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Coluna do Bichara: Fórmula 1 nas Américas

Fórmula 1 'pegou' nos Estados Unidos, muito em função da Netflix

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Max Verstappen venceu em Austin. Foto: CHANDAN KHANNA / AFP

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Neste último final de semana a F1 chegou ao continente americano, para uma rodada de 4 corridas – Texas, México, Brasil e Las Vegas. A primeira delas foi disputada no belo circuito das Américas, em Austin, com um público recorde de 432 mil pessoas ao longo do final de semana. De uma vez por todas, ficou comprovado que a Fórmula 1 conquistou os USA – muito graças à Netflix.

Fora da pista, muitas notícias em torno das possíveis novas equipes. A FIA rejeitou 3 das 4 solicitações apresentadas, deixando apenas a Andretti Global - do tradicional clã Andretti, em operação conjunta com a marca Cadillac - no páreo. Curiosamente a entrada da equipe americana conta com oposição de vários chefes de equipe, que reputam como insuficiente a “taxa de diluição” que qualquer nova equipe teria que pagar para entrar no grid. Um detalhe: seu valor atualmente é 200 milhões de dólares. Penso que essa reserva de mercado é ruim para o espetáculo. Era melhor quando a F1 tinha 13, 14 equipes, e havia até treinos eliminatórios para saber quem poderia correr. É importante que o showbusiness não descuide do show para ser só business.

Nos treinos classificatórios, ocorridos na sexta - já que sábado era dia de Sprint race - Charles Leclerc fez bonito e alcançou a pole, beneficiado por uma volta deletada de Max Verstappen, que ficou apenas com a sexta posição. Ao lado do monegasco largou Lando Norris, seguido por Lewis Hamilton - que parece estar cada vez mais forte na luta pelo vice campeonato.

A sprint de sábado transcorreu sem grandes emoções, e, como sói acontecer, com vitória de Verstappen, seguido por Hamilton e Leclerc.
No domingo de muito sol e calor, uma cena inusitada na largada: 4 carros largando dos boxes - as Aston Martin e as Haas. Aliás, é incrível o retrocesso da Aston Martin, que começou o ano como a segunda força, e agora mal consegue se manter no pelotão intermediário. A má fase coincide com os boatos de que a petroleira saudita Aramco - patrocinadora da equipe - estaria disposta a comprá-la, por impressionantes 800 milhões de euros. Lawrence Stroll estaria disposto a vender a equipe, na medida que Lance, seu filho, parece dar sinais de que quer pendurar a sapatilha. Ele comprou a equipe por 150 milhões de euros. Vai pagar um belo ganho de capital, pelo visto…

Na largada Lando Norris superou Charles Leclerc pulando à frente e abrindo uma boa distância. Verstappen começava a escalar o pelotão, porém sem a rapidez esperada. Tudo parecia então ficar por conta da estratégia de pneus, especulando-se que alguns pilotos poderiam estar indo para uma parada, poupando assim aproximadamente 20 segundos.

Mais uma vez a chatice dos track limits teve destaque. A nova moda agora é o piloto que vai atrás fica dedurando o da frente, como colegiais mimados reclamando que o colega ao lado está colando. Como já falamos aqui na coluna, essa situação é insustentável. Que se volte então para o modelo de brita ou grama, onde o piloto que sai do asfalto perde tempo naturalmente. O que não dá é para ficar nessa frescura… A corrida está sendo influenciada demais por conta dessas punições extra pista.

Na volta 28 Verstappen assumiu a ponta, ultrapassando Norris. Mas foi mesmo na volta 35 que percebemos que o inglês não teria chance, quando ele foi para os boxes e deixou claro que não tinha uma estratégia de pneus diferente, partindo apenas para uma parada. Aí ficou fácil para o campeão.

Enquanto Verstappen, mesmo tendo alegado problemas de freio, seguia tranquilo na liderança, Perez não conseguia nada mais que um 5º lugar, aparentemente tornando a sua situação na equipe cada vez mais difícil. Consta que sua batata voltou a assar. Com tantos pilotos novos e talentosos no grid, ficamos na torcida para que o cansado mexicano seja realmente substituído. O cruel Helmut Marko, aliás, deu a seguinte declaração sobre Lando Norris: “He is definitely a candidate for us. In terms of youth and speed, he would suit us very well. Sergio, on the other hand, is already over 30 and is expecting his fourth child. So he also has other interests, so you have to see what happens next."

Já para o final da corrida Lewis Hamilton deu show, ultrapassando Norris na volta 49 e seguindo em perseguição à Verstappen. O inglês chegou ficar quase um segundo apenas atrás do campeão. Se a corrida tivesse mais algumas voltas talvez pudéssemos ter uma bela briga. Mas ele acabou chegando em segundo, seguido por Norris, Carlos Sainz, Perez, Leclerc e George Russel.

Horas depois do pódio, uma surpresa: Hamilton e Leclerc foram desclassificados, após inspeções revelarem desgaste excessivo nos blocos de deslizamento, deixando seus carros em situação irregular. A desclassificação alçou Norris ao segundo lugar e deu uma inédita dupla pontuação à Williams, com Alex Albon em 9º o piloto da casa, Logan Sargeant, em 10º . Hamilton, que tinha visto sua diferença de Perez cair, agora volta a estar 19 pontos atrás do mexicano na luta pelo vice campeonato.

No próximo final de semana o circo da Fórmula 1 chega ao México, casa de Checo. Em 2020 o mexicano parecia estar rumando para a aposentadoria, e então conseguiu a vaga na Red Bull. Mas fez da limonada um limão.

Aliás, um dado impressionante: a Red Bull é campeã de construtores com 704 pontos. Tivesse ela apenas os pontos de Verstappen – 466 - , seria campeã da mesma maneira - uma vez que a segunda colocada, a Mercedes, tem 358 pontos.

Correndo sobre as cinzas da esperança, alguma coisa me diz que essa pode ser a última vez do mexicano em casa.

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