A auditoria contratada pelo Cruzeiro para fazer um levantamento da situação real do clube revelou mais um capítulo triste da recente história do clube. A investigação da Kroll teve alguns pontos divulgados pelo clube e mostrou que parte dos gastos feitos nos cartões corporativos do clube eram usados em casas de entretenimento adulto, além dos resorts de luxo e outros gastos.
Segundo o levantamento da Kroll, quatro dirigentes gastaram mais de R$ 80 mil nos cartões de créditos corporativos da Raposa somente em locais de diversão adulta.
-Entre as despesas analisadas, despesas pessoais e não condizentes com as atividades performadas pelo Cruzeiro, no valor de BRL 80.777,18, foram pagas com cartões de crédito corporativos emitidos em nome de quatro dirigentes, durante o período em análise. Os estabelecimentos incluíram lojas de eletrônicos, lojas de roupas, clínicas de saúde, bebidas alcoólicas, resorts de luxo e casas noturnas de entretenimento adulto- informou o Cruzeiro.
Desde o início deste ano, a Kroll, que é uma consultoria especializada em serviços de gestão de riscos, investigações corporativas, compliance e cibersegurança, está fazendo uma devassa nos processos e contas do Cruzeiro, para descobrir irregularidades nas gestões passadas, com destaque para a de Wagner Pires de Sá, que comandou o clube de 2018 a 2019.
O resultado da auditoria, que reúne centenas de páginas, será levado ao Ministério Público por integrantes do conselho gestor, que administra o Cruzeiro desde o mês de dezembro, e responsável por contratar a Kroll no início do mês de março. Desde então, especialistas da empresa se debruçaram em documentos para auditar e descobrir possíveis irregularidades cometidas no passado.
O superintendente Jurídico do Cruzeiro, Kris Brettas explicou alguns pontos levantados no documento e espera que tal feito possa contribuir para que a próxima diretoria, a ser eleita na próxima quinta-feira, continue com o processo de reconstrução da Raposa.
-O relatório é muito amplo e envolve diversos aspectos dentro do Clube. O que a gente pode dizer é que muita coisa poderá não ser considerada como um crime, mas que pode ser trabalhada pelo futuro presidente. O relatório servirá para que o próximo presidente busque um ressarcimento daquilo que é considerado como má gestão do Clube. Infelizmente não podemos divulgar os dados pois envolve sigilo de informações, o que poderia prejudicar as investigações e o reembolso. O que desejamos neste momento é o ressarcimento de tudo o que foi indevidamente retirado-disse.
Wagner e sua diretoria são investigados pelo MP mineiro e Polícia Civil em possíveis irregularidades como a relação com o empresário Cristiano Richard dos Santos Machado por um acordo firmado, que é considerado ilegal, já que poderia ficar com parte de direitos econômicos de atletas da Raposa, incluindo menores de idade, para quitar um empréstimo de R$ 2 milhões. Também há suspeita de falsificação de documentos, falsidade ideológica e lavagem de dinheiro, entre outros crimes que lesaram o Cruzeiro e o seu patrimônio.