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À espera de um milagre, torcedor completará no Maracanã o jogo mil acompanhando o Corinthians

Zé do Carmo segue nos estádios desde 1984 e já viajou diversos lugares do Brasil torcendo pelo clube

Zé do Carmo - Torcedor Corinthians
imagem cameraZé do Carmo chegou ao Rio de Janeiro na manhã desta terça-feira (9) (Foto: Fábio Lázaro/Lancepress)
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Lance!
Rio de Janeiro  (RJ)
Dia 09/08/2022
12:37
Atualizado em 09/08/2022
15:35

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O Corinthians está em busca de fazer história no Rio de Janeiro, mas um dos seus torcedores sabe que, independentemente do resultado contra o Flamengo, nesta terça-feira (9), a partida desta noite será especial.

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+  Pra ter fé na Libertadores! Relembre todas as remontadas do Corinthians neste século

Tal qual o Rei Pelé, que chegou ao milésimo gol no Maracanã, José do Carmo atingirá o seu milhar no lendário estádio carioca. O representante comercial, de 53 anos, completará o seu jogo de número mil acompanhando o Timão.

Derrotado por 2 a 0 no confronto de ida, na Neo Química Arena, o Timão precisará vencer por três gols de diferença, fora de casa, para avançar à semifinal da Libertadores. Triunfo corintiano por dois gols levará a decisão para os pênaltis.

COMO TUDO COMEÇOU

Pé quente, Zé já iniciou a sua trajetória como campeão. A primeira vez em estádio torcendo pelo clube alvinegro foi no dia 14 de dezembro de 1983. O empate em 1 a 1 contra o São Paulo, no Estádio do Morumbi, deu o título paulista ao Coringão. Carmo tinha 14 anos e viu com os seus olhos a festa corintiana.

Desde então foi uma trajetória que envolveu partidas em diversos cantos do Brasil, com os registros guardados em três caixas de papelão, com os bilhetes para entradas nessas partidas. 

Natural de Cambuí, em Minas Gerais, José veio para Jundiaí, cidade do interior de São Paulo, com pouca idade.

A família dele era palmeirense, mas ele optou por contrariar.

Sempre ligado às questões populares, Zé do Carmo nunca esquece a festa que os seus vizinhos fizeram com o título paulista conquistado pelo Corinthians em 1977. Era o fim da fila de 23 anos do Timão e também a escolha definitiva que aquele garoto, então com oito anos, torceria para o Time do Povo.

- Em 77, eu tinha oito aninhos, aquela fase que você vai para escola e decide o time que vai torcer. E tinha uma família que morava ao lado da minha casa que soltava rojão do Corithians a noite inteirinha. Minha mãe me colocava para deitar e eu voltava para fazer a festa no portão, ela me colocava de novo, eu via que ela dormia e voltava - disse Zé ao LANCE!.

JOGO HISTÓRICO NO MARACA

São 38 anos seguindo o Corinthians. Dos 278 jogos que o clube mandou na Neo Química Arena, desde a inauguração do estádio, em 2014, o representante comercial só perdeu 14. Seis deles por conta de uma lesão jogando bola, que o rendeu três cirurgias no tornozelo. Os outros foram por conta de compromissos pessoais.

Neste ano, José perdeu duas partidas. Contra Goiás e Botafogo. Caso tivesse ido, o duelo contra a Estrela Solitária seria o milésimo de Carmo no meio da Fiel.

No entanto, em maio, o corintiano esteve em Buenos Aires, acompanhando o Timão no jogo contra o Boca Juniors pela fase de grupos da Libertadores. Foi a primeira vez do torcedor acompanhando o Corinthians fora do Brasil, o que necessitou de um acordo prévio com a esposa para acontecer.

