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Tuma planeja ‘faca no pescoço’ para resolver dívida da Arena Corinthians

'Se eu falar para a Caixa que não vou pagar, o que eles vão fazer? É diferente de você comprar um apartamento financiado', diz candidato Romeu Tuma Júnior sobre a dívida 

Romeu Tuma Júnior em seu escritório de advocacia
imagem cameraGuilherme Amaro
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Lance!
São Paulo (SP)
Dia 01/02/2018
21:03
Atualizado em 02/02/2018
07:00

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Na véspera da eleição para presidente do Corinthians, o LANCE! encerra a série de entrevistas, publicadas em ordem alfabética, com o candidato Romeu Tuma Júnior. Com a chapa "Democracia Corinthiana Participativa", Tuma diz que chegou sua vez de administrar o clube e realizar uma "faxina no modelo de administração". 

Vice-presidente de futebol em 1994/95 e membro vitalício do Conselho Deliberativo, Tuma sabe que uma das prioridades é resolver a dívida da Arena Corinthians. E ele tem um plano para isso: colocar a "faca no pescoço" da Odebrecht e da Caixa Econômica Federal.

- Quem compra aquele estádio sem ser o Corinthians? Não adianta. Se eu falar para a Caixa que não vou pagar, o que eles vão fazer? É diferente de você comprar um apartamento financiado pela Caixa e deixar de pagar, porque eles vão lá e te tomam com uma ação judicial, leiloam e te colocam na rua - disse Tuma, antes de ser questionado sobre a imagem negativa para o clube se houvesse um possível calote.

- Não vou fazer. Estou te fazendo um questionamento. Os caras têm que aceitar uma negociação. Você tem uma negociação e precisa avaliar. Precisa se cercar de todas as questões. Não posso negociar com a Caixa e Odebrecht desconsiderando a peculiaridade do negócio. É um estádio em São Paulo, com uma manutenção cara e elas não têm nenhuma afinidade com futebol, não vão ficar com um estádio. Então eu tenho que colocar a faca no pescoço também - acrescentou o candidato.

Durante a entrevista exclusiva realizada em seu escritório de advocacia, o candidato contou sobre seus planos de gestão, prometeu mudanças e analisou seus adversários. Confira:

Por que decidiu se candidatar?
Desde o ano passado, por volta de março, começamos a construir um projeto pensando numa mudança do modelo de gestão do Corinthians. Pensando em um Corinthians democrático, independente, sem esse presidencialismo de cooptação, onde você dividi cargos em troca de apoio político. Esse grupo preparou um projeto de mudanças e, muito mais de trocar nomes, era para trocar modelo de gestão. O Corinthians não pode mais ser administrado compliance, com um presidente ouvindo ideias diferentes, conversando com oposicionista. O Corinthians não é meu, é da nação corintiana. Então se o cara é bom, tem que estar junto. Então fizemos esse projeto em julho do ano passado e está registrado em cartório. Apresentamos aos pré-candidatos na época, falando que estava aberto a novas ideias e críticas, mas não quiseram se comprometer. Quando foi no meio de agosto, o pessoal falou: "não dá para jogar no lixo esse projeto". O Corinthians não aguenta mais, o clube ainda não acabou, não faliu e não morreu porque tem uma força gigantesca com a torcida e com a credibilidade que resta do nome Corinthians. Mas é um poço que vai chegar no fundo, vai acabar. O Corinthians bem tratado é uma potência. Tem muito recurso, é só ser tratado com transparência. E pediram para eu ser candidato. Eu respondi que não queria, mas insistiram demais. Eu fui conversar de novo com os pré-candidatos para depois não ter o papo de "oposição rachada". Não, porque estou há 22 anos na oposição, sou o único oposicionista 100% aqui, então esse discurso não vai pegar. Eu falei: "se eu sair como candidato, não volto". Porque no Corinthians tem a cultura de buscar a apoio em troca de cargo. O candidato sai como candidato, mas depois desiste. Enfim, a coisa foi indo e eu saí como candidato para defender essa missão de mudança. Insistiram e eu aceitei.

