Paulo Garcia: ‘Tenho de zelar mais o Corinthians do que a Kalunga’
Conselheiro dono de papelaria que já patrocinou o clube aposta em visão empresarial para vencer eleição, detalha como fará para afastar irmão e se defende por 'compra de votos'
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O empresário Paulo Garcia, de 57 anos, é o quarto entrevistado pelo LANCE! entre os candidatos a presidente do Corinthians. Um dos donos da Kalunga, grande rede de papelaria que patrocinou o Timão nas décadas de 1980 e 90, Garcia viu sua candidatura ser impugnada nesta semana por um caso de compra de votos, mas conseguiu liminar na Justiça para concorrer ao pleito. É a terceira vez que ele tenta ser presidente, sendo que na última eleição desistiu de última hora para formar chapa com Antônio Roque Citadini, agora seu adversário.
Paulo Garcia recebeu a reportagem no escritório da Kalunga localizado no bairro da Mooca, zona leste de São Paulo. De lá, despacha a favor da empresa da família, que possui um irmão com forte ligação e atuação no Corinthians: Fernando Garcia, empresário de jogadores. No bate-papo de mais de uma hora, o empresário detalhou como pretende tirar o irmão dos negócios do clube, justificou a ação de tentar comprar sócios inadimplentes e disse que precisará zelar muito mais pelo clube do que pela própria empresa.
- A Kalunga é minha, faço o que quiser. O clube não é meu, é do torcedor, dos sócios - afirmou.
Confira abaixo a entrevista com Garcia. Já foram publicadas as conversas com Andrés Sanchez, Antonio Roque Citadini e Felipe Ezabella. A série se encerra nesta sexta-feira, véspera da eleição, com o candidato Romeu Tuma Júnior.
LANCE: Qual foi o jogo do Corinthians que mais o marcou?
PAULO GARCIA: Tem vários. O de 1977 foi o que todo mundo precisava daquele título. Era um problema sério, e aquele de 77 a gente foi a pé até a Paulista. Tenho ingresso até hoje. Na época, o que marcou, não sei se por causa da idade... A invasão no Rio. Difícil falar, escolher um. Aquele jogo no Rio estávamos entre amigos, com os Gaviões. Agora o pior foi contra o Internacional, que perdemos por 2 a 0, depois da invasão. O que os gaúchos fizeram... Esse seria o pior jogo. Assisti no meio da torcida do Inter.
Qual maior ídolo da história do Corinthians?
Ah, é difícil. Tem muita a ver com a época. Tem o Rivellino, Sócrates, Biro-Biro, Marcelinho. Difícil falar um. O gol mais importante foi o do Basílio. Agora o que ganhou mais título foi o Marcelinho Carioca.
Já foi de alguma torcida organizada?
Eu sou um dos fundadores da Gaviões.
E como é a relação hoje?
Ah, não vou mais, mas tenho contato com a velha guarda. Tem um hoje aí que trabalha aqui, motoqueiro. Alguns trabalharam aqui.
Se você tivesse de repatriar um jogador identificado com o Corinthians, qual traria?
Tem o Mascherano, o Tevez, vários que estão fora... O próprio Paulinho, que está no Barcelona. Mas hoje está difícil repatriar qualquer um que esteja bem na Europa. É inviável em termos financeiros. Tevez voltou para o Boca porque tem identificação com o clube. Quando veio o Ronaldo, se estivesse bem, não teria vindo.
O que levou a se candidatar?
Identificação desde criança, família envolvida com o clube, gosto do clube. Tenho tempo e capacidade para administrar.
Está confiante de que vai ganhar?
Sou candidato quando tenho chance. Ganhar ou perder, faz parte, mas acho que ganho.
Por quê?
Porque estou na frente dos outros em pesquisas, e sou mais preparado do que os que estão aí. Na última fiz a composição política com o Roque (Antônio Citadini, candidato), fiquei com a presidência do Conselho e indiquei dois vices. Foi meio contra vontade, mas o pessoal achou melhor ter um grupo.
É positivo ter cinco candidatos?
Acho. Acho bom, são várias ideias, pessoas. Acho válido.
