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Análise: Reprovação das contas de 2019 é maior derrota de Andrés no Corinthians, e deixa recado a Duílio

Grupo político comandado por ex-presidente corintiano há mais de dez anos já não tem o mesmo prestígio do início

Duílio e Andrés
Andrés Sánchez passou o bastão para Duílio Monteiro Alves na presidência do Corinthians (Foto: Ag.Corinthians)

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O Corinthians tem o mesmo grupo político administrando o clube desde outubro de 2007, quando Andrés Sanchez foi eleito pela primeira vez presidente do clube. E a reprovação das contas corintianas em 2019, votada na noite da última terça-feira (27) em reunião online entre os conselheiros deliberativos do Timão, pode ser considerada a maior derrota de uma cúpula que vem se enfraquecendo com o tempo.

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A alçada de Andrés ao principal cargo administrativo do Corinthians se deu no mais melancólico momento da instituição: o rebaixamento da equipe à Segunda Divisão do Campeonato Brasileiro, menos de dois meses após a eleição de Sanchez. Além disso, o cartola sucedeu Alberto Dualib, que renunciou o cargo, após acusações por meio do Ministério Público Federal por lavagem de dinheiro e formação de quadrilha, junto a MSI, empresa de investimento esportivo que firmou parceria com o Timão entre 2004 e 2007.

Contudo, o que era para ser o início de um retrocesso ao clube do Parque São Jorge, se tornou um grande período dentro e fora de campo, tendo em Andrés Sanchez uma figura significativa nesta “virada”. Dentro das quatro linhas, o retorno à elite do futebol nacional, títulos do Campeonato Paulista, Brasileiro e Copa do Brasil e um dos maiores modelos de contratação do esporte brasileiro, com a chegada de Ronaldo ao Corinthians, em 2009. Fora dele, a construção do Parque Ecológico do Tietê e o anúncio da construção da Neo Química Arena, que, embora divida opiniões, supriu uma carência que o torcedor corintiano sempre teve.

Os primeiros mandatos de Andrés iniciaram uma “dinastia” de presidentes dentro da sua linhagem de sucessão e mantiveram um período de conquistas corintianas, as principais já no ano seguinte à saída de Sanchez à presidência do clube: a Libertadores e o Mundial conquistados em 2012, quando o Corinthians era presidido por Mário Gobbi, candidato eleito pela situação, mas que rompeu com Andrés Sanchez em 2015, enquanto ainda geria a instituição.

No entanto, gradativamente o grupo político de Andrés, que mesmo durante o período em que eles esteve fora do cargo, sempre possuiu o cartola como principal referência, foi perdendo o prestígio e a quase unanimidade do início. A ruptura entre Sanchez e Gobbi foi um desses sinais. No entanto, o principal ponto de alerta foram as dívidas do Timão, que só cresciam ao longo do ano. Entre 2010 e 2011, o valor cresceu de R$ 103,3 milhões a R$ 178,5 milhões.

A volta de Andrés Sanchez a presidência corintiana, em 2018, também anunciou a necessidade do “grande líder” da chapa Renovação e Transparência seguir no comando do Corinthians, mas, ao mesmo tempo, pode ter sido um suicídio político do cartola no clube. Em seu retorno ao mais alto cargo do clube a dívida era mais do que o dobro, R$ 448,4 milhões, com o mandatário evoluindo esses números a R$ 956 milhões até o fim do seu segundo período a frente do Timão

Por outro lado, mesmo com Andrés estando em dificuldades, o grupo ainda segue prestigiado. No ano passado, Duílio Monteiro Alves, apoiado por Sanchez, foi eleito presidente corintiano com 143 votos de diferença ao segundo colocado, Augusto Melo. Além disso, aliados ferrenhos de Andrés Sanchez seguem figurando em espaços importantes no clube, como André Luiz de Oliveira, o André Negão, preside o Conselho de Ética corintiano, que será o responsável por discutir as possíveis punições ao ex-presidente, com chance de inerigibilidade por dez anos.

De todo modo, uma reprovação de contas do Corinthians em um ano em que a instituição foi gerida por Andrés Sanchez é algo que em um passado nem tão distante era inimaginável, mas se tornou realidade. Portanto, a noite de 27 de abril de 2021 é uma mensagem clara ao atual presidente, Duílio Monteiro Alves, e a sua cúpula: uma boa gestão é essencial para que a Renovação e Transparência siga na gestão corintiana, já que a oposição ganhou força e a fiscalização do seu mandato será grande.

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