Em uma Copa do Mundo marcada por manifestações sociais, a Inglaterra tem se mostrado uma das seleções mais engajadas. Entre as sete delegações que abraçaram a campanha ‘OneLove’, a equipe também tem se ajoelhado com os punhos levantados momentos antes de a bola rolar. Os atletas ingleses fizeram isso nos dois jogos que tiveram até aqui.
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Essa atitude seria tomada independentemente da censura da Fifa à braçadeira de capitão que Harry Kane e jogadores de outras seis seleções utilizariam no Mundial, levando a logomarca do movimento que luta pelos direitos da comunidade LGBTQIA+. A entidade máxima do futebol, no entanto, ameaçou punir esportivamente quem entrasse em campo levando a mensagem em seu uniforme, recebendo cartão amarelo ou até sendo suspenso nos jogos seguintes, o que fez com que as federações dos países envolvidos recuassem na decisão. A decisão de dar um passo atrás não contou com a participação dos atletas.
Paralelamente a isso, os ingleses já haviam decidido protestar silenciosamente segundos antes do apito inicial das partidas. A atitude não é inédita. Na campanha do vice-campeonato europeu, no ano passado, o elenco da Inglaterra se ajoelhou antes de todas as partidas. Nas primeiras vezes que tomou a atitude, inclusive, houve resistência em parte das arquibancadas com vaias.
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O gesto de se ajoelhar com os punhos fechados se popularizaram na história recente do esporte em 2016, quando o então quarterback do San Francisco 49rs, Colin Kaepernick, tomou a atitude durante a execução do hino nacional americano antes dos jogos da NFL, a fim de alertar sobre a desigualdade racial. Mas a ação ganhou força em maio de 2020 após o assassinato do afro-americano George Floyd em Minneapolis, nos Estados Unidos, impulsionando o movimento ‘Black Lives Matters’, abraçado ao redor do mundo.
Dessa vez, a decisão do grupo é passar uma mensagem de inclusão aos mais jovens, de acordo com o técnico Gareth Southgate, da Inglaterra.
- Achamos que é uma declaração forte que irá ao redor do mundo para os jovens em particular, para ver que a inclusão é muito importante - disse o treinador inglês, antes da estreia da sua seleção no Mundial, contra o Irã.
Mesmo após o fim da Euro, a seleção da Inglaterra seguiu se ajoelhando nas partidas seguintes, mas não repetiu o gesto nos últimos jogos antes do Mundial, em setembro, pela Liga das Nações. Na Premier League, os clubes já haviam decidido não manter a atitude em todas as rodadas fazendo apenas em situações específicas.
- É o que defendemos como equipe e fazemos há muito tempo. Entendemos na Premier League que os clubes decidiram fazê-lo apenas em determinados jogos, grandes ocasiões. Sentimos que essa é a maior - destacou Southgate.
Recentemente, alguns jogadores da seleção inglesa foram vítimas de racismo por conta dos pênaltis que perderam na final da Euro. Os atacantes Bukayo Saka, Jadon Sancho e Marcus Rashford desperdiçaram as suas cobranças na derrota do English Team em pleno estádio Wembley, em Londres, e por conta disso foram expostos a ataques preconceituosos através das redes sociais.
Do trio, somente Sancho não está na Copa do Mundo, por decisão técnica, já que não fez uma boa temporada pelo Manchester United. Saka e Rashford, no entanto, fazem parte do grupo inglês e, inclusive, já fizeram gols nesta Copa. O primeiro foi titular e marcou duas vezes na estreia, contra o Irã. Já o segundo, entrou no segundo tempo e logo no seu primeiro lance foi às redes.
A Inglaterra lidera o grupo B da Copa do Mundo, com quatro pontos. Na última rodada, os Três Leões vão encarar o País de Gales, no chamado ‘Clássico da Bretanha’. Um empate classificará os ingleses às oitavas de final do Mundial.