De onde vem sua base eleitoral?
É bem distribuído. Tem sócio que não frequenta muita o clube. Não está concentrando em um só. Diversificado.
Por que acha que é o melhor?
Pela minha história. Sou empresário, sempre administrei bem. Sempre frequentei o clube, administrei o clube, fui vice de futebol. Conheço, tenho pessoas boas ao meu lado para profissionalizar o clube e fazer dele muito melhor que é hoje.
Como pretende fazer isso?
Tem de ter um planejamento. Um portal de transparência para mostrar para o associado e todo mundo que o clube não é de ninguém, é dos corintianos. Ter gestão. Se você não tem, não chega a lugar nenhum. Tem de fazer um plano diretor para uns dez, 15 anos. Debater com sócios, conselheiros e o presidente que entrar ir seguindo. Porque senão você fica correndo atrás do rabo. Primeiro ter dinheiro, depois gastar. Tem de ter planejamento para isso. Essas antecipações de contrato, coisas ruins. Não arruma patrocínio adequado, clube endividado. Isso tem de acabar porque o clube é muito grande.
Como ter esse dinheiro antes?
Tem de ter gestão. Na sua casa, se você gastar mais do que recebe, nunca vai chegar a lugar nenhum. Corinthians tem de trabalhar bem o marketing, ter marca forte na camisa, para ficar anos. E não para ficar por jogo, temporada. Tem de ter identificação, parceiros sustentáveis.
Haveria possibilidade de a Kalunga voltar?
Não porque o estatuto não permite, o que acho uma bobagem. Foi criado há dez anos. Acho uma bobagem, mas você tem de respeitar.
Pretende mudar isso?
Tem de ser o associado e o conselho. Tem de ter o aval.
Qual a outra razão?
Primeiro que falariam que é nepotismo. Eu estar lá e colocar o patrocinador. Diferentemente do Palmeiras, o estatuto do Corinthians não permite. Porque é relação comercial. Mas mesmo que pudesse, acho que o Corinthians é grande e não precisa disso. Corinthians é uma marca forte, não é uma instituição de caridade.
Para profissionalizar, você precisa de algumas coisas, como executivos. O Corinthians está pronto para receber esse tipo de gestão?
Nada. Não tem mudança. Você tem o diretor e o executivo, como numa empresa.
Para todas as áreas?
Sim, lógico. Com tempo para isso. Ele estar focado. Tem planejamento e o executivo. Se ele não tem competência, você troca. Tem de ser uma pessoa competitiva para cada área.
E o que faz com os cargos estatutários?
Continuam. Mas ele será mais fiscalizador daquilo que está sendo executado. Os diretores têm de estar em cima, contratando os executivos.
Já tem quem vai fazer esse planejamento? Empresa?
Temos várias empresas. Vamos fazer para contratar. Aqui no Brasil temos uma empresa de dois executivos que são sócios de grandes executivos da Europa toda. Também pretedemos usá-la. E para cargos administrativos.
Os executivos de futebol a gente conhece. Mas no São Paulo, por exemplo, está tentando adequar, com executivos para todas as áreas. E esbarra nos valores dos grandes executivos de mercado, e acaba usando isso como argumento para contratar pessoas do próprio clube. Como fazer para contratar grandes executivos? Não são caros para o futebol?
Eu discordo muito disso, de gênero, número e grau. Tem o custo-benefício. De repente, R$ 10 mil é caro, e R$ 100 mil é barato. Depende do que ele entrega. Discordo muito.
Mas custam caro, não?
Não. São baratos. Caro é você perder uma ação. É muito relativo.
Mas a situação do Corinthians não é das melhores.
É, todo mundo tem falado, mas vou ver quando chegar lá. Mas não é privilégio do Corinthians, é de todos os outros clubes. Precisamos ver, se precisar dar um passo para trás, e dar dez para frente. Estou vendo os candidatos prometendo que vão resolver tudo no primeiro dia, e não é verdade. Isso é falta de experiência, comercial. Acho absurdo falar isso, que não é verdadeiro.
