Os motivos que contribuíram para a demissão de Barroca no Botafogo
Treinador do Alvinegro não resistiu à quarta derrota consecutiva no Campeonato Brasileiro, no último domingo, mas desempenho em campo não foi a única razão da queda
Eduardo Barroca não é mais o treinador do Botafogo. O técnico não resistiu à sequência negativa de cinco jogos sem vencer no Campeonato Brasileiro, sendo quatro derrotas consecutivas. O desempenho dentro de campo não foi a única razão para a queda do técnico de 37 anos. Fatores como atrasos salariais, elenco reduzido, desfalques, saídas de atletas e insistência com alguns jogadores também foram determinantes para a irregularidade do Alvinegro, após a pausa para a Copa América, e o fim da paciência da torcida.
O treinador teve um bom começo no Glorioso, em abril, quando foi contratado para o lugar de Zé Ricardo. Com uma sequencia de resultados positivos, deixou boa impressão e o time bem colocado na tabela. Nos últimos meses, no entanto, o desempenho caiu e a permanência de Barroca no cargo passou a dividir opiniões de torcedores e dirigentes. O carinho dos atletas pelo técnico e a boa relação dento do clube retardaram a decisão da troca de comando. Após a quarta derrota consecutiva, a diretoria chegou, enfim, a um consenso sobre a saída do técnico.
- Tivemos reunião com os atletas, que têm carinho e admiração grande pelo treinador. Não foi uma decisão fácil, foi muito complicada, porque o trabalho vinha sendo desenvolvido em bases sólidas. Foi necessária essa alteração, precisamos de reação imediata nesse momento. A gente vinha de uma sequência muito negativa, quatro derrotas nesse segundo turno. Houve um consenso na diretoria de que nesse momento precisávamos de uma mudança- anunciou o vice presidente de futebol do Botafogo, Gustavo Noronha.
Barroca encerou sua passagem pelo Botafogo com um total de 27 jogos, sendo 10 vitórias, três empates e 14 derrotas. Ao longo desse tempo precisou lidar com alguns desafios e mostrar capacidade de adaptação.
A crise financeira vivida pelo clube fez com que o Botafogo precisasse recorrer a venda de atletas para quitar dívidas e fazer caixa. Além do lateral-esquerdo Jonathan, o clube também vendeu em circunstâncias semelhantes Matheus Fernandes, Igor Rabello, Leandro Carvalho e Gláuber. Por outro lado, não teve a chegada de reforços para compensar as perdas.
Os atrasos salariais também foram uma constante na passagem de Barroca pelo clube. Ao longo da temporada, o técnico teve de lidar algumas vezes com a manifestações públicas de insatisfação do elenco, alem de manter o grupo motivado nestas circunstancias. Na ultima semana no cargo, viu os muros de General Severiano serem pichados com frases de protesto e um treino ser invadido por um grupo de cerca de 15 torcedores que cobravam empenho.
Outra dor de cabeça do técnico foi o elenco enxuto do Botafogo. Com poucas peças à disposição, Barroca muitas vezes se viu obrigado a usar a criatividade para se virar com o que tinha ou recorrer a base, quando tinha desfalques.
A insistência em manter alguns jogadores como titulares acabou irritando a torcida, quando os resultados passaram a não vir. Cícero, homem de confiança do agora ex-treinador, é um dos símbolos do declínio da era Barroca no clube. Outras criticas giravam em torno do atacante Luiz Fernando, que não vive boa fase.
O Glorioso segue estacionado como 12º colocado do Brasileiro, com 27 pontos. Bruno Lazaroni, auxiliar permanente do clube, assume a equipe interinamente e já comanda o Glorioso na próxima quarta-feira, às 19h15, contra o Goiás, no Nilton Santos, na esperança de fazer a equipe reagir e voltar a pontuar.
TABELA
Confira aqui a classificação do Campeonato Brasileiro
Situação financeira complica
A situação financeira delicada do Botafogo deve pesar na escolha do novo treinador. A diretoria busca um profissional de perfil mais experiente e quer evitar cometer excessos que possam prejudicar o interesse de futuros investidores, ja visando a alteração do status do futebol para clube-empresa.
- Botafogo tem que viver com a sua realidade orçamentária. Claro que vai se fazer um esforço, o Botafogo precisa encontrar um caminho. Mas sem fazer loucuras. Se formos ver o perfil de endividamento do clube, as últimas gestões não vêm aumentando a dívida do clube. Vêm sim diminuindo e transformando o clube em uma situação gerenciável. Não poderíamos contratar agora, por exemplo, um treinador de R$ 1 milhão por mês. Investidores olhariam para cá e diriam que não faz sentido dentro do planejamento do clube que tome esse tipo de direcionamento nesse momento às vésperas da aprovação do projeto - explicou Gustavo Noronha, vice presidente de futebol.