Ao redor do Kremlin de Kazan, um dos pontos turísticos mais famosos da cidade onde a Seleção Brasileira enfrenta a Bélgica na próxima sexta-feira, um homem de sombreiro, portanto mexicano, chama a atenção por trajar uma camisa do Santos. Não é por acaso. Isaac Murisi Pedroza tem uma relação estreita com o Brasil. Ele morou em São Paulo por dois anos. O "Murisi" também não é por acaso. É uma homenagem a Muricy Ramalho, ex-treinador com passagens pelo futebol mexicano e hoje comentarista do canal 'SporTV' na Copa do Mundo.
A coincidência proporcionou um "encontro" entre os xarás. A reportagem do LANCE! encontrou o torcedor em Kazan, onde será disputada as quartas de final da Copa, e ouviu o relato surpreendente. Isaac ganhou o sobrenome de Murisi por causa de uma aposta do paí. E acabou o dia levando para casa um recado especial do ex-treinador.
- No ano que eu nasci, a final do campeonato mexicano foi Pueblea e Chivas, e meu pai tinha um amigo em cada time. Então, ele falou que colocaria o nome de quem fizesse o gol. O Muricy fez e fiquei com o nome. Eu gosto - contou o Murisi mexicano.
Logo após o torcedor contar sua história, a reportagem entrou em contato com Muricy, que respondeu com carinho por uma mensagem de áudio no telefone. Muricy atuou no Puebla de 1979 a 1985.
- Realmente o Puebla nunca tinha sido campeão e fomos para a final. Inclusive eu fiz o gol. E que bom, pelo menos tenho um representante no México com meu nome. E para mim é um motivo de orgulho que você tenha esse nome. Foi uma época excelente, joguei lá seis anos, time que gosto até hoje. Obrigado por seu pai ter colocado meu nome - disse Muricy.
O ano da final e nascimento do Murisi mexicano foi 1983. Ali, o apaixonado por futebol da cidade de Guadalajara já estava ligado ao Brasil mesmo sem querer. Mas a relação ficaria mais próxima com o passar dos anos, ao ponto de ele ter contato com os jogadores da Seleção. Em 2009, atuou de tradutor para a Seleção durante a Copa Chivas Internacional, torneio sub-17 que contou com seleções e clubes. Na ocasião, Murisi teve contato próximo com os jogadores, inclusive com Philippe Coutinho, hoje uma das principais estrelas do Brasil que eliminou o México da Copa.
Em 2014, o mexicano transformou sua admiração pelo Brasil. Ele mudou para São Paulo, onde viveu por dois anos. O período foi suficiente para ele aumentar seu carinho pelo Santos de Pelé, famoso no México desde a conquista da Copa do Mundo de 1970 no país. Em uma visita ao museu do Rei em Santos, adquiriu a camisa do Peixe que hoje exibe com orgulho pelas ruas de Kazan.
O torcedor está na cidade porque confiava na classificação da seleção de seu país para as quartas de final. Acabou esbarrando em Neymar e Cia., mas não guarda mágoa. Vai torcer para o Brasil contra a Bélgica e tem análise ponderada sobre Neymar.
- Acho que ele é bom jogador, mas eé meio exagerado, nas faltas, mas é estilo dele. Vou torcer para o Brasil e vamos ganhar! - decretou.
Para o hexa, todo apoio é bem-vindo, ainda mais de quem herda um nome de importância para o futebol brasileiro.