Qual o jogo mais marcante?

O de 1977 (final do Paulistão contra a Ponte). Foram dois, na verdade. Em 1976 (invasão corintiana ao Maracanã) também, porque fui escondido do meu pai. Tive que arrumar uma desculpa, e foi uma emoção grande.

Qual o maior ídolo?
É difícil apontar um. Um que dirigi que foi o Marcelinho Carioca. Mas tem caras que não vi jogar e tem de respeitar. Mas se fosse para apontar um, na verdade um eu não consigo, tem que ser dois que marcaram mais para mim foram Sócrates e Rivellino. Acho que os dois estão emparelhados. O Sócrates pela genialidade, e o Rivellino pelo que me marcou quando eu era pequeno. Chorei quando ele foi embora. Foram caras que marcaram duas épocas da minha vida. Tem vários, mas os dois para mim dividem. Mas tem vários, como Basílio, Wladimir...

O Wladimir, inclusive, te apoia.

Ele conhece o nosso projeto, especialmente a questão do futebol máster do Corinthians. Queremos criar uma superintendência de futebol, vinculando profissional, base, feminino e o máster que vou profissionalizar. O máster hoje é dividido para apoio eleitoral. Ficam convidando jogador para jogar de fim de semana, pagando uma merreca. Eu quero que os ex-jogadores sejam contratados, com um salário mensal, com plano de saúde. E quando quiser contratar, vai contratar no Corinthians. Vão ter estrutura, com médico, fisioterapeuta e um monte de coisa. Quem não pode atuar vou contratar como olheiro, vão trabalhar na base. Tem que ter um trabalho sério com eles. Além de você resgatar a história e ter uma forma de gratidão, eles também são uma fonte de renda que o Corinthians está jogando fora. Pode lançar camisas e livros, por exemplo. Teve 40 anos do título de 1977 e o Corinthians não fez um evento. Fizemos uma festa na loja do Parque São Jorge que é sabotada pelo Corinthians e pela Nike. E o Corinthians ainda sabotou chamando o Basílio para inaugurar uma placa na Arena. Mas quem fez a festa foi o Nelsinho (dono da loja do Parque São Jorge). Era uma festa para fazer na Arena, chamar os caras para jogar meia hora lá.

O que tem de ser mudado no Corinthians?

Primeiro precisa ter uma gestão transparente, implementar o compliance, criar regras sérias de administração, ter as contas claras na internet. Você tem as diretorias, com cargos políticos administrativos, não são remunerados. Você vai escolher os melhores caras do clube. Abaixo deles tem de ter um gerente pago, com metas. O associado, a imprensa e o torcedor têm de acompanhar a execução. Quando implementar o compliance, que é a palavra da moda agora, tudo melhora. As empresas não investem mais onde não tem compliance. Se tiver, você atrai patrocinador sério. Não aquela camisa que parece um outdoor ambulante, com um monte de marca que você não sabe nem o que é e não sabem nem quanto paga. Isso é gestão séria. "Ninguém vai comprar o naming rights". Claro que não. Está um imbróglio danado na Arena. O cara vai botar dinheiro? Não vai. Tem que entender que patrocinador põe o nome para agregar, não juntar o nome a um problema.

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Como fazer para resolver os problemas?
Com uma gestão transparente, criando o compliance, botando pessoas sérias, fiscalizando os contratos, empregando seriedade, transparência e credibilidade. Eu não negociei cargos em troca de apoio. Nosso programa é sério, é compromisso, está em cartório.

