Cristóvão já cita ‘marca de campeão’, mas quer impor estilo no Corinthians
Há menos de um mês no clube, treinador reconhece o sistema defensivo como mérito e legado, mas conta ao LANCE! seu objetivo no início de trabalho: fazer o Timão atacar mais!
Cristóvão Borges irá encarar seu primeiro clássico pelo Corinthians no próximo domingo, contra o São Paulo. Ainda que o trabalho não tenha nem chegado a um mês, as impressões são positivas: quatro vitórias e só uma derrota, onze gols marcados e dois sofridos e briga ponto a ponto pela liderança do Brasileirão. Nada mal para quem chegou desacreditado e diante da enorme sombra de Tite. Cristóvão está feliz e não nega. Mas ainda continua faltando mais alguma coisa...
Em entrevista ao LANCE!, o baiano de fala serena e educada explicou seu principal objetivo neste início de trabalho no Timão: obedecer à tradicional solidez defensiva das passagens de Tite e Mano Menezes e empregar de vez o estilo de jogo que considera ideal. Qual estilo? O ataque!
– Time campeão sabe defender, todo campeão. É uma marca. Quem não sabe defender dificilmente será campeão. O que eu procuro fazer é justamente colocar algumas coisas que acho, com meu estilo, em cima disso. A ideia é defensivamente ter uma solidez e aí colocar outras coisas, posse de bola, troca, movimentação, para ser envolvente no ataque. Meu trabalho no início tem sido esse e a gente está caminhando bem – reconhece o treinador do Corinthians.
Encantado com o trabalho desenvolvido pelos profissionais do clube e também com a estrutura do Timão, Cristóvão também deseja imprimir marcas na equipe. Em sua busca pelo resgate da “essência do futebol brasileiro”, o treinador coloca o time como exemplo de aplicação do futebol moderno, mas isso não impede que ele também se posicione. E busque seu primeiro título, claro.
– Controle de jogo, troca de passes, qualidade técnica, triangulações... São elementos de time moderno, e gosto disso – diz o técnico da equipe que tem a melhor defesa e o segundo melhor ataque do Brasileirão. Ah, e que pode alcançar a liderança já na rodada deste domingo.
Até agora tudo está “caminhando bem”, segundo o técnico. Mas pode melhorar! Domingo, ele terá Elias e André à disposição (veja abaixo), e depois até Alexandre Pato. Bom momento, boas notícias... Ao ataque!
BATE-BOLA com CRISTÓVÃO BORGES
TÉCNICO do CORINTHIANS, ao LANCE!
Nos tempos de jogador você era segundo volante, como o Elias. Já planeja utilizá-lo?
A gente está vendo, porque o Bruno Henrique está goleador, o Rodriguinho está goleador... O Elias todo mundo sabe algumas coisas que ele faz, e quando eu jogava contra o Corinthians ele era uma preocupação, porque ele tem um movimento muito difícil de se marcar. Se o jogador tem a posição, você pode chegar e marcar, mas o Elias aparece, e você tem que estar preparado para isso. É uma coisa dele, e que contribui e surpreende.
Ele tem chance de ficar no banco contra o São Paulo, domingo?
Tem, tem.
Hoje o Luciano vive má fase, e o André está prestes a voltar. É possível que já volte ao time titular?
O ideal é você ir colocando aos poucos, até por prevenção, porque tem que ter cuidado. Estamos em uma fase do ano que temos visto muitas lesões, e esse cuidado tem que ter, e é muito grande. O ideal é isso, mas às vezes, e futebol é para ontem, pode ser que você pule etapas. Eles estão treinando e respondendo bem. A quantidade de treinos fez com que eles avançassem bem. Mas não sabemos.
Então é uma possibilidade?
Eu vou testar formações, vou ver, até porque está muito difícil prever o São Paulo, que deve se modificar bastante por causa da Libertadores. Mas eu também tenho que ir testando.
Muito torcedor fala sobre a utilização do Guilherme como um falso 9. Você pensa em aplicar isso?
Existem coisas que às vezes são possíveis em circunstâncias de jogo ou necessidade, aí você arrisca e faz. Mas o que ele tem de potencial, lucidez e inteligência para jogar me mostra que vindo de trás a contribuição é maior.
O Marlone tem enfrentado falta de chances recentemente. Como lidar com a insatisfação de alguns?
Eu já falei com eles sobre isso, já falei com alguns em particular, e o Marlone foi um deles, de que chances todos vão ter. Daqui a pouco vamos jogar duas competições simultâneas, só este mês que é mais espaçado. Teremos que lidar com isso e fazer trocas para ter os jogadores até o fim da temporada, e isso abre brechas. Não dá para dizer quando, mas vai ter chances. O que mais quero é dar chances. Dei para o Camacho, que entrou e infelizmente se machucou, Maycon, Rildo, que não jogava há um bom tempo. Todo mundo é importante e tem que se sentir importante para que a gente seja forte. Tem que ser assim.