Paulo Autuori voltou a destacar a gratidão como elemento que lhe fez retornar ao Botafogo, semanas antes da paralisação das competições pelo coronavírus. Em live realizada ao canal "7Braga Sports" no Youtube ao lado de Abel Braga, nesta quarta-feira, o treinador explicou um pouco da relação que possui com o Alvinegro e as expectativas para o futuro.
- O que seria de mim sem quem tivesse aberto as portas? Quem fez isso foi o Botafogo. Em 95, eu não era absolutamente nada e ninguém. Vejo que o clube quer passar por uma nova etapa. A ideia de poder contribuir, especialmente com o Montenegro, Manoel Renha, Rotenberg, nessa transição do clube para o clube-empresa me anima. A ideia inicial era, no primeiro momento, como treinador. Na minha cabeça já não passava mais a assumir essa função. Mas é uma etapa que é preciso dar essa contribuição a uma instituição que estará para sempre no meu coração - afirmou.
Paulo Autuori foi o comandante na conquista do Campeonato Brasileiro de 1995. Vinte e cinco anos depois, o treinador afirma que o único elemento em comum daquela equipe com a atual é o próprio Botafogo.
- Essa história de 95 é um pouco complexa. O futebol é um jogo tal como a sorte ainda é fundamental. Conseguimos um título inesperado. Não gosto muito de comparar (com atualmente) porque o contexto é distinto. O que tem em comum é o clube, com uma história gloriosa. As campanhas gloriosas começam justamente assim, na dificuldade. A capacidade de encarar as dificuldades, isto tem a ver com o grupo - analisou.
Autuori, contudo, foi duro ao analisar o atual cenário do mundo e, principalmente, do Brasil. Se a federação carioca possui o desejo de terminar o Estadual em campo, o treinador é sucinto: o momento é de repensar e se ajustar. Na visão do comandante, não é correto liberar treinamentos e atividades esportivas durante a pandemia.
- Momento é de perda. As derrotas são muito maiores em qualquer vitória em âmbito esportivo. Estamos indo em um caminho muito ruim nesse âmbito de levar o campeonato para 2021. Se já estamos com 2020 prejudicado, não tem porque prejudicar também o ano seguinte. É preciso reconhecer que é um ano atípico, paralisar os campeonatos, colocar que não existem campeões. Se esquecem da quantidade de profissionais de um dia a dia de um clube, pensam que são só os jogadores. Tem muita gente só chega no estádio de ônibus, eu sou privilegiado de conseguir ir de carro. O Brasil tem a possibilidade de ver aquilo que acontece no mundo, nós temos condições de adaptar à nossa realidade - apontou.