Mas o Emerson Piovesan (diretor financeiro na atual gestão e candidato a vice de Paulo Garcia), não passou a situação?
Ele não está a fundo em um monte de situações financeiras no clube. Ele viveu mais o dia a dia, fez um planejamento para ter fluxo de caixa. Não nas questões pontuais, porque ele não é o presidente, não foi chamado para isso. Para intervir em coisas de estádio, outras situações. Foi mais para administrar o clube, fazer com que o clube não esmorecesse.
Mas ele não tinha conhecimento?
Não, porque ele não se aprofundou nos contratos. Estava ali mais para enxugar custos e dar sobrevida em cima disso. Ele trocou um monte de questões em que o clube pagava juros mais altos, ele conseguiu reduzir.
Participou da negociação com a Caixa...
Na verdade, não. Porque ele não concordou com formas. Agora fez um novo contrato, de ir pagando até fevereiro, e o Roberto (de Andrade, presidente) deixou para o próximo presidente.
O que acha da situação da Arena Corinthians e sobre o fato de falarem muito no clube que a Odebrecht só senta para conversar com o Andrés Sanchez? Já houve representação no Conselho sobre isso.
Primeiro que não sei se é verdade. Depois, ficar entrando com ação contra o clube, se podemos conversar... O que acho que está errado no clube, vou lá e converso com o presidente. Ele tem a caneta, foi eleito para isso. Posso ir lá opinar e não questionar. Acho complicado isso. O Andrés é corintiano, como eu, se ele tem um acesso. Mas não acho que a Odebrecht só converse com ele.
Tem alguma estratégia para quitar a dívida?
Tenho de estar lá para pegar os contratos, pessoas competentes para isso. Pegar a real situação e tentar ver o problema. Eu não tenho elementos. Todos esses contratos devem ter causa de confidencialidade. Então quando falam é jogando conversa. De repente, o contrato é bom, a situação não é essa. Ou é pior para pagar.
Na visão de fora, de um empresário, é pagável uma dívida de mais de 1 bilhão?
Tudo pode ser pago. Só não sei como foi feito. Para tudo tem uma solução. Agora você tem de ver a viabilidade econômica desse estado.
Uma aposta eram os CIDs (Certificado de Incentivo ao Desenvolvimento).
Então, pelo que sei tem de ser aprovada pelo prefeito. Agora, quando foram dadas essas CIDs, não sei os termos que foram dados para serem descontados. Impossível fazer um contrato que você recebe título e não sabe quando pode resgatar. Não sei como está funcionando. Deve ter uma cláusula de resgate. Só estando lá, olhando os contratos, poderei ver isso.
É possível pegar R$ 400 milhões por naming rights?
É difícil falar quando você não tem o todo que vai ser feito. De repente é hiper viável e até barato. Depende do que você vai fazer. Se tiver movimentação, fluxo de pessoas, toda marca se interessa.
No Brasil ainda não emplacou né?
Não emplacou porque aqui é muito novo ainda. Tem empresas especializadas no mundo que só fazem isso, administração de estádios e arenas. Nos EUA tem umas três, quatro. Tem um monte. Se eu tivesse feito o estádio, a primeira coisa eu teria procurado uma empresa dessas. Eu já procurei algumas. Aí já vem com uma estrutura pronta, com outros parceiros. é muito mais fácil procurar uma empresa dessas.
Mas acha que o Andrés sanchez não procurou?
Não sei. Estou falando o que vou fazer.
Qual a visão para a base?
É o patrimônio do clube. Maior investimento que pode ser feito. E hoje não é um negócio só do Corinthians. É negócio de empresário. Empresário é uma situação normal de mercado, uma profissão definida, não tem problema nenhum. Agora, você tem de tentar, fazer acontecer, de ter a base todinha do clube. Chegar nesse patamar. De bate e pronto não tem jeito, tem de cumprir contratos. Tem de tentar o clube investir, não depender de terceiros. É investimento futuro. O dinheiro do clube está aí. Se você fica desde a categoria de base, tudo apertado, fatiando jogadores, fica com essa dívida. Gasta-se bastante, com necessidade de recursos, aí você antecipa contratos, fatia jogadores, e você acaba sem patrimônio algum.