- O meu primeiro casamento acabou por conta do Corinthians, e o segundo estava indo para o mesmo caminho. Em 2015, quando eu voltei do Mineirão, depois de um jogo contra o Atlético-MG, tive uma briga feia com a minha esposa, e ela me fez prometer que eu não iria mais em jogos fora de casa. Ela pegou a minha minha mãe e minha filha do primeiro casamento e me fez prometer na frente delas. Brinco que me fez autenticar no cartório de Jundiaí - brincou do Carmo.

- Mas eu queria ir no jogo da Bombonera, pedi e ela autorizou com uma condição: que eu fosse ao retiro de casais que aconteceria no fim de semana do jogo contra o Botafogo. Não podia usar celular, mas durante um momento, após o jantar, a noite, eu fui até o carro, peguei o celular, fui ao banheiro e vi que o Corinthians havia vencido por 1 a 0 e vibrei - acrescentou o Louco do Bando.

Contra o Goiás, a ausência ocorreu por conta de um compromisso como padrinho de casamento, em Minas Gerais.

VAI E LEVA A GALERA

Nos oito anos de Neo Química Arena, Zé do Carmo não só é presença constante nos jogos, como leva uma galera

- Eu tenho amigos que não conseguem ir para todos os jogos e outros que não têm Fiel Torcedor. Então eu faço o intermédio. Vejo quem não vai e quem quer ir e coloco em contato. Não relo em dinheiro, não quero lucro. A minha maior vitória é a minha esposa entender o meu amor ao Corinthians e não reclamar que eu vou a todos os jogos em São Paulo - disse Carmo.

O torcedor garante que nesse esquema de colocar pessoas em contato, ele fez algo em torno de mil corintianos conhecerem o estádio em Itaquera.

O programa do sócio torcedor do Corinthians faz um sistema de ranking com o nível de assiduidade dos associados, o que gera prioridade na compra de partidas importantes. Entre 2010 e 2011 do Carmo ficou na primeira colocação. Como se casou no ano seguinte, teve que diminuir a frequência e foi ultrapassado no rating.

IDOLATRIA AO CORINTHIANS E RIVALIDADE COM O PALMEIRAS

Como um corintiano raiz, José do Carmo leva a sério a rivalidade com o Palmeiras, adversário 1.001 nas contas do torcedor, já que neste sábado (13), os times se enfrentam no estádio corintiano, pelo Campeonato Brasileiro.

- Nos meus dois casamentos tinha no convite que era proibida roupa verde. Tem bar que eu entro que tem cadeiras vermelhas (de uma marca de cerveja) e verde (marca de guaraná), eu sempre sento na da cerveja. Se tiver só a do guaraná eu espero vagar alguma da cerveja.

José do Carmo garante que teve somente dois ídolos no futebol: Sócrates e Ronaldo Giovanelli.

O primeiro foi o grande herói da sua infância. Foi o Magrão quem marcou o primeiro gol do Corinthians que Zé viu no estádio, em 1983. O segundo, pela década dedicada ao Timão.

- Antigamente a gente não tinha informação de quem jogaria e os jogadores não aqueciam no gramado. Aí muita gente ia para o estádio ver o Marcelinho, ver o Neto, e quando os atletas entravam eles não estavam. Aí só depois da partida, pelo rádio, que a gente sabia o motivo. Aí às vezes era porque fugiu da concentração, foi pego com mulher. Então, eu não idolatro jogador, eu idolatro o Corinthians - comentou o corintiano.

PREPARAÇÃO ESPECIAL

Para o jogo mil, Zé do Carmo chegou cedo. Ele embarcou de ônibus no terminal Tietê, em São Paulo, às 23h de segunda-feira (8). Por volta das 6h da manhã desta terça-feira (9) chegou ao Rio de Janeiro. 

Ele ficou hospedado em um apartamento alugado por amigos, foi a uma padaria e deu uma volta na praia de Copacabana, na parte de manhã. 

Para a partida, um kit especial foi preparado. Zé do Carmo ganhou do sobrinho uma faixa especial sobre os mil jogos. Ele também foi presenteado por amigos com uma camisa e um moletom com a marca especial, além de um copo embalado em uma caixa personalizada. 

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