Técnico de rádio deixou de viajar por mudanças na escala da empresa
Kauê Silva estava pronto para ir trabalhar na final, mas alteração na programação impediu que o jovem conseguisse um assento para viajar junto da delegação da Chapecoense
Em tragédias desta magnitude sempre somo bombardeados por informações de pessoas que deveriam estar no local e no momento da tragédia. Nunca imaginamos que uma destas pessoas possa estar tão perto da gente.
É o caso de um colega de profissão, técnico de rádio Kauê Silva. Ele acompanhou os cronistas esportivos de Chapecó na viagem à São Paulo e iria seguir com a delegação para Medellín. A escala estava realizada e Kauê Silva iria viajar com seus colegas no mesmo avião que caiu na região de Medellín, porém a alteração do quadro de profissionais de sua empresa que iriam acompanhar a delegação mudou e a Chape não conseguiria disponibilizar mais um assento.
As tentativas junto à diretoria da Chapecoense e também com a empresa La Mia foram inúmeras e a decisão de que Kauê não iria à Colômbia só foi consolidada horas após o jogo contra o Palmeiras.
O jovem técnico de rádio, estudante de arquitetura ficara muito chateado, pois iria acompanhar seu time do coração (fazendo o que gosta) em uma grande final. Na maior partida da equipe catarinense.
Hoje conversando com Kauê, ele não conteve as lágrimas ao falar sobre sua escolha, sobre a falta que os amigos irão fazer e sobre a perda inestimável de vários colegas.
Daniel Fasolin: Kauê como você está se sentindo neste momento?
Kauê Silva: Não posso dizer que estou aliviado, a tristeza é muito maior.
Daniel Fasolin: Qual a sua história com a Chapecoense?
Kauê Silva: Desde que nasci meu pai me leva ao estádio. Não sabia o que era futebol e estava no estádio, cresci acompanhando a Chape, sofrendo. Sou sócio desde 2007 e tenho a maior felicidade em poder trabalhar muito próximo do meu clube do coração.
Daniel Fasolin: Você parece incrédulo ainda!
Kauê Silva: Sim, não consigo falar nada, a ficha ainda não caiu e penso que verei meus amigos novamente. Sinto que nasci novamente, comemorarei dois aniversários desde então.
Daniel Fasolin: Você tentou até o ultimo instante conseguir uma vaga na viagem?
Kauê Silva: Sim, tentei, junto com meus colegas até o ultimo momento estar junto com a delegação. Tentei todas as formas, solicitamos a abertura de uma exceção, já que outros pretendentes haviam desistido, mas infelizmente (no momento) não houve sinalização positiva.
Daniel Fasolin: Acredita que não era para você estar lá?
Kauê Silva: Sim, não era para estar com meus amigos, Deus não quis que eu estivesse junto, nesta tragédia. Darei meu máximo apoio aos familiares da vítimas, mesmo sabendo que nada fará eles se sentirem melhor.
Kauê está junto da família e assessorando em transmissões de rádio em Chapecó. Com vida nova e a paixão renovada pela Chapecoense Kauê espera poder fazer parte da reconstrução do clube.