Quantos anos resolve isso?
Tem de viver o dia a dia, mas acho que nunca você vai conseguir fazer 100%. Porque se o cara aparece um jogador com talento do Neymar, e ele pede parte, você fica com o jogador ou despreza? Por isso depende da oportunidade. Ideal é ficar com o máximo possível. Mas tem jeito que você tem de ceder.
Um dos empresários com grande participação na base do Corinthians é seu irmão, Fernando Garcia.
Eu o conheço antes de nascer. É uma pessoa super séria. Não faz nada errado, tudo dentro dos conformes. Só não faço com ele, por causa do nepotismo. Se não fosse, faria tranquilamente. Só não faço pelo nepotismo. Sempre vão achar que estamos trabalhando em causa própria.
Você já disse que ele deixará o clube. Ele fez alguma contestação?
Ele era conselheiro vitalício e abriu mão disso. Porque tem vários clubes que ele tem atleta e não dá essa dor de cabeça para ele. Agora ele trouxe jogador para o São Paulo e já questionaram porque ele não levou para o Corinthians, uma coisa absurda. Ele tem jogadoe em todo o clube, na Europa, na Seleção Brasileira. Ele faz naturalmente. E ele é corintiano, gosta do Corinthians, e ele poderia colocar dentro do clube, mas não coloco por esse impedimento.
Como vai controlar isso?
Ele não vai fazer nunca negócio. Ele tem conduta e tem ética.
Ele não vai pegar mais jogador da base?
Imagina. De jeito nenhum. Vou ver os que ele têm, para ir com o tempo ir tirando. De forma natural, para não dizer que vamos advogadr em causa própria.
Você está querendo dizer que os jogadores do seu irmão estão com os dias contados no clube?
Não necessariamente. Vou cumprir os contratos. Tem de cumprir. O jogador, se tem uma participação do Fernando, do Corinthians, é do Corinthians. Como tem Carlos Leite, todos os outros empresários. Não tem nada errado. Eu que não quero, ele que não quer.
Ele então já se acostumou que terá uma porta fechada no mercado?
Não é uma porta fechada. O mercado é muito grande. E ele tem evitado muito essa situação. Agora mesmo ele poderia ter trazido jogador para o clube e não trouxe. Até jogador que está no exterior.
Quem?
Não sei quem que é. Não quero comentar porque é negócio dele. Poderia trazer tranquilamente. Mas... Não quero negócio com o Fernando. Se ele oferecesse agora para o Roberto, era capaz de o Roberto aceitar. Ele não tem por que se desgastar comigo.
O que pensa da comissão técnica do profissional?
Manter. Sempre fui favorável ao Carille. O Corinthians queria o Rueda na época, e eu fiquei favorável a ele. E efetivou e deu certo. Ele é competente, está há nove anos lá, cara inteligente, trabalhador. E muito humilde.
Mas mudaria algo no organograma?
Não. Zero.
Alessandro continua?
Continua até o último dia que eu estiver lá. Cara sério, competente, que tem identificação com o clube. O Alessandro já é um executivo do Corinthians, como o Palmeiras tem o Alexandre Mattos. Ele já é um profissional.
O Flávio Adauto vai trabalhar com ele, é isso?
Sim, eu quero que ele tome conta dessa área, da categoria de base também. Tem de ser tudo integrado.
A estrutura do departamento de futebol é algo que funciona há alguns anos, por isso é vencedora. Esse é um modelo que se consolidou de uns anos para cá. Essa estrutura não pesa a favor da situação, que gere o clube há dez anos?
Pode até ser. Acho que todo mundo acerta e todo mundo erra. Acho que isso foi um acerto bom, de escolha de profissionais.
Gostaríamos que falasse de todos os candidatos. A começar pelo Andrés.
