Presidente do conselho gestor do Cruzeiro diz pode haver nova punição
Saulo Fróes afirmou que o clube não terá como pagar o débito de R$ 11 milhões ao Zorya, da Ucrânia, que vence na próxima semana
O presidente do conselho gestor do Cruzeiro, Saulo Fróes, revelou que o time celeste não terá condições de arcar com outras dívidas na FIFA, que vencem no fim deste mês, o que pode acarretar novas punições para o clube mineiro. A Raposa já foi penalizada pela entidade máxima do futebol com a perda de seis pontos na Série B de 2020 por não quitar um débito de 2016 pelo empréstimo do volante Denílson, que pertencia ao Al Wahda, dos Emirados Árabes,no valor de R$ 5 milhões.
Saulo disse que tentou conseguir empréstimos para sanar o débito, mas não conseguiu pela pandemia da Covid-19 a falta de confiança que o mercado financeiro possui em relação a clube celeste.
A dívida mais urgente do Cruzeiro na FIFA é com o Zorya Luhansk, da Ucrânia, no valor de R$ 11 milhões, pela compra de Willian Bigode, em 2016. Fróes disse que esse débito deve ficar com o presidente que será eleito nesta quinta-feira, 21 de maio.
-Tínhamos conhecimento da dívida, mas gostaria de esclarecer alguns pontos. Todas as dívidas da Fifa deste ano foram contratadas na gestão do Gilvan de Pinho Tavares. A gente tem que ser justo e transparente. Não existe possibilidade de recurso jurídico. São ordens de pagamento. Tentamos negociar com os clubes desde janeiro. Os clubes estão com a decisão do pagamento e querem receber dinheiro. A gente pediu na Fifa a suspensão do pagamento por causa da pandemia, mas não foi aceito. Pedimos parcelamento, não foi aceito. Tentamos vários empréstimos, mas a instabilidade política prejudicou a gente demais. E a pandemia impediu que a gente conseguisse o empréstimo. Estávamos com 95% de um empréstimo, mas com a pandemia parou tudo- disse Fróes, em entrevista à rádio 98 FM.
Para tentar fazer caixa, Saulo Fróes revelou disse que o Cruzeiro tentou vender alguns jogadores, mas os negócios não fluíram devido a pausa forçada do calendário do futebol por conta da pandemia do coronavírus.
-Tentamos a venda de atletas, estava com uma venda quase acertada, com preço excelente, mas foi na época da pandemia. Isso resolveria os problemas da Fifa. Os patrocinadores suspenderam os pagamentos, não temos receitas de jogos e TV. Tinha uma dívida do Pedro Rocha e conseguimos pagar. E o grande problema que existe em negociar é se o clube credor faz o acordo e o Cruzeiro não paga, volta tudo para o início na Fifa. Se você faz uma negociação e deixa de pagar a primeira, volta quatro, cinco anos. O maior problema é a credibilidade do Cruzeiro, que deve há cinco anos e nunca sentou para fazer um acordo. Realmente, o dinheiro não conseguimos levantar. Não foi surpresa porque tínhamos pleno conhecimento. Mas a gente estava negociando. A gente sempre tem aquela esperança de o credor aceitar. Infelizmente, aconteceu isso, mas estávamos tentando reverter isso. Inclusive, o nosso CEO tem uma ligação com o clube no sentido de tentar pagar uma parcela, isso a gente propôs na segunda-feira, a gente está tentando reverter. É difícil, mas não é impossível-disse.
Segundo o dirigente celeste, caso a Raposa não cumpra o compromisso com os ucranianos, poderá haver novas sanções, perda de pontos e até rebaixamento para a Série C do Brasileiro.
-Posso te dizer que em todos os momentos a gente sabia que o ideal era pagar. Mas não tem dinheiro. E antigamente era fácil, porque parecia que não precisava pagar. E a gente tentou arrumar dinheiro com alguns cruzeirenses, mas são valores que chegam a quase R$ 6 milhões, e temos uma dívida no final do mês de mais de R$ 10 milhões do Willian Bigode, que o outro presidente vai ter que resolver, porque será após a eleição. Não conseguimos levantar o dinheiro de forma nenhuma pelo problema de credibilidade, o problema das eleições. Esses foram um dos maiores problemas, e a gente ainda tem esperança de reverter- explicou.
No total, com correções de juros, o Cruzeiro tem débitos com outros clubes na FIFA na casa dos R$ 110 milhões e sem perspectiva de conseguir resolver isso a curto prazo.