CAMPO NEUTRO: De graça, até injeção na veia
Copa do Mundo do Qatar terá centenas de torcedores convidados
Estou a caminho do Rio de Janeiro e tenho a atenção despertada por um artigo na edição online do New York Times: há um grande número de torcedores de todos os países do mundo que serão levados para o Qatar, com passagens e hospedagem pagas, e até dinheiro para despesas, pelos organizadores da Copa do Mundo.
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Neste sentido, Qatar certamente será pioneiro. Que eu saiba - e acompanho Copas do Mundo desde 1950 - nunca antes torcedores foram recrutados para “abrilhantarem” o torneio.
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Tudo está sendo coordenado pelo “Supreme Committee for Delivery and Legacy”, um órgão criado pelo Comitê Organizador da Copa.
Este Comitê Supremo está entrando em contato com as diversas federações nacionais que terão times na Copa do Mundo e estas federações por sua vez se comunicam com as torcidas organizadas de seu país, para os entendimentos necessários.
Sei que a Federação dos Estados Unidos foi contatada e entrou conversações com as torcidas organizadas dos times da Major League Soccer, mas garante que não desempenhou nenhum papel na escolha de quem deve ir ou não ir.
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Um dos problemas do convite está em que os torcedores escolhidos terão que assinar um protocolo comprometendo-se a “combater comentários negativos sobre o país, seu povo e seus costumes”.
Dizem os dirigentes do Qatar que isto é muito natural. Afinal, não iriam gastar seu tempo e seu dinheiro levando para lá torcedores que depois falassem mal do país.
Nem todas as torcidas organizadas estão aceitando o convite. Joseph Delage, representante de um importante grupo de torcedores na França, disse ao jornal Le Parisien que “apesar da oferta ser tentadora, preferimos ficar fiéis aos nossos princípios”.
Pelo que leio no New York Times, os grupos de “torcedores convidados” serão de até 50 por país. Não faço ideia de quem vai “representar a torcida brasileira”, mas suspeito que muita gente a esta altura deve estar cantando alto o refrão do velho samba “Eu também tô aí, tô aí, que é que há, também tô nesta boca”.
Afinal, de graça até injeção na veia.