Copa Tática: Senegal tem o contra-ataque como arma, ao estilo 2002
Com ex-jogador da campanha há 16 como treinador, seleção aposta na velocidade. Mané virou a grande estrela do país após o sucesso do ataque do Liverpool
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Aliou Cissé foi volante titular da seleção senegalesa que surpreendeu o mundo ao vencer a França no jogo de abertura da Copa do Mundo de 2002. 16 anos depois da única e marcante participação em um mundial, o país conta com o ex-jogador para comandar uma geração mais experimentada nos campeonatos de ponta.
Nomes como Henri Camara, El Hadji Diouf, Salif Diao e Papa Bouba Diop ganharam projeção com aquela campanha, mas não eram e nem se transformaram em estrelas mundiais. Para 2018, todos os setores do elenco contam com destaques de campeonatos relevantes. Senegal talvez seja a seleção de elenco mais equilibrado entre as africanas. Não tem meias criativos como Marrocos ou um protagonista como o Egito, mas possui pilares defensivos que chamam atenção.
Kalidou Koulibaly vem de duas belas temporadas no Napoli e pode contar com a parceria de Salif Sané, zagueiro de muita força física no jogo aéreo e que fez excelente Bundesliga 2017/18 pelo Hannover. Teoricamente, a área defensiva de Senegal está bem protegida com a dupla, por mais que as laterais não tenham o mesmo nível.
A potência física também é característica marcante no centro do campo. Kouyaté e Gueye são volantes de muita ocupação de espaço e acostumados ao acelerado ritmo da Premier League. O meio-campista do Everton é, inclusive, referência em desarmes e interceptações desde que chegou ao futebol inglês, preenchendo uma enorme parcela do campo com sua leitura defensiva.
Embora N'Doye e Alfred N'Diaye tenham se alternado como terceiro elemento do setor, o bom nível de Badou Ndiaye em 2018 não pode ser ignorado. O meio-campista foi contratado pelo Stoke e, apesar do rebaixamento, deixou boa impressão.
O que a faixa central não possui é grande criatividade. Vigor físico, ocupação de espaço e explosão para eventuais conduções ao ataque, mas pouca pausa ou capacidade técnica. Até por isso, é fundamental que os pontas tenham o impacto esperado. Sadio Mané, M'Baye Niang e Keita Baldé são especialistas em arrancadas em direção ao gol. Indiscutivelmente, Mané virou a grande estrela do país após o sucesso do ataque do Liverpool. Sua temporada teve altos e baixos, mas o melhor desempenho sempre esteve relacionado ao papel de ponta no 4-3-3. Em Senegal, seu improviso é chave para desequilibrar e criar situações de gol. No caso de Keita Baldé, o primeiro ano de Monaco não teve o mesmo impacto do último na Lazio. De qualquer forma, sua utilização como 9 abre a possibilidade para um trio ofensivo mais leve e capaz de usar a velocidade para pressionar adversários, potencializando a capacidade física da equipe. Niang perdeu espaço no Torino ao longo da temporada, mas ainda tem importante responsabilidade na seleção. Ismaila Sarr, de 20 anos, é outro nome de potencial e que pode ganhar minutos ao longo da competição.
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Com características individuais tão claras, é natural que Senegal tenha no contra-ataque uma grande arma. Ter que propor e pensar o que fazer com a posse de bola pode virar um incômodo em cenários de menor intensidade. E a escolha da referência no ataque vira um tópico relevante. O veterano Moussa Sow seria o principal finalizador do elenco, mas não fez boa temporada e virou banco do Bursaspor. Mame Diouf também acrescenta porte físico e presença no comando de ataque, mas passou boa parte de 2017/18 sacrificado como ala ou meia aberto no Stoke. Diante de tal dificuldade, Diafra Sakho se mantém como alternativa, mesmo que não apresente seu melhor nível desde 2014/15.
Se o momento dos centroavantes gera dúvidas, o peso em cima dos pontas fica ainda maior. E o jogo pelos lados vira o termômetro de acordo com a proposta. Nos amistosos de março, Aliou Cissé chegou a testar um sistema com três zagueiros, dando liberdade para os laterais atacarem como alas. De qualquer forma, pareceu apenas um último vestibular para as escolhas finais do elenco, já que rodou muito as peças e escalou dois centroavantes juntos. Outra alternativa trabalhada foi Salif Sané como volante, com Kara Mbodji ao lado de Koulibaly na zaga. No gol, a curiosidade é a disputa pública pela titularidade, com Diallo e Khadim N'Diaye se alternando em muitos jogos. Pode pesar o maior ritmo de N'Diaye pelo clube, já que Diallo é reserva do Rennes, na França.
Senegal não entra como a seleção africana mais badalada, mas tem uma vantagem teórica: a de confiar mais na capacidade defensiva. Contra adversários contra a Colômbia, defender a própria área pode significar ter campo para acelerar nos contra-ataques, a proposta que parece mais condizente com as características individuais da equipe. Corre por fora na luta por classificação e tende a ser o representante mais pragmático do continente, mas tem chances de incomodar se peças como Mané e Gueye estiverem no melhor nível.
Jogos no Grupo H
19/6 - 12h - Polônia x Senegal
24/6 - 12h - Japão x Senegal
28/6 - 11h - Senegal x Colômbia
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