Muito difícil falar de terceiros, julgar alguém. Acho até que é muito ruim. Andrés é meu amigo, não tenho problema nenhum com ele, com nenhum dos candidatos. A única coisa é a divergência de ideias, que tenho jeito de pensar, e penso que não é dessa forma. Mas todos são aproveitáveis, tem seu valor. Muito difícil você julgar. É tudo bom caráter, de amigos. É uma confraria. Mas você tem pensamentos diferentes. Todos têm chance. Uns mais e outros menos. Pelo dia a dia. Tem quem não é bem quisto pelo associado. Trabalha fazendo algo que eles acabam não concordando. Ganha o que tiver relacionamento melhor. O que acho de todos eles, dentro de um contexto, é que eles não têm experiência empresarial nenhuma. Nunca tiveram de administrar. No futebol brasileiro é assim, ninguém tem. No Flamengo tem e deu uma mudada muito grande, é outra visão. Não tem empresário. E você tocar uma coisa sem experiência alguma... Então qual é a vivência empresarial dos outros candidatos? Em termos de gestão, o que ele já geriu? Teve planejamento? Teve fluxo de caixa? Desconto de título? Negociou com banco? Um é funcionário público, o outro político, outro advogado. O que tem mais perto disso é o Andrés, que foi feirante, teve visão de comércio. O Roque sempre foi funcionário público. Não estou falando mal de funcionário público. Mas sempre tem lá seu salário. Ele acabou não administrando nada. Por isso você ouve muita coisa, muita besteira, é uma ingenuidade muito grande.
Sua aposta então é na visão empresarial?
Sim, porque tudo é gestão. Clube de futebol é como empresa, um negócio como outro qualquer. Um está no mercado de entretenimento. Tem clubes que vão bem e outros, mal. Por que na Europa vai bem? Porque tem gestão. Por isso quero preparar o clube como um Corinthians.
Mas a gente já viu casos no futebol brasileiro de profissionais com visão empresarial que fracassaram. Futebol tem particularidades...
Mas aí não tem experiência em prática. Teoria é uma coisa, quero ver jogando. Em tese, todos os economistas ficam bilionário. E não são. Ué, eles têm a forma de ganhar dinheiro. Eu sou egoísta neste aspecto, se eu tivesse. Cara resolve problema do país... É a mesma coisa de assistir a jogo do sofá. Futebol é um negócio como outro qualquer. Vê nos Estados Unidos como é. Dá gosto de ver. Tem show o tempo todo, os jogadores. Só que no futebol o cara já quer ver o resultado, não vê como entretenimento. Negócio como outro qualquer. Por isso quero levar tudo para o celular, um aplicativo, para o cara levar o Corinthians na mão. E se interar mais.
Além deste aplicativo, tem mais alguma coisa que pretende fazer?
O Corinthians hoje tem quatro segmentos: social, CT, estádio e base. E você tem que administrar bem esses quatro. O clube é um todo, como uma empresa. Mas há segmentos distintos. É como a Kalunga. O mesmo tempo o Corinthians. Cada setor tem profissionais focados, especializados.
Quais os projetos para a parte social?
Em um primeiro instante, vamos adequar para ter condição de uso melhor. Não adianta sair fazendo um puxadinho ali, outro aqui. Tem de dar condições de uso. Fazer um projeto, que é um plano diretor, para poder ser seguido. Clube moderno. Ter uma definição, debater com o sócio e ter nos próximos dez, 15 anos, o próximo presidente terá verba para fazer aquilo continuar. Tem planejamento.
Como fazer para aumentar sócios?
Tem várias formas. Esse negócio de que sócio não vai muito ao clube porque os prédios tem piscina. Isso não é verdade. Você vai onde você se sente bem. É assim no clube, no bar. E o clube tem de ser de família. Se você tem isso, é assim que todo mundo quero.
Qual vai ser o papel da mulher na sua gestão?
Tem várias atividades. Por exemplo, para a terceira idade, que é presente no clube. Hoje, não tem atividade nenhuma. Na parte social você resgata esse pessoal. Com coisa que não custa nada. Daqui a pouco ela traz o neto. Minha identificação que tenho no clube é essa. Vai vendo o pessoal, e acaba tendo uma movimentação no clube que atrai novos sócios. Já convida o vizinho, o amigo.
