Mano a mano: ícones da Argentina, Messi e Carlos Gardel têm laços com a França
Camisa 10 tenta coroar sua era na albiceleste neste domingo (18) com título na Copa. Ligação entre tango e futebol rende histórias curiosas
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Adversários neste domingo (18), às 12h (de Brasília), na decisão da Copa do Mundo, França e Argentina têm ligações culturais importantes graças a dois ícones. Messi, o camisa 10 que tentará levar a albiceleste ao seu esperado tricampeonato mundial logo mais, e Carlos Gardel, um dos grandes cantores de tango, têm estes dois países em sua história.
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Após ter se consagrado no Barcelona, Lionel Messi deixou o clube blaugrana e desembarcou no PSG. o início foi turbulento e com dificuldade de adaptação, mas o argentino fez parte do elenco que conquistou o Campeonato Francês. Seu desempenho, porém, não ajudou na busca pelo título da Liga dos Campeões.
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Nada que arranhe a imagem do astro, em especial após ter deslanchado na Copa do Mundo de 2022. Sobram esperanças em corações argentinos pelo duelo com os franceses e há muita ansiedade pelo 2023 de Messi no PSG.
Quanto a Carlos Gardel, cantor que na década de 1920 passou a fascinar apaixonados por música, a ligação vem de berço. Há dez anos e após muitos rumores sobre seu local de nascimento verdadeiro, enfim foi encontrada sua certidão. Em 11 de dezembro de 1890, Charles Romuald Gardès nasceu em Toulose, ao sul da França.
Ainda criança, "El Mago" foi para a Argentina junto com sua mãe. Depois de cantar em festas e comícios, aos poucos passou a soltar a voz profissionalmente no país. Seu trajeto foi da França para o país sul-americano, enquanto Messi deixou Rosário, fez uma longa e vitoriosa escala em Barcelona e só recentemente chegou em Paris.
- É uma coincidência muito interessante do destino os dois terem os mesmos países na sua história - afirmou ao LANCE! Gabriel Soria, presidente da Academia Nacional de Tango.
GARDEL, 'EL MAGO': FENÔMENO DA FASE DE OURO DO TANGO
Carlos Gardel soltou sua voz pela primeira vez para gravar um tango em 1917, com "Mi Noche Triste". Também diretor do Museu Carlos Gardel, Gabriel Soria definiu as interpretações do cantor como um divisor de águas para o cancioneiro argentino.
- O fenômeno de Carlos Gardel é algo único na história de nossa música, e creio que também é algo totalmente destacado. Sobretudo, porque Gardel inventou um gênero, o do tango cantado! Não só o inventou, como também o levou adiante, através de uma carreira que incluiu filmes, gravações de grandes discos, de temas em diferentes idiomas e de interpretações de diferentes repertórios - e acrescentou:
- Isso por tudo o que provocou Gardel, por seu cuidado estético de uma figura personalíssima, único feito ele - completou.
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O coração de torcedor de "El Mago" bateu mais forte pelo Racing. O Estádio El Cilindro tem uma estátua sua. Porém, há registros de seu carinho pelo Nacional, o que também rendeu uma estátua no estádio do clube uruguaio.
"El Mago" morreu aos 44 anos, em um acidente aéreo que também vitimou seu parceiro Alfredo Le Pera (brasileiro radicado em solo argentino). Porém, o repertório de Carlos Gardel segue lembrado em canções do quilate de "El Día Que Me Quieras", "Mano a Mano", "Mi Buenos Aires Querido", "Volver", "A Media Luz" e "Por Una Cabeza".
ASTOR PIAZZOLLA: GÊNIO DA GERAÇÃO SEGUINTE DO TANGO
Após o período no qual Carlos Gardel entrou de vez na história argentina, outra geração surgiu no tango. Uma de suas figuras mais marcantes era Astor Piazzolla. Segundo Soria, o músico trouxe inovações ao estilo.
