Vice comenta sobre projeto dos Moreira Salles: ‘É uma necessidade’
Luis Fernando Santos, VP executivo do Botafogo, afirmou que todos dentro do clube torcem pela profissionalização, mas realça preocupação em tempo para realização
A expectativa dentro do Botafogo para a possível profissionalização do clube é grande. Luis Fernando Santos, vice-presidente executivo do clube, comentou, em entrevista à Rádio Brasil, que o maior cuidado da diretoria e do Conselho Deliberativo, que estarão envolvidos diretamente na entrada dos irmãos Moreira Salles, é sobre o tempo que o clube terá para realizar a separação entre uma nova empresa, que seria administrada pelos irmãos, e a parte social, que ficaria a cargo da atual diretoria.
- Existe um caminho duro a ser trilhado, uma vez que nós temos o projeto conceitual que deve ser detalhado. E o tempo para aplicação é muito curto. Temos até o início de janeiro, porque essa mudança só pode ser feita na janela, ou seja, no intervalo em que não há nenhuma competição sendo realizada. A expectativa é a melhor possível sobre os resultados que serão trazidos ao Botafogo, uma vez que no primeiro momento nós tornamos o Botafogo administrável - afirmou.
Luis Fernando Santos não esconde: a entrada dos irmãos Moreira Salles é uma obrigação para o Botafogo reencontrar os dias positivos. Além disso, o dirigente reiterou que nenhuma pessoa dentro do clube é contrária à entrada de João, Walter e possíveis novos investidores.
- Eu acho que é um caminho, uma necessidade, e a diretoria do Botafogo está profundamente empenhada em fazer com que este projeto se torne realidade. Não há nenhum obstáculo. Não existe. Nós somos botafoguenses e queremos o melhor para o Botafogo. Todo nosso conhecimento será aplicado e transferido para quem quer que seja para que o projeto dê certo - garantiu.
Dívidas
A situação financeira do Botafogo é preocupante. Há muito tempo, o clube convive com salários atrasados - em 2019, os jogadores, inclusive, fizeram uma greve de silêncio. Luis Fernando Santos explicou que o atual cenário é uma consequência do passado e o clube, caso o processo seja positivo, buscará um valor específico para resolver isto.
- Há cinco anos, em 2014, estudos feitos naquela época demonstravam que nós tínhamos uma necessidade de R$ 350 milhões de dinheiro novo para sanear o clube. Gestão não basta. Depende de recursos financeiros. As cobranças vão aumentando à medida que você não consegue resolver parte da dívida no primeiro ano, ela vai acumulando para os anos seguintes. Ou seja, os R$ 350 milhões que eram necessários em 5 anos não foram aportados e hoje a gente precisa de R$ 300 milhões em um ano – explicou o dirigente.
O dirigente, portanto, explica que a necessidade de arrecadar R$ 300 milhões, que podem vir de diferentes empresas ou investidores, será utilizado, em um primeiro momento, para resolver dívidas que atormentam o Botafogo e podem gerar consequências esportivas, como penhoras e valores cobrados por atletas ou funcionários que passaram pelo Alvinegro no passado.
- Nesse ponto que todo esse projeto está focado, em resolver as dívidas de curto e médio prazo e tornar o Botafogo administrável ao longo do tempo, gerando caixa suficiente não só para remunerar os investidores, mas também para melhorar o nível do departamento de futebol. Existe uma ligação quase que direta entre orçamento do futebol e resultado das competições. O Botafogo ao longo dos últimos anos tem se mantido na primeira página da tabela com um orçamento de clube da Série B. Isso se deve certamente à toda estrutura profissional que existe no departamento de futebol e, claro, ao empenho e dedicação dos atletas - completou.
Luis Fernando reafirmou que todo este processo seria impossível de ser concluído caso o Botafogo fosse rebaixado no Campeonato Brasileiro. Se jogar a Série B no ano que vem, a cota vinda dos direitos televisivos diminuiria e seria mais difícil para atrair novos investidores. Atualmente, a equipe de Eduardo Barroca é a nona colocada do Brasileirão, com 19 pontos.
- Seria desastroso. Ao contrário do que ocorria no passado, que o time mantinha os recursos no primeiro ano de Série B, hoje o clube que cai, se não tiver dinheiro em caixa para suportar um ano de operação de departamento de futebol sem contar com recursos externos, ele praticamente vai começar a brigar de igual para igual com os outros times da Série B, tornando o retorno muito mais difícil – finalizou.