Coluna do Bichara: Esperança e troféus destruídos
Retorno da Bridgestone como fornecedora oficial de pneus e Diretiva Técnica 45 da FIA movimentam GP da Hungria
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Neste final de semana mais uma vez a Fórmula 1 chegou ao travado e lento circuito de Hungaroring, nas cercanias de Budapeste, capital da Hungria às margens do Rio Danúbio, cidade que celebra, em 2023, seus 150 anos. Mais de 300 mil pessoas foram prestigiar o evento, que,
aliás, faz grande sucesso desde o circo lá chegou em 1986, quando o país europeu ainda ficava atrás da cortina de ferro.
Se na pista a grande novidade era o retorno de Daniel Ricciardo, após a demissão de Nick de Vries, fora dela dois temas agitavam o paddock. Um é o aparente retorno da Bridgestone como fornecedora oficial de pneus da F1 a partir de 2025 – a empresa japonesa equipou a categoria entre 1997 e 2010, e rumores dão conta que ela colocou na mesa uma proposta irrecusável para substituir a Pirelli.
Outro tema que vem assombrando algumas equipes é a chamada Diretiva Técnica 45 da FIA, que promete recrudescer o controle do budget cap – lembrando que atualmente as equipes podem gastar “apenas” 145 milhões de dólares/ano. O problema é que os times têm encontrado mecanismos para burlar o sistema, principalmente alocando engenheiros nas suas fábricas supostamente responsáveis por desenvolvimento de carros de rua, mas que, na verdade, trabalham para a F1. Sem dúvida esse é um controle difícil de ser feito. Vamos ver como a FIA vai fechar esse loophole.
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Na pista algumas equipes traziam novidades. A Red Bull um novo sidespod, mais amplo, que se estende até a suspensão traseira. Já a Ferrari apresentava uma nova asa dianteira, construída especialmente para a pista húngara.
Para a classificação de sábado houve uma mudança importante de regra: O Q1 seria feito obrigatoriamente com pneus duros, o Q2 com médios e o Q3 com macios. Não havia, portanto, mais margem para escolha dos compostos. Num circuito travado como Hungaroring, onde há apenas dez segundos de reta, a estratégia de pneus tradicionalmente faz muita diferença.
E tivemos uma classificação agitada. No Q1 vimos uma improvável liderança de Guanyu Zhou e sua Alfa Romeu, Ricciardo passando para o Q2 e seu companheiro Yuki Tsunoda não, e George Russel ficando pelo caminho. O inglês ficou furioso e reclamou muito do descumprimento do acordo de cavalheiros segundo o qual não se ultrapassa quando os pilotos estão em aquecimento para volta rápida. Ao final do Q1 todo mundo passou por ele, que acabou não se qualificando para o Q2. Afinal, na F1 quem dá sopa para malandro é carcereiro.
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Mas foi no Q3 mesmo que tivemos uma boa surpresa: 594 dias após largar na frente pela última vez, Lewis Hamilton cravou a pole, superando Verstappen por 0,003 segundos. Para que o distinto leitor tenha uma ideia do que é isso, um piscar de olhos leva, em média, 0,1 segundo. Na sequência vieram Lando Norris e Oscar Piastri, confirmando ótima fase das McLaren. Enquanto isso Sergio Perez amargou apenas um 9º lugar, mostrando que, embora finalmente tenha passado para o Q3 – o que não aconteceu nas últimas 5 provas – está longe de merecer guiar um touro vermelho.
No domingo (23), a largada se deu sob grande atenção, afinal, parecia certo que Hamilton não iria aliviar. Mas a comovente e ingênua expectativa de quem queria ver a hegemonia de Verstappen ameaçada foi dissolvida no caldo azedo da decepção poucos metros após a largada. Ainda na curta reta, o holandês mostrou ser um genocida de esperanças e assumiu a ponta – para não mais perdê-la. Já Piastri largou muito bem tomando a 2ª posição, enquanto Hamilton caiu para 4º.
O chinês Zhou, que largava num ótimo 5º lugar, ficou para trás e provocou um acidente que foi um strike vitimando as duas Alpines. De novo a equipe francesa viu seus dois carros se chocarem e abandonarem a prova – tal qual acontecera em Miami.
Na sequência a prova transcorreu sem percalços e modorrenta, como costuma acontecer na Hungria. Na volta 15 os pit stops começaram: Norris parou primeiro e fez o undercut em seu companheiro de equipe, numa manobra astuta.
A vantagem de Verstappen já era tão significativa que ele não perdeu a ponta nem nas paradas de boxes. Já quando Perez parou, a Red Bull conseguiu a proeza do pit stop mais rápido do ano, em 1,9 segundos. O mexicano ao menos proporcionou um belo espetáculo ao disputar posições com Hamilton e Piastri, conseguindo um 3º lugar.
Ao final, Verstappen venceu com mais de 33 segundos de vantagem sobre Norris, que conseguiu, como na Inglaterra, outro incrível 2º lugar. Perez fechou o pódio, e na sequência chegaram Hamilton, Piastri, Russel – que fez uma bela corrida de recuperação – Charles Leclerc, Carlos Sainz, Fernando Alonso e Lance Sroll. Exatamente 5 equipes nos 10 primeiros lugares, dando pinta que hoje McLaren e Mercedes disputam o segundo pelotão, enquanto Aston Martin e Ferrari claramente não evoluíram.
A Red Bull bateu o mítico recorde da McLaren de 1988, vencendo 12 provas consecutivas. Nem a Ferrari na era Schumacher nem a Mercedes, com sua longa dominância, foram capazes disso. Desde Miami, no início de Maio, só da Verstappen, que venceu as últimas sete corridas.
No pódio, o cômico Norris, ao abrir sua garrafa de champanhe, acabou deixando cair no chão e quebrando o belo troféu de porcelana dado a Verstappen pela vitória . Enfim, parece que só mesmo assim é que se pode evitar que o holandês leve mais um troféu para casa.
* Este texto é de inteira responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Lance!
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