'Vou fazer uma auditoria e romper todos os contratos que forem possível. Se não for possível, vou fazer uma empresa paralela e fazer outro contrato. Vou tirar todo mundo que está prejudicando o Corinthians'

O que acha do trabalho do Carille?
Ótimo. Foi um técnico que a diretoria não apostou, tentaram várias opções e graças a Deus ficaram com ele por falta de opções. Eu sabia que ele era bom. É estudioso, está no Corinthians há dez anos. Conseguiu fechar o grupo e fazer que o grupo acreditasse.

Como vai ser a montagem da diretoria?

Acho que tem que ter um diretor, um adjunto, um gerente e dar para o gerente mais um assessor. Mas tem de mudar algumas coisas. Na hora que você eleva o cargo de diretor para vice-presidente, fica mais transparente e não tem o apoio irregular no conselho. Além disso, quando tem reunião fora, mostra que há um vice-presidente representando o clube. Tem lá uma reunião, daí tem o vice de futebol do Boca, o vice do Flamengo, o vice do Palmeiras e o diretor do Corinthians. Os caras olham e pensam que o Corinthians não está dando importância por mandar um diretor. Mas daí você vai explicar que o diretor é o cargo máximo, está abaixo do presidente, para não achar que está menosprezando. Então vou elevar para a condição de vice.

Alessandro (gerente de futebol ) fica?

Fica, claro. Tem que dar para ele assessor, dar condição de trabalho a ele. É uma coisa que eu quero conversar e ver se ele está bem-servido. Mas o modelo para mim é esse, e o presidente tem de dar respaldo.

É a favor de contratar um jogador medalhão?
Todo mundo gosta. Se vier do treinador, sou a favor. Como torcedor, adoro. Como dirigente, só se vier do treinador. Não vou contratar ninguém sem a indicação da comissão técnica. Se for para contratar só pelo marketing, contrato o cara para botar nossa camisa e tirar foto, não para jogar.

Agora saindo da parte de futebol: como solucionar a dívida da Arena?
Eu sou o único cara que não estou nesse imbróglio, não estava na reunião que criaram a engenharia financeira, como o Andrés (Sanchez, candidato da situação), Luis Paulo Rosenberg (ex-diretor de marketing), Odebrecht pai e Odebrecht filho. Não estava no Cori (conselho de orientação) que assistiu a tudo isso, na época estava o Roque (Citadini, também candidato) e vários deles aí que não deram porrada. Só tem um jeito: a Odebrecht fala que nós devemos R$ 400 milhões para ela. Nós temos uma auditoria que foi feita e fala que a Odebrecht deve ao Corinthians R$ 250 milhões em obras não feitas ou mal-feitas. Ainda coloco em cima disso R$ 150 milhões em danos morais e materiais. Morais por terem nos envolvido na Lava Jato. O dano material comprovado: além das obras, o estacionamento que não tem alvará de funcionamento porque a Odebrecht não permite que entre e saia ao mesmo tempo. Com isso, não tem alvará para funcionar. Então deixo de arrecadar em dia de semana sem ser de jogo, para quem frequenta o metrô, para as empresas que estão ali na região, é uma infinidade de recurso. Somando isso, dá os R$ 400 milhões. Para não ir à Justiça, você vai lá na Odebrecht e fala "vocês falam que eu devo R$ 400 milhões, mas nas minhas contas vocês também me devem R$ 400 milhões".

Mas a Odebrecht aceitaria?

Se ela não aceitar, vai para a Justiça. Ela vai para a Justiça. Conselho arbitral demora para caramba e custa caro. E tem muita corrupção. Tem que chegar lá, ter autoridade e independência.

