CAMPO NEUTRO: o Manchester City e uma promessa de Guardiola
José Inácio Werneck fala sobre assuntos em alta no esporte
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Chega a notícia de que o Manchester City está em apuros na Premier League, acusado de “sportswashing” - o uso do esporte com a finalidade de melhorar a imagem de um país, uma marca, uma empresa, uma dinastia - no mais alto grau.
Meus leitores devem se lembrar de que, há algum tempo, o Manchester City se livrou de uma situação complicada na UEFA, que poderia tê-lo proibido de disputar a Champions League, o que não ocorreu graças ao recurso da prescrição.
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A prescrição é um estatuto legal que beneficia um infrator se as alegações contra ele ocorrem depois de um determinado tempo. Digamos que, em um crime de homicídio, o prazo de prescrição seja de 20 anos. Se um promotor pensar em processar uma pessoa pelo assassinato de outra, não poderá fazê-lo se 20 anos já tiverem decorrido do fato.
Nos estatutos da UEFA existe a cláusula da prescrição, e as investigações contra as possíveis infrações financeiras contra o Manchester City já tinham demorado tanto que a suspensão aplicada ao clube, de dois anos, acabou sendo revogada em Segunda Instância. O problema para o Manchester City agora é que nos estatutos da Premier League não há prescrição. A liga inglesa, a mais rica do mundo, está acusando o Manchester City de mais de cem infrações financeiras desde 2009, um ano depois do clube ter sido comprado pelo irmão do Emir de Abu Dhabi, parte dos Emirados Árabes Unidos.
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O Manchester City está sendo acusado, entre outras coisas, de “não ter fornecido informações financeiras corretas, não ter revelado pagamentos a jogadores e técnicos e ter se recusado a cooperar com as investigações a respeito”. As punições previstas incluem reprimendas, multas, perdas de pontos e até expulsão da Premier League.
É bom recordar que o Manchester City conquistou o campeonato da Premier League nada menos do que seis vezes desde 2012. Quatro destes títulos foram nos últimos cinco anos. As suspeitas sobre as transações financeiras do Manchester City vêm de longa data. Inclusive, em 2018, houve um grande escândalo quando um “hacker” português pôs em público comprometedores documentos internos do clube. Agora o Manchester City se declara “surpreso” com as investigações da Premier League e garante que forneceu à entidade “uma vasta quantidade de informações”.
Ao longo dos anos, Pep Guardiola, o consagrado técnico do Manchester City, tem defendido o clube com ardor. Mas há também uma declaração sua que não deve ser esquecida: “Se eu descobrir que eles mentiram, saio no dia seguinte, porque não mais serão merecedores de minha confiança”.
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