Coluna do Rolim: Ganso é ritmista do Fluminense e não deve a demais destaques do Brasileirão
Felipe Rolim analisa ano de Ganso e compara números do meia na competição nacional
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Trinta jogos, quatro gols e quatro assistências. Quantitativamente é o melhor de PH Ganso que desembarcou no Fluminense em 2019 sob olhares desconfiados. Mas a expectativa (que é cruel, é de quem vê e não de quem joga), sempre foi que Ganso se nivelasse aos destaques do Brasileirão. Ganso conseguiu. Escolhi dez importantes métricas de análise e coloquei PH Ganso ao lado de Nacho Fernández (Atlético-MG), Arrascaeta (Flamengo), Gustavo Scarpa (Palmeiras) e o menos conhecido, porém não menos importante, Marlon Freitas (Atlético-GO). Os números serão sempre de jogos do Brasileirão para não poluir a amostra.
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Começando pelo que Ganso menos faz, são apenas 1.28 passes longos por jogo, menos da metade dos outros quatro jogadores e uma diferença enorme em relação a Marlon Freitas, que lança 8.23 bolas por partida e, percentualmente, acerta mais que o tricolor. Outra ação individual que pouco se vê no futebol elegante de Ganso são as corridas em progressão com a bola, necessárias na procura de espaços menos congestionados contra times que encaixam a marcação individual. Ganso tem uma média de 6.4 conduções a cada 10 jogos. Arrascaeta conduz a bola pelo menos uma vez por jogo e Nacho corre com bola uma vez e meia por partida. Ganso é mais cadência e o Fluminense de Diniz, também, mas o número mostra a identidade do seu futebol que não era diferente com Abel Braga ou Odair Hellmann, técnicos de estilo bem diferente.
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Outro ponto sempre questionado é a contribuição de PH Ganso na fase defensiva do jogo. Aqui aparece a grata surpresa. 0 10 do Fluminense tem métricas iguais ou melhores que os demais jogadores aqui trazidos como espelho. Ganso tem 4.69 duelos defensivos por jogo e ganha 68% deles. Nacho é quem mais vai pro embate com 7.38 duelos e Arrascaeta é o pé-de-ferro da turma, com 73% de vitórias. Quem menos contribui é Scarpa, com 2.2 duelos por jogo, ganhando somente 46% destes. Ganso também tem sido muito participativo na bola aérea, a famosa disputa da “primeira bola”. Do grupo, é quem mais briga no alto e, novamente, a maior taxa de vitória é de Arrascaeta com 37% de bolas ganhas. Por cima o pior é Nacho, tanto em quantidade de duelos quanto em vitórias. Já a perda da bola, seja por erro no passe ou tentativa de drible, também mostra um Ganso em ótimo nível. Somente Ganso e Marlon Freitas perdem menos de oito bolas por jogo, enquanto que Nacho, Scarpa e Arrasca perdem, cada um, mais de dez por partida.
Ganso é um deleite para quem gosta do futebol criativo e gera sempre o comentário de que jogar parece fácil quando a bola está a seus pés
Deixei para o final as métricas relativas ao passe, de propósito, porque é a hora em que PH Ganso brilha. Tanto Ganso quanto Marlon Freitas passam em média 57 vezes por jogo e também são os mais eficientes, com o 10 do Flu acertando 89% e o volante do Dragão chegando a ótimos 87%. O palmeirense Scarpa passa 30 vezes em média e Arrascaeta é o menos eficiente com 78% de acertos. Se contarmos somente os passes para o último terço do campo, a eficiência de Ganso (79%) só é menor que a do argentino Nacho, que acha, normalmente Hulk, em 84% das vezes. Se o passe é, na verdade, uma assistência para chute, PH Ganso só fica atrás do grande assistente dos últimos tempos no Brasileirão. Ganso entrega 2.45 assistências para chute por jogo e o garçom Scarpa entrega 3 assistências em média.
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E o texto encerra com a marca registrada de Ganso que é carimbar e dar o ritmo na organização de suas equipes. O Fluminense aciona PH Ganso 48 vezes por jogo! Arrascaeta é procurado 30 vezes por seus companheiros e Scarpa, mesmo sendo o grande assistente, recebe a bola 23 vezes em média a cada 90 minutos. Toda essa procura por Ganso o deixa possuidor de 83 ações individuais por partida, uma onipresença quase inatingível para meio-campistas. Nacho (76), Marlon Freitas (75), Arrascaeta (72) e Gustavo Scarpa (53), jogadores acima da média não conseguem competir com a atual fase do meia tricolor.
Ganso é um deleite para quem gosta do futebol criativo e gera sempre o comentário de que jogar parece fácil quando a bola está a seus pés. Isso não se discute. O que se analisa é o nível de performance e o quanto ele entrega durante uma partida. Nesta temporada Ganso vem unindo o útil ao agradável.
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