E o resto da dívida?
Ok, daí volta para a dívida da Caixa (Econômica Federal). Fizemos empréstimo de R$ 400 milhões inicialmente, com juros que chegam a uns R$ 600 milhões, dependendo da tabela de juros. Temos as CIDs, que até tentei uma emenda esse ano para conseguir tudo, mas era para ter a previsão orçamentária disso. Com as CIDs que nós temos na mão, vai lá na Caixa e diz "nossa dívida é de R$ 400 milhões, depois com juros aumenta, mas vou te pagar à vista". Eu vou dar os CIDs porque a Caixa deve a São Paulo, para mim, para você e para nós todos que pagamos imposto aqui, R$ 450 milhões de IPTU, que a Caixa não paga, está devendo. Pega os CIDs e fala "vai lá e quita com o Dória (prefeito de São Paulo) o que você está devendo para a cidade de São Paulo". É o mesmo valor. Eu não vou pagar juros porque vou pagar à vista. Fica zero a zero. "Ah, mas quero mais R$ 100 milhões ou mais R$ 50 milhões". Ok, senta, negocia, dá mais cinco anos de carência e daqui cinco anos eu pago. É negociar a diferença. Tirando a Caixa e a Odebrecht, você homologa isso na Lava Jato, porque é importante. Como o dono da Odebrecht falou em delação premiada que o estádio era presidente para o Lula, tem que homologar. Porque daí amanhã o juiz Sérgio Moro ou o ministro que está com a ação da Lava Jato pode falar "teve desvio de recurso? então vou bloquear e leiloar para pagar o dinheiro público desviado". Tem que homologar para blindar o Corinthians. Daí a Arena é nossa, porque toda a renda de jogos está indo para o fundo que administra. Daí os caras vão comprar o naming rights, porque está comprando do Corinthians.

E acha que dá para vender por R$ 400 milhões?

Eu vendo por muito menos. Eles falam em R$ 400 milhões para transferir o problema. Pensam em vender para você e depois falam para a Caixa "está aqui, não te devo mais nada". Então não entra nada no Corinthians. O problema não é o valor. Por quantos anos? Para que vai receber? Para entregar para a Caixa? Eu vendo por muito menos, não por 20 anos para entregar para a Caixa.

Mas por que uma empresa iria comprar o naming rights por um mês?
Por um ano, dois. Naming rights é o direito do nome, eu vou fracionar. Eles querem vender por R$ 400 milhões para entregar para a Caixa e pagar o empréstimo. Vai sair de devedor da Caixa para entregar o estádio para a empresa.

Então quanto estipula que pode conseguir com o naming rights por um ano?
Não sei, faz uma precificação e vê quanto o cara paga para colocar o nome no estádio. É nome do estádio. "Arena Tuma", quer pagar? Dá R$ 3 milhões por mês. Dá mais de R$ 30 milhões por ano, em dez anos dá R$ 300 milhões.

Mas as empresas que pagam costumam ficar muito tempo até...
(interrompe) Mas aí é que está: estou te vendendo por R$ 3 milhões por mês. "Mas queria um camarote". Aí é mais caro. "Mas queria uma lojinha". Aí é mais. É assim que negocia.

Mas só no naming rights. Para a empresa ter vantagem, ela põe o nome para ficar identificada. E só acontece se ficar muito tempo. Concorda?

Então vou responder como você quer. Faz um contrato precificando por mês, um contrato de cinco anos com opção de renovação. Mas quero deixar claro: naming rights é nome da Arena. O que eles estão falando de R$ 400 milhões é para administrar a Arena e o recurso ir para a Caixa. Isso eu não aceito. O Corinthians tem a solução. Até vou mais longe, e quero que você entenda minha resposta. Não é para falar que nem os caras que "o Tuma quer devolver o estádio", até porque o estádio é nosso, está no nosso terreno. Quem compra aquele estádio sem ser o Corinthians? Não adianta. Se eu falar para a Caixa que não vou pagar, o que eles vão fazer? É diferente de você comprar um apartamento financiado pela Caixa e deixar de pagar, porque eles vão lá e te tomam com uma ação judicial, leiloam e te colocam na rua. Mas quem vai comprar o estádio do Corinthians? Todos os clubes têm estádio. Aquilo tem uma manutenção caríssima.

