O confronto entre Corinthians e Atlético-MG na última rodada do Campeonato Brasileiro do ano passado foi uma das ‘obras do acaso’ que no futuro se tornaria um divisor de águas na história do Timão. Naquele dia, o presidente Duílio Monteiro Alves teve um encontro pouco amistoso com o técnico Cuca, novo comandante corintiano, mas que na época dirigia o Galo.
O treinador estava chateado com o mandatário do Timão, pois teria sido descartado no passado como alternativa para o comando do clube alvinegro. A versão que o profissional tinha era de que a direção da equipe alvinegra havia o classificado como estuprador, por conta da condenação de atentado ao pudor com uso de violência contra uma garota de 13 anos na década de 80, na Suíça, quando o técnico ainda era jogador e defendia o Grêmio. Por conta disso, ele não teria atendido bem Duílio.
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O nome de Cuca realmente havia sido ventilado no Corinthians em duas situações: após a saída de Vagner Mancini, no início de 2021, e depois da demissão de Sylvinho, no começo do ano passado. E nas duas ocasiões, o receio por conta da repercussão negativa referente à condenação foi fundamental para que Alexis Stival não fosse o escolhido.
Duílio Monteiro Alves, à época, não entendeu muito bem o tratamento ruim de Cuca, mas ficou desconfortável e intrigado. No entanto, acabou não dando prosseguimento por dois motivos: estava com a saúde debilitada e tinha um encontro com Vítor Pereira, que definiu pela saída do treinador, que até aquele momento não havia sido firmada. Na ocasião, o presidente corintiano tinha feito uma cirurgia e não estava saudável, mesmo assim fez questão de ir até a Neo Química Arena para conversar com o técnico português e comunicar a descontinuidade do trabalho do profissional.
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Pouco tempo depois, Duílio foi informado por pessoas próximas, entre elas o gerente de futebol Alessandro Nunes, o motivo do mal tratamento de Cuca, e fez contato para esclarecer a situação. Na conversa, ouviu a versão do técnico que disse que não havia sido reconhecido pela vítima como envolvido no crime em três depoimentos que foram dados por ela e que a condenação foi à revelia, porque ele não compareceu para se defender durante o processo. De acordo com o atual comandante corintiano essa ausência se deu por desconhecimento dos fatos, inexperiência, já que tinha 23 anos na época do ocorrido, e fatores financeiros, pois não conseguiria ir constantemente à Europa. Todas essas justificativas foram dadas pelo próprio profissional na sua apresentação no Corinthians, na última sexta-feira (21).
Ainda assim, Duílio Monteiro Alves acionou o departamento jurídico do clube para avaliar as versões do técnico antes de avançar para contratá-lo no lugar de Fernando Lázaro, que permanece no clube alvinegro, mas agora na função de auxiliar da comissão permanente.
Cuca foi o ‘plano b’ da direção corintiana, que inicialmente fez contato para contratar Tite, mas o ex-treinador da Seleção Brasileira não aceitou porque prometeu à esposa que não assumiria clube brasileiro qualquer nesta temporada. A escolha por Alexis Stival, então, foi por conta do histórico de conquistas recentes, experiência e perfil intenso. A ideia do departamento de futebol é que o profissional contratado dê uma ‘chacoalhada’ no elenco.