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Protestos de jogadores da seleção alemã vêm de antes da Copa do Mundo. Veja manifestações anteriores

De pedidos de boicote a braçadeiras, posicionamento forte tem sido marca da Alemanha nos últimos anos no futebol

Alemanha x Japão
Jogadores da Alemanha protestam por não poder expressar apoio à causa LGBTQIA=  EFE / Friedemann Vogel

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Apesar da derrota que a Alemanha sofreu para o Japão, por 2 a 1, em sua estreia na Copa do Mundo, a seleção alemã deixou seu recado. Com  posicionamento forte contra a realização do torneio no Qatar, os jogadores alemães levaram as mãos à boca ao posarem para a foto antes do jogo no Estádio Khalifa. A imagem repercutiu nos holofotes do futebol mundial.

Esta foi uma reação ao fato da Fifa ameaçar dar cartão amarelo ao capitão que entrasse em campo com a braçadeira do "One Love" em vez da faixa da entidade. O movimento, criado para defender os direitos humanos e se opor a discriminação de raças, de origens e de gênero tinha o intuito de criticar a realização da Copa do Mundo no Qatar.

No país-sede do Mundial de 2022, houve manifestações pelos direitos tanto de trabalhadores quanto de direitos LGBTQIAP+.

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DESDE MUITO ANTES DA COPA

Os protestos entre os alemães já não são de hoje. Meses antes do torneio, torcedores de clubes de todo o país se manifestaram nas arquibancadas dos estádios alemães pedindo para que o selecionado boicotasse o Mundial no Golfo. As manifestações começaram em 2020, quando uma torcedora lançou nas redes sociais, uma hashtag com a frase em inglês "Boycott Qatar". 

Em novembro de 2021, jogadores da Alemanha vestiram camisas com letras formando a frase "Direitos Humanos", em protesto contra as condições de trabalho impostas a migrantes que participaram das obras para o Mundial. A manifestação foi antes do jogo contra Gibraltar pelas Eliminatórias. 

Nos últimos meses, foi muito comum ver faixas pedindo o boicote do torneio em arquibancadas de estádios alemães e em estabelecimentos comerciais na rua. Na última rodada da Bundesliga antes da pausa para o torneio, torcidas de clubes como Schalke, Werder Bremen, Borussia Mönchengladbach, Freiburg e Borussia Dortmund mostraram mensagens contra a realização do torneio no Qatar. 

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As torcidas do Bayern de Munique também já fizeram protestos contra a parceria com a companhia aérea estatal do Qatar, onde o clube também realiza treinos nas paradas de inverno do Campeonato Alemão. 

Bares na Alemanha pretendem fechar e inclusive, há relatos de que nas ruas do país não há tantas bandeiras e adereços da seleção alemã, o que mostra um interesse limitado com relação a outras Copas do Mundo. 

O goleiro Manuel Neuer é um dos jogadores que mais se manifestam em favor da causa LGBTQIA+ e também é um dos capitães que se mostraram dispostos a entrar em campo com braçadeira com a frase "One Love" com um coração pintado pelas cores da bandeira do movimento, mas a faixa acabou sendo barrada pela Fifa e quem a usasse estaria sujeito a uma punição com cartão amarelo. 

Schalke - Boicote
Torcedores do Schalke pedem boicote ao Mundial (AFP)

POSIÇÃO ALEMÃ NA EURO

Na Eurocopa realizada em 2021, a Alemanha esteve envolvida em uma polêmica diretamente relacionada à causa LGBTQIA+. Durante a fase de grupos, os alemães passaram a se posicionar mais após as constantes manifestações homofóbicas de grupos neonazistas de torcedores da Hungria nos estádios.

Para responder ao barulho feito por estes grupos, a prefeitura de Munique pediu à Uefa para que pudesse iluminar a fachada da Allianz Arena, sede do jogo entre a Alemanha e a Hungria, com as cores da bandeira LGBTQIA+. A entidade europeia não permitiu e em detrimento disso, clubes alemães iluminaram seus estádios com o arco-íris.  Torcedores também levaram bandeiras do movimento para a partida no dia. 

REPERCUSSÃO NO QATAR

A derrota alemã para o Japão repercutiu no Oriente Médio. O jornal "Marsal Qatar" utilizou suas redes sociais para ironizar o revés: ""Isso é o que acontece quando você não está com o foco no futebol".

Pesquisador do Grupo de Estudos e Pesquisas em Oriente Médio (Gepom), Andrew Traumann vê alguns contrassensos nas manifestações durante o Mundial.

- Há uma série de fatores. Existe um ponto de verdade. Sabemos que o governo do Qatar não respeita os direitos humanos, direitos LGBT's... Porém, a sede foi escolhida há 11 anos e, pelo que estamos vendo de analistas, parece que esta escolha aconteceu no domingo! Acordaram agora para os problemas no Qatar. Acredito que a culpa disto tudo seja da Fifa, pois o Qatar não era nem de longe o mais preparado. Há toda uma questão de "sportswashing" (uso de esportes para melhorar imagem de um governo), que envolve outras questões no Oriente Médio. A Fifa nunca se importou com isso. A entidade não se importa com os direitos humanos - disse.

O professor de História das Relações Internacionais da Unicuritiba, no entanto, apontou algumas contradições nas medidas tomadas em campo.

- Acredito que tenha uma baita hipocrisia nestes países que falam em direitos humanos e LGBT's... Não podemos esquecer como esses mesmos países tratam os imigrantes, como os refugiados sírios são tratados. Sem defender de forma alguma o Qatar, mas acredito que todos os países tenham seus esqueletos no armário. Porém, a impressão que passa é que o Ocidente é o portador da virtude e os árabes têm o estigma de malvados - e destacou:

- Há duas questões. O Qatar não deveria ser sede de Copa por uma série de questões. Além dos direitos humanos, que devem ser levados em conta, trata-se de um país muito pequeno, com infraestrutura bastante complicada. Mas apontar isso agora? Deveriam apontar lá em 2011! - concluiu.

O especialista em Oriente Médio crê que o Mundial tenha um objetivo de tornar o Qatar atraente aos olhos de investidores.

- É muito mais uma questão de projeção internacional. De passar uma imagem boa, de atrair investimentos. Transformar o Qatar num país global. Muitos governos autoritários utilizam o esporte para fazer com que o país tenha uma imagem mais positiva  - disse.

Diante deste panorama, resta saber como torcedores e esportistas reagirão ao Mundial do Qatar.

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