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Coluna do Bichara: No Canadá, um pódio com 11 títulos e os suspeitos de sempre

No circuito Gilles Villeneuve, Max Verstappen iguals marca de Ayrton Senna

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Max Verstappen celebra a 41ª vitória de sua carreira (Foto: Divulgação/Fórmula 1)

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Neste final de semana mais uma vez a F1 chegou ao Canadá, ao belo circuito Gilles Villeneuve, em Montreal. O Canadá é uma espécie de Estados Unidos sem os americanos; portanto, muito melhor.

A Ferrari chegou com moral, após vencer a 100ª edição da tradicional 24 horas de Le Mans, 50 anos após sua última vitória, em 1973. E o curioso é que a Ferrari só passou a investir nesse projeto por conta do teto de gastos na F1. Como o departamento de corridas do time de Maranello não podia gastar mais dinheiro na F1, partiu para essa empreitada. O time formado por Alessandro Pier Guidi, James Calado e pelo ex piloto de F1 (e atual piloto de testes) Antonio Giovinazzi triunfou derrubando a hegemonia da Toyota na prova.

Outro que chegou com moral foi Lewis Hamilton, embora por razões não desportivas, e sim sentimentais: o multicampeão está de namorada nova, a cantora Shakira. Os memes que surgem com a velocidade da luz, já cravaram que o casal pretende, com o romance, se vingar de todos os Piquets do mundo…

Já a Aston Martin chegou ao Canadá sob grande expectativa, afinal, esse é o GP de casa para a equipe, cujo controlador, Lawrence Stroll, é canadense. Com Alonso em grande fase, e com Lance Stroll correndo em casa, todas as atenções estavam voltadas para a equipe. Nos dias de treino muita chuva e confusão, sendo todas as sessões interrompidas por bandeiras vermelhas. No sábado, a classificação começou com pista molhada, que cobrou um preço caro por imperícias: Sergio Perez e Charles Leclerc (que usava um capacete igual ao de Gilles Villeneuve) ficaram no Q2, que foi liderado por Alex Albon, com uma notável pilotagem na chuva. Também Stroll ficou no Q2, fazendo do que poderia ser uma limonada um limão. O Q3 começou sob intensa chuva, sendo de cara visível que ninguém conseguiria melhorar seu tempo. Com isso Max Verstappen cravou a pole, seguido de um improvável Nico Hulkemberg, Fernando Alonso, Haminton e George Russel.

Mas o grid acabou mesmo sendo definido na sala de controle da prova, uma vez que os comissários aplicaram várias punições: Carlos Sainz, Yuki Tsunoda, Stroll e Hulkemberg receberam penalidades que afetaram suas posições de largada.

O domingo amanheceu ensolarado em Montreal, e sob o sol canadense Verstappen largou como um raio, disparando na frente. Já Hamilton forçou e ultrapassou Alonso assumindo o 2º lugar. A corrida seguiu calma até a 12ª volta, quando um raro erro de Russel o fez tocar o guard rail, provocando a entrada do safety car, e dando início às paradas. Na volta 22, Alonso dá o troco em Hamilton e o passa com a asa aberta, para não perder mais a posição.

A corrida seguiu morna (para fria) até o final, com as poucas brigas ficando por conta do pelotão intermediário.

Verstappen seguiu com a tranquilidade habitual para a vitória, seguido por Alonso e Hamilton, completando um pódio de campeões, ou dos suspeitos de sempre, como diria o Capitão Renault em Casablanca. Em 4º e 5º lugar as Ferrari de Leclerc e Sainz, e só então Perez, seguido de Albon, que obteve um fantástico 7º lugar para a Willhams.

O holandês disparou no campeonato, com quase 70 pontos a frente de Perez. Já o mexicano, subitamente acordado do seu doce sonho de ser campeão, deve se preocupar é com Alonso, que mesmo com um carro visivelmente inferior esta a apenas 9 pontos do 2º lugar. Para piorar, o mexicano – que pela 3ª vez não chega ao Q3 - ainda vem sofrendo bullying de Verstappen, que, indagado sobre que piloto gostaria de ver vencendo uma prova, se ele mesmo não chegasse em 1º, nào titubeou: “Fernando. Gosto dele. Pois é um verdadeiro Racer”. Além disso, perguntado sobre os problemas de Perez, disse Verstappen: “ não estou preocupado com isso. Estou ocupado o suficiente para acertar tudo do meu lado. Então, o que acontece do outro lado da garagem, eu não presto atenção”.

A Red Bull chegou a sua 100ª vitória, e Max Verstappen a 41ª, um número especial porque com ele, o holandês se iguala a Ayrton Senna. Mas não compartilho da emoção de muita gente ao fazer essa comparação, por uma razão elementar: na época de Senna, os campeonatos tinham 16 provas por ano, hoje tem 24, ou seja, 50% a mais. Evidentemente sem desmerecer o feito notável de Verstappen, é forçoso reconhecer que matematicamente a comparação é problemática.

Não há dúvida que o holandês é um dos melhores pilotos de sua geração, mas tenhamos em mente que ele nunca guiou um carro ruim. Salvo uma improvável hecatombe, ele já colocou seu 3º título no bolso do colete. Mas cabe aqui, ao compará-lo com Ayrton Senna, um dos maiores de todos os tempos, algum cuidado. Ao procurar uma palavra para descrever Verstappen, me lembrei de Ariano Suassuna, ao comentar sobre um critico musical que havia qualificado o guitarrista Ximbinha, da banda Calypso, como genial: “Eu sou um escritor brasileiro. A língua portuguesa é meu material de trabalho. Se eu gasto um adjetivo como “genial” com Ximbinha, o que vou dizer de Beethoven? Tem que inventar outra palavra”.

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