Copa Tática: Austrália tem Mundial como o início do ciclo
Bert Van Marwijk assumiu como técnico no início do ano. Nome respeitável, mas de perfil bastante diferente do antecessor. Será possível gerar um efeito positivo como o de 2014?
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Em 2014, a Austrália deixou boa impressão. Caiu em um dos grupos mais complicados da Copa do Mundo (com Espanha, Holanda e Chile) e sequer pontuou, mas mostrou uma imagem animadora diante de adversários bem superiores. Era o estágio inicial do trabalho de Ange Postecoglu, contratado em outubro de 2013, após goleadas sofridas para Brasil e França. Com a missão de promover uma renovação em um grupo de remanescentes de 2006, Postecoglu tinha o respaldo do trabalho de sucesso nos clubes do país.
Na Copa de 2014, chegou a apresentar um modelo mais agressivo, apostando na velocidade de nomes como Matthew Leckie. Na Copa da Ásia de 2015, viu a aparição de Massimo Luongo como estrela do título continental. O problema é que o desempenho posterior foi decepcionante e a vaga na Copa de 2018 esteve extremamente ameaçada.
Apesar do modelo consolidado, a Austrália teve problemas recorrentes nas eliminatórias. Ao atuar em um 3-4-2-1, teve dificuldades para definir a característica dos alas e em que altura do campo eles atuariam, chegando a ter um 3-2-4-1 sem qualquer recomposição dos pontas no momento defensivo. Isso custou caro em alguns confrontos, como contra o Iraque. Não por acaso, o time foi vazado em nove dos últimos dez jogos. Na repescagem contra a Síria,
avançou apenas na prorrogação e viu o adversário ter a bola da classificação na trave nos minutos finais.
Inicialmente, o nome certo seria Matthew Leckie na direita, para ter um jogador bastante agressivo e veloz abrindo o campo. A esquerda já apresentou mais problemas. Brad Smith sofreu lesões, Robbie Kruse foi uma alternativa muito ofensiva e desequilibrou a equipe e, no fim, Behich parece ter vencido a disputa com Gersbach. O alvo constante dos adversários era atacar as costas de Leckie, obrigando o zagueiro pela direita a fazer longas coberturas.
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Degenek, em especial, sofreu e ficou exposto diversas vezes. O setor melhor servido era o meio, com Jedinak, Luongo, Milligan, Mooy, Irvine e Rogic disputando quatro vagas. E o ataque teve Tomi Juric como referência, sem esquecer da arma que o ídolo Tim Cahill representa saindo do banco. A grande questão é que Ange Postecoglu pediu demissão em novembro de 2017 e a Austrália ficou aparentemente sem rumo.
Apesar da queda de desempenho e da imagem ruim no último ano, o saldo do trabalho foi positivo e seria difícil pensar em nomes para a sequência. Em fevereiro de 2018, quatro meses antes da Copa do Mundo, Bert Van Marwijk foi
anunciado. Um nome respeitável pelo currículo (vice em 2010 com a Holanda e comandante na classificação da Arábia Saudita para 2018), mas de perfil bastante diferente. Sem muito tempo para trabalhar, será possível gerar um efeito positivo semelhante ao de 2014?
Van Marwijk é um treinador mais conservador e logo fez mudanças táticas. A começar pela linha de defesa, que será de quatro. Assim, Risdon ganha posição na lateral direita, empurrando Leckie para a segunda linha de quatro, sua função de origem. A tendência (ou pelo menos o objetivo) é de um crescimento defensivo, desde que o time consiga absorver as novas ideias em tão pouco tempo. O possível impacto negativo da mudança é a redução do número de vagas para os meio-campistas, de quatro para três.
No provável 4-2-3-1, o técnico precisará optar por combinações específicas. É possível ter Jedinak e Mooy na dupla de volantes se quiser ter, respectivamente, força física na proteção e qualidade de passe na distribuição. Neste caso, Luongo e Milligan perdem espaço, sendo que o segundo pode atuar como zagueiro. Na linha dos três meias, a direita é de Leckie, mas as outras duas vagas são abertas. Por dentro, Rogic e Irvine dão opções diferentes. O meia do Celtic tem melhor poder de organização e o chute de fora, enquanto o jogador do Hull City tem a chegada à área com forte jogo aéreo para definir.
Uma alternativa ainda mais conservadora seria ter dois volantes atrás de Aaron Mooy. Na esquerda, Robbie Kruse teoricamente é o nome para a posição, mas Van Marwijk já testou novas opções: Andrew Nabbout e Dimitri Petratos são novatos na seleção e tentam ganhar espaço com o novo comandante. Daniel Arzani é o mais jovem da Copa do Mundo e o único nascido em 1999 entre os inscritos para o torneio.
No ataque, Tomi Juric só não será o titular caso não se recupere da lesão que sofreu durante a preparação. Alvo para as ligações diretas, não oferece muito tecnicamente, mas é uma ameaça pelo alto. Mesmo no banco, Tim Cahill ainda é a principal estrela. Tanto que foi o artilheiro da seleção nas eliminatórias e marcou os dois gols da decisiva partida contra a Síria. Sua liderança muda o nível de confiança do resto da equipe, mesmo que, aos 38 anos, precise ser preservado para atuar nos 30 minutos finais de alguns jogos.
O que não deve mudar é a bola parada como grande arma ofensiva. Geralmente são cinco jogadores atacando a pequena área, com foco na primeira trave. A Austrália chega à Rússia com um trabalho em estágio inicial e, diferentemente de 2014, sem gerar qualquer expectativa em relação ao seu modelo de jogo. Após um ano de 2017 ruim e a troca radical de estilos, qualquer ponto será lucro. Não por falta de qualidade, mas principalmente pelo cenário.
Jogos no Grupo C
16/6 - 7h - França x Austrália
21/6 - 9h - Dinamarca x Austrália
26/6 - 11h - Austrália x Peru
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