A Olimpíada de Paris será em 2024.
Até aí morreu no Neves, dirá o leitor. De fato, nenhuma novidade.
Mas ocorre que a Olimpíada ocorrerá em menos de dois anos. Um ano e meio, praticamente.
No próximo ano, em 2023, estarão sendo disputados diversas competições de classificação para esportes olímpicos.
Isto levou o presidente do Comitê Olímpico Internacional, o alemão Thomas Bach, a especular publicamente, na semana passada, na Coreia do Sul, que talvez esteja na hora de um possível retorno de atletas russos às provas olímpicas, apesar da guerra que continua na Ucrânia.
Suas palavras foram “escolham o caminho da unidade e da paz”, a dirigentes olímpicos de dezenas de nações.
A paz parece cada vez mais distante, na Ucrânia, mas diversas federações internacionais já admitem a participação de atletas russos em seus eventos.
Isto vem acontecendo, por exemplo, no tênis, em os principais torneios aceitam a presença de jogadores russos, desde que competindo individualmente - isto é, sem representar o país.
Bach foi mais longe, ao dizer que “atletas não devem ser vítimas das atitudes de seus governos”.
Acrescentou: “os esportes olímpicos precisam de todos os atletas, mesmo e especialmente quando seus países estão em guerras ou em confrontos”.
Esta é uma discussão tão velha quando a própria instituição dos Jogos Olímpicos, que, alega-se, conduziam na Grécia Antiga à cessação de conflitos, pelo menos temporariamente, entre os participantes.
É certo também que o esporte, de modo especial os Jogos Olímpicos, tem sempre sido explorado para fins políticos, como ocorreu com grande destaque na Alemanha Nazista, em 1936.
Além do tênis há outros esportes como o boxe, que vem admitindo a participação de atletas da Rússia e de sua aliada Bielorússia na guerra com a Romênia, desde que, repito, não representem “oficialmente” seus países.
A Copa do Mundo no Qatar tomou a decisão de expulsar a Rússia, ainda na fase de classificação.
As federações ligadas a esportes de inverno parecem estar entre as mais inclinadas a novamente aceitar competidores russos.
O resultado é uma política desencontrada por parte de países e de suas respectivas federações, repetindo em parte o que se verifica também em relação a acusações de doping por parte de atletas russos.
O esporte e a política decem se misturar? Podem se misturar? As palavras de Thomas Bach parecem a indicar que eles estão misturados de forma irremediável.