Mas no administração alguma participação?
Tem várias formas, no social. Mulher e homem são a mesma coisa. Aqui na empresa tem várias mulheres. Hoje tem muita mulher comandando.
Mas o futebol é machista.
Não é profissional. Não tem nenhuma empresária. É tudo muito amador. Pessoal que não tem visão.
A sua campanha e do Andrés são a mesma campanha?
Eu tenho amizade com o Roque, com o Andrés, como tenho com todos. Posso ter amizade maior com o Andrés, porque se formou isso. Ajudei ele na campanha dele para deputado, como já ajudei adversários políticos. Vários no clube. Mas nós nunca misturamos nada... O pessoal acha que você tem de ser inimigo. A gente só tem opinião diferente. Ele acha de um jeito, eu de outro. No clube tem de fazer opção.
O Corinthians está bem de patrocínio hoje?
Falar mal de patrocínio assim é fácil. Mas acontece o seguinte. Quando você tem um time que é taxado de quarta força, para mim foi a primeira, e provou, mas se você for ver, o Corinthians é melhor de tudo do goleiro ao ponto esquerda. Não tem um destaque em outros clubes. Goleiro bom e um reserva excelente. Ninguém tem um Fagner, Balbuena, Pablo. Arana. Mas quando voc~e tem essa imagem negativa fica muito mais difícil adquirir patrocínio. Porque ninguém quer investir em quem não dá mídia. Aí começa a criar tipos de problema. Então tem de valorizar a marca. Claro que tem de ter marca mais forte, valores. Mas hoje, se tiver o governo, quebra todos os clubes. Quem banca é o governo, a Caixa. Fora a Caixa, qual o patrocínio? É uma vergonha depender do governo para manter o futebol com tanto dinheiro gerando. Você tem de ter empresas privadas. Na Europa não tem uma empresa, nada.
É a favor de trazer jogador medalhão para atrair patrocinador?
Acho que tem de aliar as duas coisas. Não adianta ter só marca, e não jogar.
Como será relação com torcida organizada?
Normal, como todo mundo. Não tem diferença. Agora ingresso o clube não dá. É do clube. Se o Conselho deliberar, e o associado aprovar, aí você tem de dar. Eu tenho de zelar mais o clube do que a Kalunga. A Kalunga é minha, faço o que quiser. Mas no clube não. Você tem de discutir tudo. O torcedor é um cliente, você tem de escutar. Se ele quiser o impossível, não dá para fazer.
Sobre seus pagamentos para sócios inadimplentes, que o você admitiu em áudio. Não atrapalhou sua candidatura? (Nota da redação: A comissão eleitoral acabou impedindo os anistiados de votarem. Paulo Garcia chegou a ter candidatura impugnada em razão disso na última segunda, mas conseguiu liminar no dia seguinte para concorrer na eleição).
Zero. Se não fosse aquilo, não teria eleição. Se tem um candidato com mil votos na frente numa eleição de três mil, acabou a eleição. Foi um episódio de cartas marcadas. O Hachid (Antônio, conselheiro vitalício do clube) ligou para algumas chapinhas, falando que iríamos perder a eleição porque estavam fazendo isso, dos anistiados. Uns 800. Aí falou que eu deveria pegar o máximo que pudesse, mas eu não tinha nenhum. Aí eles (opositores) começaram a pegar as chapinhas, iam ganhar. Falaram que estavam pegando e eles não tinham recurso. Então eu falei: "Eu pago". Porque meu pai ficou dez anos com o Dualib, que fez sempre as carteirinhas, meu pai não fez e perdeu a eleição. Agora a comissão anulou. É imoral? É! Mas você tem de jogar o jogo. Foi uma atitude super correta.
Se for eleito presidente, qual será a primeira coisa que fará?
Vou agradecer todo mundo. Não tem outra coisa a fazer. Tocar o barco. Vou lembrar do meu pai. Ele ficou dez anos brigando. Briga política com o Dualib, nunca foram inimigos. Tanto que quando minha mãe faleceu, o Dualib foi quem mais deu força no velório. Nunca levamos para o lado pessoal.
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