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Marcado na história: relembre frases ilustres de Espinosa no Botafogo

Campeão carioca em 1989, ex-treinador e gerente técnico é um dos grandes nomes na história do clube de General Severiano e conhecido por ter declarações fortes

Valedir Espinosa
imagem cameraVítor Silva/Botafogo
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 27/02/2020
12:43
Atualizado em 27/02/2020
12:59

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"Está lá (apontando para o telão do Maracanã)! Campeão estadual de 1989. Parabéns para a torcida e a todo mundo". Estas foram as primeiras palavras de Valdir Espinosa que, carregado pelo elenco do Botafogo, comemorou o título daquela edição do Campeonato Carioca, que tirou o Alvinegro de uma fila de 21 anos sem título.

A emoção tomou conta do treinador e da torcida naquele 21 de junho de 1989, no gol marcado por Maurício no Maracanã. Valdir Espinosa, por conta disto, é um dos grandes nomes da história do Botafogo. O LANCE! relembra frases marcantes do ex-comandante e gerente técnico, que morreu na manhã desta quinta-feira por complicações respiratórias.

PÓS-TÍTULO: VALORIZAÇÃO DE EMIL PINHEIRO
Valdir Espinosa, é claro, comemorou o título de 1989, mas a conquista, de acordo com as palavras do ex-treinador, teve um nome marcante: Emil Pinheiro. O então vice-presidente do Botafogo era responsável por colocar dinheiro e trouxe a maioria dos jogadores daquela equipe para General Severiano. Em entrevista à "ESPN", anos depois do campeonato, ele comentou sobre o cartola.

- Em 89, o Emil (Pinheiro) foi me buscar em Porto Alegre e foi em uma loja, não tínhamos patrocínio nem nada, comprar onze camisas amarelas, onze camisas verdes, um apito, duas bolas e me entregou, dizendo: "Agora pode começar o trabalho" - afirmou.

Espinosa destacou que o cenário era de terra arrasada quando chegou ao Botafogo, mas Emil Pinheiro foi o responsável por fazer todos acreditarem que era possível chegar ao título. Não à toa, o Alvinegro foi campeão estadual sem nenhuma derrota.

- Os próprios atleta da época me diziam que ali (no Botafogo) não dava (para ser campeão), mas o Emil acreditava e ele me fez acreditar. Hoje, a maioria dos jogadores moram na Barra, um bairro chique do Rio. Mas em 89, 99% dos jogadores moravam na Barra, tudo em condomínio de luxo, pago pelo Emil - relembrou.

30 ANOS DEPOIS: CONQUISTA AINDA NA MEMÓRIA
No ano passado, Valdir Espinosa foi entrevistado pelo LANCE! no aniversário de 30 anos da conquista daquele Campeonato Carioca. Em uma conversa de pouco mais de uma hora, o ex-treinador afirmou que, quando chegou, o principal desafio era lidar com o próprio Botafogo. Leia a matéria na íntegra clicando aqui. 

- Sabia que ia completar 21 anos sem título em uma equipe como o Botafogo, mas não imaginava que seria dessa forma. No momento que cheguei, não eram os adversários, mas sim os próprios torcedores do Botafogo que não acreditavam que aquele pesadelo fosse acabar. Era comum ouvir pessoas que a passagem não daria certo, que muitos treinadores chegaram no Botafogo com a mesma vontade de vencer e não conseguiram alcançar o objetivo. O início foi algo que preocupava bastante - afirmou.

- Mesmo que de forma inconsciente, aquilo (pressão) pesava. Cada treinamento e cada jogo sempre estava presente esse peso, nossa foi preocupação foi em mostrar a eles (jogadores) que nenhum de nós, sozinho, seria capaz de acabar com aquele jejum, mas se todos nós trabalhássemos juntos, haveria a possibilidade de vencer. A partir do trabalho coletivo entenderam esse recado. A liderança não precisa estar um degrau acima, ela pode estar no mesmo nível, a partir dali, viemos juntos e nós fazemos um trabalho. Ninguém teria uma importância maior, o treinador não seria o melhor, quem fizesse o gol não seria o melhor, ninguém seria. Todos seriam importantes e a soma de todos é que resultaria em um Botafogo forte - completou.