Mas não ficaria ruim para a imagem que fosse um calote?
Não vou fazer. Estou te fazendo um questionamento. Os caras têm que aceitar uma negociação. Você tem uma negociação e precisa avaliar. Precisa se cercar de todas as questões. Não posso negociar com a Caixa e Odebrecht desconsiderando a peculiaridade do negócio. É um estádio em São Paulo, com uma manutenção cara e elas não têm nenhuma afinidade com futebol, não vão ficar com um estádio. Então eu tenho que colocar a faca no pescoço também.

Acha que a citação na Lava Jato pode trazer alguma complicação ao estádio?
Acho, por isso tem que resolver. O meu caminho da negociação é tirar a Odebrecht rapidamente do negócio, acertar com a Caixa e homologar na Lava Jato, para proteger o Corinthians. Tem de deixar claro que o Corinthians é vítima. Se algum dirigente ou alguém em nome do Corinthians teve envolvimento em algum recurso desviado, o Corinthians não tem nada com isso. Precisa deixar muito claro isso. Quando teve busca em dirigente do Corinthians, o Corinthians tinha de ter se posicionado imediatamente. Tinha de ter corrido na Lava Jato e falado "estamos à disposição, o Corinthians não tem nada com isso, se precisar de qualquer documento estamos à disposição". Mas o Corinthians nunca se posicionou.

Acha que foi um erro a construção do estádio?

Não. Acho que foi um erro o modelo de negócio que fizeram. Em 2012, quando colocaram o fundo para ser discutido no conselho, eu pedi prazo para os conselheiros estudarem e eu votei contra. Não estou falando agora em 2018, falei em 2012, está na ata do Conselho. Eu tenho coerência.

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O estádio hoje é positivo?
Positivo se puder administrar e correr para sair desse imbróglio. Mas acho excelente o estádio. Para nós, corintianos, era o nosso sonho ter a nossa casa. Só que hoje não é nossa casa, e precisamos fazer ser. É uma fonte de recurso se for bem explorada. Hoje não ganhamos nada com a Arena, só manchete negativa, notícia policial, e não entra dinheiro. Tem que tirar a Odebrecht e a Caixa disso, daí vamos conseguir fazer uma gestão efetiva.

'Na segunda-feira os associados já vão começar a ter direito de comprar ingresso no Fiel Torcedor, sem pagar taxa de adesão'

O que acha sobre a Omni?
Péssima. A Omini virou um banco. Empresta dinheiro para o Corinthians, faz negócios esdrúxulos. Em todos os negócios que a Omni faz com o Corinthians, ela é prejudicial ao Corinthians.

Por quê?

Só ela ganha. A Omni é uma empresa que virou um banco. Não tem estrutura para nada, mas empresta dinheiro para o Corinthians, ganha mais que o Corinthians nos negócios que entra. Administra o estacionamento sem ter finalidade para isso.

O Andrés, por exemplo, diz que a Omni arca com os custos, Até se quisesse inverter o modelo de contrato, inverteria.
É mentira! No contrato, o Corinthians paga. Ele fala isso por algum interesse. Pega o contrato. Se a Omni emitir um papel, o Corinthians banca. Todos os custos da Omni o Corinthians banca. Eu desafio ele a te mostrar o contrato.

Já viu o contrato?
Já. Desafio o Andrés a mostrar. Essa administração não mostra contrato para ninguém. O Corinthians banca tudo da Omni.

Tanto no futebol quando na administração, acha que o Corinthians está à mercê de empresários?

