A manhã de domingo em Samara (madrugada no Brasil, o fuso horário é de uma hora depois de Moscou, ou sete de Brasília) foi colorida por torcedores da Costa Rica. Em muito maior número – não seria injusto dizer que algo em torno de 20 para 1 – os latinos passeavam pela região da Praça da Revolução, pegando a rua Kuybychev até a praça do mesmo nome, que é a maior da Rússia e local da fan zone da cidade.
- Aqui é nossa primeira parada e vamos aos três jogos da Costa Rica. Espero um bom resultado. Pelo menos em torcida a gente está dando de goleada nos sérvios – disse Mariño, que está há uma semana na Rússia e veio de Moscou com outros seis amigos.
Diferentemente dos barulhentos colombianos, argentinos e brasileiros, o pessoal da Costa Rica é bem mais reservado. Eles passeiam, tiram fotos, selfies. Uma vez ou outra se escuta um “Tico”, apelido da seleção.
Carolina aproveitava para tirar selfies de alguns dos cartões postais, como a estátua de Lênin na Praça da Revolução, às margens do Rio Volga, e as muitas igrejas ortodoxas, de design inconfundíveis.
- Acreditamos que sairemos com bons resultados, talvez uma vaga nas oitavas
– disse a costarriquenha, que viajou até a Rússia ao lado do pai e do irmão – ambos Manoel – e do tio Giovani. Todos torcedores da Alajuelense, um dos grandes ao lado do Saprissa.
- Tomara que a seleção repita o que fez em 2014, mas é difícil, o time está envelhecido e pouco mudou – disse Manoel Filho.
O quarteto também assegurou ingressos para os três jogos da seleção na primeira fase.
- O duro vai ser chegar até São Petersburgo para ver o jogo do Brasil. Avião, trem de dez horas....- lamentou Carolina.
Um raro sérvio pegava um sol no calçadão que dá para uma inusitada praia às margens do Rio Volga, no qual cerca de 20 pessoas – todas acima dos 50 - tomavam banho de sol. Nenhuma se aventurava na água gélida.
- Você que é brasileiro deve estar estranhando. Como pode uma praia no meio da Rússia – brincava Andrei, o sérvio que veio para um bate e volta: o único ingresso que tinha era para o jogo deste domingo.
- Espero que a nossa torcida compareça. Só estou vendo costarriquenho – disse o sérvio, enquanto saboreava um sanduíche bem típico por aqui: pão recheado com batata cozida e salsicha.
Russos também marcavam presença. Quase todos a caminho da Fan Zone. Dimitri, um dos 1,2 milhão de habitantes de Samara e que torce para o time local (o mediano Krylya Sovetov, nunca ganhou um campeonato russo), disse que imagina que a grande maioria dos seus compatriotas no estádio são a favor Sérvia.
- A Costa Rica é um país legal. Mas a Sérvia é muito próximo do nosso, há muita identificação. Espero que tenha sorte – disse o adolescente, que iria ver o jogo na Fan Zone.