- Com Piazzolla, houve uma paixão de crescimento mundial. Ele apresentou uma sonoridade própria, uma forma distinta de interpretar um tango. Mudou o tango dentro do próprio tango! E o fez com uma grande sabedoria, tocando sempre seu bandoneón. Jamais se distanciou do seu instrumento de origem, com o qual foi reconhecido no mundo todo - destacou.
O presidente da Academia Nacional de Tango é veemente.
- Piazzolla é um dos mais importantes compositores do século XX. Isso demonstra a permanência de sua obra como compositor instrumental e da sua obra com letra. Temos de destacar a parceria com Ignacio Ferrer, assim como a de Gardel com Alfredo Le Pera. O poeta e o músico se encontram em um momento histórico do tempo e ambos colaboram em quantidades especiais - definiu.
Astor Piazzolla tem entre suas canções "Libertango", "Adiós, Nonino", "Zum" e "Tristeza de Un Doble A". No Brasil, gravou um disco em parceria com Tom Jobim. O argentino sofreu uma hemorragia cerebral em Paris em 1990. Em 4 de julho de 1992, morreu em Buenos Aires.
MARADONA E MESSI DA MÚSICA?
O fato de serem de diferentes gerações faz com que Maradona e Messi sejam comparados com frequência. O destino dos craques chegou a se cruzar no Mundial de 2010, quando "El Pibe" treinou o atual camisa 10 argentino na campanha que terminou abruptamente nas quartas de final (com uma derrota dolorosa por 4 a 0 para a Alemanha).
Apesar de serem de décadas diferentes, os destaques do tango Carlos Gardel e Astor Piazzolla se encontraram de forma inusitada. "El Mago" estava rodando em Nova York o filme "O Dia Que Me Queiras", no qual o então iniciante Piazzolla fez uma ponta como entregador de jornais.
Gabriel Soria vê semelhanças na forma como os gênios do estilo musical e da bola conseguiram ganhar tamanho reconhecimento dos argentinos.
- Eles representam o sentir argentino. A comparação com ícones como Gardel e Piazzolla leva a uma comparação artística, de um esforço artístico para alcançar uma qualidade de resultado, como fez Maradona em sua época e como hoje faz Messi em campo - destacou.
TANGO DA BOLA
A frequente comparação entre futebol e tango não chega a surpreender o presidente da Academia Nacional de Tango e diretor do Museu Carlos Gardel. Para ele, o estilo musical está presente também na dança.
- Há jogadas que vimos muitas vezes, seja da Argentina ou de outras equipes, que parecem um baile de tango. O tango é repleto de movimentos simples, cotidianos que se transformam em artísticos quando um parceiro se abraça em uma pista e interpreta o que está dançando. O que fazem os jogadores também é interpretado - apontou Gabriel Soria.
Aos seus olhos, a alma argentina também é pulsante ao ouvir um tango e ao acompanhar uma partida de futebol.
- Creio que nós, argentinos, temos enraizados o tango em sua letra e música. Sobretudo as letras que souberam traduzir com sua letra, sensibilidade e com força o que passa o ser humano. O que se diz hoje do Messi tem um conteúdo ligado à paixão. Sem paixão não há nada, não se pode chegar a nada - destacou.
A poucas horas dos argentinos encararem os franceses, Gabriel Soria já escolheu uma canção que quer escutar caso o título da equipe de Lionel Scaloni seja confirmado.
- Ah, eu gostaria de escutar o tango "Quejas Del Bandoneon", na versão de Anibal Troilo. Este seria o tangazo para celebrar a Argentina campeã! Troilo é a figura central do século XX do tango como condutor de sua orquestra, criador de obras instrumentais e cantadas, compositor e diretor de cantores. Troilo é uma figura que cruza todo o século XX e segue dominando o século XXI, quem sabe dos mais completos da história do tango. Desde intérprete até sua chegada como compositor e como homem de Buenos Aires - e acrescentou:
- Sem nenhuma dúvida, seria uma homenagem à Argentina, aos argentinos de antes, que forjaram a pátria e aos do futuro - finalizou.
Cabe ao condutor Messi fazer um espetáculo de gala em sua última Copa do Mundo. E ao regente da orquestra Lionel Scaloni fazer com que os atletas estejam bem afinados.
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