Uma partida marcante da campanha foi um 3 a 3 com o Flamengo, pela terceira rodada do segundo turno. O Rubro-Negro, se vencesse, ficaria com uma mão na taça, já que havia vencido o turno inicial e era o líder da segunda metade da competição. A equipe da Gávea vencia por 3 a 1 até os 30 minutos da etapa complementar, mas o Botafogo buscou a igualdade.

- Era o jogo decisivo, o Flamengo já tinha vantagem. Se eles ganhassem, seriam campeões do turno e do campeonato. O jogo mostrou o espírito da equipe: lutar durante os 90 minutos, não importa o que acontecesse, o placar contra ou os gols levados, a gente nunca se entregava. Essa foi a demonstração desse espírito, estávamos perdendo de 3 a 1 para o Flamengo de Zico, uma equipe tecnicamente superior ao Botafogo, mas aquele empate nos deixou na disputa do campeonato. Foi a partida que determinou o nosso destino na competição.

Botafogo 1989
Time do Botafogo campeão carioca em 1989 (Foto: Divulgação)

A superstição é uma máxima que ronda o Botafogo. Há quem diga que o Alvinegro foi campeão em 1989 apenas porque era dia 21, a temperatura do Maracanã marcava 21 graus, Mazolinha, o camisa 14, cruzou para o gol de Maurício, o 7 - a soma dá 21 - e que tudo isto deu fim ao jejum de 21 anos. Valdir Espinosa, é claro, afirmou que compactuava com tradições pessoais a cada partida.

- Ia com a mesma roupa em todos os jogos. Uma calça preta e uma camisa branca. Podia fazer sol, chover, ter tempestade, que eu vestiria a mesma coisa no jogo. Além disso, também tinha o Luisinho. Na preleção antes da primeira partida, ele usou uma camisa do Napoli que o Maradona deu para ele. Como o time o ganhou, ele também vestiu na segunda preleção e aí ele não tirou mais. Toda preleção ele descia com a camisa do Maradona. Na preleção da final, ele desceu e não botou a camisa e eu falei que ele não jogaria e iria embora se não a colocasse, aí tirou a camisa da bolsa, vestiu e aí que eu comecei a falar com eles - relembrou.

O RETORNO COMO GERENTE TÉCNICO: GRATIDÃO
Afastado da casamata, Valdir Espinosa assumiu uma função longe das quatro linhas. Em dezembro de 2019, foi anunciado como gerente técnico do Botafogo. Durante a apresentação, realizada no Estádio Nilton Santos, o então dirigente destacou a felicidade por retornar para a "sua a casa".

- Voltar pra casa traz recordações maravilhosas. Em 89, peguei o avião e vim para o Rio de Janeiro com todos me dizendo que eu era maluco. Aquilo começou a me dar forças. Cada um que me desafiava, me deixava mais forte. Hoje, chego ao Botafogo em um momento difícil mas isso faz com que tenhamos uma força ainda maior. Existe um trabalho para isso da direção. De buscar um novo Botafogo, mais firme com o torcedor sendo parte das conquistas do dia a dia do clube. Vou estar presente para passar aos jogadores e comissão técnica esse comprometimento. O sucesso pode e deve ser dividido entre todos.

Valdír Espinosa Botafogo
Valdir Espinosa em sua apresentação como gerente técnico, no ano passado (Foto: Vítor Silva/Botafogo)

Espinosa relembrou a felicidade de ter visto o placar do Maracanã brilhar com os dizeres de Botafogo campeão naquela noite em 1989 e destacou a vontade de voltar a ver o Alvinegro ocupando lugares de destaque nas telas de estádios. O ex-gerente técnico pode não estar mais no dia a dia do clube de forma física, mas estará, para sempre, marcado na história do Botafogo de Futebol e Regatas.

- Em 1989, eu disse quero ver a luz acesa do placar eletrônico do Maracanã e estar escrito "Botafogo Campeão". Foi acrescentado ao meu sonho "campeão invicto". Quando vieram me entrevistar, pedi para esperarem um pouquinho. Disse: "Agora está escrito, pode falar". Quero ver de novo o Botafogo campeão. Sei que todos estamos comprometidos para a luz do Botafogo brilhar de novo. Que ela nos ilumine. Botafogo, eu agradeço por tudo e nós te amamos.

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