos borderôs das partidas, a gente reparou que o ingresso mais vendido não foi o de R$ 2, mas sim o de R$ 10. O que isso significa?
R.B. - Eu acho que, sem querer ser romântico demais, a torcida quer aderir a um movimento que ela sinta que é legítimo. Ela quer perceber que mesmo vindo da diretoria, ela é uma campanha que mostra que estão todos na mesma vibração. Até aumentou o número de sócios-torcedores, para aproveitar essa promoção, a gente sabe disso. É muito gratificante ver que está dando resultado. A gente tinha um setor que já era R$ 10, mas não conseguíamos lotar. No domingo de manhã, dava para perceber uma movimentação muito maior de torcedores com roupas do São Paulo, que é uma coisa típica dos jogos grandes. Acho que estamos no caminho certo. Foi só o primeiro passo. Sabemos que ainda vamos ter dificuldades até o final do ano, mas vamos melhorar.
L!Bizz - Vão ter outras ações?
R.B. - Estamos pensando em outras ações, pensando no que podemos fazer. Estamos falando com parceiros. Vamos buscar deixar a torcida motivada. O valor do ingresso é determinante, mas estamos buscando outras maneiras de motivas o torcedor. O que eu acho que ajuda a construir um sentimento bom é o exemplo do Luis Fabiano. De maneira super espontânea, depois do jogo, ele foi no Twitter e resolveu sortear a camisa que ele fez o gol. Isso constrói um sentimento muto bom na torcida, mostrando que está todo mundo do mesmo lado. Isso é muito positivo.
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