O Botafogo mantém o pulso firme. Sempre que pode, se posiciona contra o retorno dos treinos presenciais. Nesta sexta-feira, não foi diferente. Paulo Autuori, treinador do Alvinegro, afirmou, à BotafogoTV, que qualquer profissional que retornar à realidade usual, mas que isto não pode ser colocado por cima da realidade do país.
- Um dos momentos mais complicados que estamos a passar. Nós somos profissionais e seres humanos, mas não podemos confundir necessidade com vontade. Qualquer profissional de qualquer segmento quer voltar a trabalhar normalmente, nós aqui não somos diferente. Mas a necessidade nos faz pensar que não é o momento. É incrível como as pessoas não têm o mínimo de sensibilidade. Não é para voltar de maneira precipitada, acredito que clube algum esteja 100% pronto para voltar nesse momento - afirmou.
O treinador afirmou que nenhum clube está preparado para retomar os treinamentos no atual momento do país. Esta semana, por exemplo, o Flamengo voltou a realizar atividades no CT Ninho do Urubu. Na visão de Autuori, os clubes precisam se preparar para quando a situação melhorar.
- Nenhum clube está totalmente preparado para isso. Se falar que sim está jogando para a torcida. Não sabemos a realidade. Sou totalmente contrário e o Botafogo, de maneira brilhante, se coloca com essa postura, assim como o Fluminense. Eu acho que, acima de tudo, temos que estar preparados em relação aos protocolos para que, quando a gente possa retornar aos treinos, estejamos minimamente desenvolvidos. Mas aí entra o aspecto econômico... Qualquer preparação para ficar minimamente pronto para a volta dos treinos exige dinheiro - declarou.
O comandante, inclusive, se inquietou sobre a postura dos jogadores durante a quarentena. Para ele, os atletas de todo o país deveriam se posicionar e fez questão de frisar que o retorno das atividades não envolvem apenas quem entra em campo e as pessoas da comissão técnica.
- Os jogadores deveriam se posicionar muito mais, assim como nós treinadores. Sem receios, porque deveríamos entender a força que temos. Qualquer profissão quer regressar à sua vida normal. A necessidade é totalmente contrária. Só pensam nos profissionais que estão na ponta de cima do iceberg, e a gente sabe que eles não são os únicos. Nós, da comissão técnica, somos privilegiados. Andamos de carro. E os outros? Os que fazem a roda girar? Eles têm que ser valorizados, preservados. Temos que lutar por eles. Os jogadores deveriam e deverão tomar posição. Gosto muito quando vejo alguém se posicionar - completou.