Em tudo. Esse grupo que administra o Corinthians (chapa Renovação e Transparência) criou a figura do intermediário. É por onde sai todo recurso que poderia enriquecer o Corinthians. No futebol, o Corinthians paga comissão para comprar e para vender jogador como se fosse um clube de bairro. No futebol de base, todo dia tem um escândalo no Corinthians. Aliás, temos um inquérito policial investigando negociatas e cobranças indevidas em cima de pais de garotos que têm sonho de jogar no Corinthians. Para fazer peneira e treinar lá as pessoas cobram dos pais. Muito grave isso. Vivemos de empresários na base. Muitas revelações e você vai ver o direito econômico a maior parte é de empresários. Fiel Torcedor também vive de intermediário, a Omni ganha muito mais que o Corinthians. Licenciamento de produto, que seria nossa maior riqueza, criaram um intermediário, que é a SPR. É uma vergonha, todas as Lojas Poderoso Timão estão quebrando. Porque tem que pagar o intermediário. Eu vou acabar com isso. Dentro do marketing você cria uma diretoria de licenciamento, faz o licenciamento dentro do clube. Cobra menos para licenciar e o recurso fica todo para o Corinthians. Você barateia o produto, que fica mais acessível aos torcedores.

Mas vai romper todos esses contratos citados?
Vou romper todos os contratos que sejam prejudiciais.

Como? Vai pagar multa?
O da Omni eu conheço. Eles devem muita coisa para o Corinthians. Vou fazer uma auditoria e romper todos os contratos que forem possível. Se não for possível, vou fazer uma empresa paralela e fazer outro contrato. Vou tirar todo mundo que está prejudicando o Corinthians.

Sobre o Parque São Jorge, pretende realizar alguma mudança no clube?
Total. Primeira coisa que vou fazer é nomear um prefeito no dia seguinte à eleição. Acabou a eleição no sábado, no domingo já vou ter um prefeito para cuidar do clube como um zelador, com carinho. O Parque São Jorge está abandonado. Não tem espaço para criança, a família não tem o que fazer no Corinthians, exceto fazer churrasco. Não tem esportes olímpicos sendo praticados. Não tem infraestrutura, não atração para os idosos, não tem mais festas. Vamos revolucionar aquele clube.

O sócio do clube reclama que não tem direito a ingresso no Fiel Torcedor.
Vou mudar isso. Na segunda-feira os associados já vão começar a ter direito de comprar ingresso no Fiel Torcedor, sem pagar taxa de adesão.

Mas vai ter que romper o contrato com a Omni antes.
Negativo. Antes de romper o contrato eu já vou dar a ordem: inscreva todos os associados do clube no Fiel Torcedor. E quando eu romper o contrato com a Omni e criar um novo programa, quero deixar claro que todo sócio do Fiel Torcedor vai ter seus direitos mantidos. Toda a pontuação vamos respeitar, vai ser migrada para o novo programa, isso eu garanto. Nosso problema é só a fórmula de administrar o programa.

Qual relação com torcida organizada?
Vou criar a diretoria do torcedor. Não só para lidar com torcida organizada, mas também com o torcedor comum, o frequentador da Arena. Não tem hoje um canal de comunicação. Você vai lá na Arena e tiver qualquer problema, procura lá com quem falar. "Vai na ouvidoria da Omni". Daí vai lá e pedem para mandar um e-mail, mas nunca te respondem. Tem que ter um órgão de comunicação com seu cliente.

E reunião com a torcida, como teve ano passado?
Ninguém vai se reunir com jogador, vai falar com o diretor e com o presidente. Temos de ter uma relação institucional e transparente.

Quais os planos para a base?
Fazer o trabalho que tem no profissional. Ter a mesma estrutura e ter atletas do Corinthians, nascidos na base e com 100% dos direitos econômicos nossos. Eventualmente, se tiver que buscar no mercado alguém, ter no mínimo 80% dos direitos. Se não tiver isso, não joga no clube.

Qual o papel da mulher na sua gestão?

Sou o único candidato que frequenta o clube com família, eu conheço o problema da mulher no Corinthians. Vou propor uma diretoria da mulher. O futebol feminino, por exemplo, vamos dar toda a estrutura que tem no profissional. Também vou propor para a cônjuge do sócio de votar. Hoje temos 3 mil eleitores, por aí. Na hora que o cônjuge puder votar, e será 80% de mulher, você dobra esse número de votantes. Tem que dar espaço à mulher, hoje não tem atividade para a mulher no clube.

Gostaríamos que falasse de todos os candidatos. A começar pelo Andrés.

Acho que o Andrés é um camarada que está como deputado federal, já falou que vai se licenciar se for presidente, e isso significa que vai se licenciar e volta para ser deputado. Ele teve a oportunidade, fez um trabalho que não julgo de todo ruim, até porque pegou uma geração com presidente de mais idade e ele mudou uma mudança mais jovem. Acredito que ele faria bem ao Corinthians se permanecesse como deputado federal lutando por causas importantes ao Corinthians em Brasília, como me ajudar, quando eu for presidente, a resolver esse imbróglio da Caixa. O Andrés falou várias vezes que não queria voltar a ser presidente do Corinthians, e acho que o Andrés não vai ter tempo. O Corinthians hoje precisa de alguém que foque diretamente no clube e se dedique. Eu me aposentei para isso. Tenho meu escritório de advocacia que anda sozinho, estou preparado para administrar o Corinthians 24 horas por dia. Não gosto de falar mal de concorrente, mas o Andrés poderia se manter onde está e ajudar o Corinthians de outra forma.

Antonio Roque Citadini.
É um membro do Tribunal de Contas do Estado, já teve até discussão se ele poderia ser candidato. O Corinthians precisa de alguém focado para resolver os problemas, precisa de todos nós, não pode ter mais ninguém que crie novos problemas. Estamos numa fase delicada. Precisamos de solução, não mais problema. Acho que o Roque na função que ele está no Tribunal de Contas poderia ajudar muito o Corinthians.

Felipe Ezabella.

É um bom rapaz, eu gosto dele. Se eu for presidente, vou querer muito que ele me ajude. Tem boas ideias, é um cara bastante legal. Não é o momento dele, ele é novo, mas reconheço que no futuro tem muito a contribuir no Corinthians.

Ele pode te ajudar em qual área?

Ele pode ajudar a implementar o compliance, a discutir propostas. Ele é um advogado importante. Dentro dessa linha de transparência, criar contratos padronizados, rever os contratos... Acho que tem um perfil muito bom. Eu vou fazer uma faxina no modelo de administração, mas as pessoas eu vou avaliar um por um. Tem pessoas sérias lá.

Paulo Garcia.
Gosto dele, tenho respeito e carinho. É um grande empresário que poderia muito mais ajudar o Corinthians hoje fora do clube, também ajudando a negociar as coisas.

Mas eles também têm o sonho de ser presidente.
Eu respeito. O que quero dizer resumidamente é o seguinte: se eu achasse que algum deles é melhor do que eu, eu estaria apoiando. Acho que chegou o meu momento. Humildemente acho que chegou o meu momento. Estou há 22 anos debatendo coisas no Corinthians. Acho que chegou minha vez. Eles já foram presidente ou candidato pelo menos quatro vezes, exceto o Ezabella, que participou da administração do Andrés. O grupo dele já administrou dessa administração. Eu estou há 22 anos na oposição. Me dê uma chance. Estou livre, quero administrar o Corinthians e não enxergo valores nas outras correntes. Meu projeto está registrado em cartório, não é promessa, é compromisso. Não quero desqualificar meus adversários, mas acho que sou o melhor candidato. Espero que eu vença as eleições e possa usar o que cada um deles tem de melhor para reunificar o Corinthians. Porque o Corinthians pacificado e bem administrado é um gigante que dificilmente será batido dentro e fora dos campos.

Se ganhar a eleição, qual a primeira coisa que vai fazer?
Abrir uma sala para o Conselho Fiscal ter independência para me fiscalizar.

Não de ação. Mas de manifestação na hora.
Vou convidar as famílias do clube para conhecerem a sala da presidência. E falar para os outros candidatos que o Corinthians está aberto para as ideias.

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