Especialista em relacionamentos, Carol Fregulia analisa comportamento amoroso dos gamers
Abuso nos jogos eletrônicos pode afetar as relações do casal
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O relacionamento dos casais pode sofrer interferências externas de todos os tipos: trabalho, dinheiro, sexo, família... e agora uma situação contemporânea pode estar afetando a vida amorosa das pessoas: o vício em jogar videogames. Horas e horas dedicadas aos games tem interferido na vida de muitos casais brasileiros. Essa é a conclusão da Dra. Carol Fregulia, especialista em relacionamentos.
Para aprofundar o debate, conversamos com a Dra. Carol Fregulia, que esclareceu algumas dúvidas para desmistificar o assunto.
P: Quando um videogame pode estragar uma relação?
R: Quando o ato de jogar passa a ser a prioridade, em detrimento do casal. Isso se refere a qualquer atividade do dia a dia, mas sobretudo quando o videogame passa a ser a maior fonte de prazer dele. Quando os momentos de lazer do casal são trocados por momentos em que o cara fica jogando videogame, há comprometimento do senso de compromisso, e isso vai impactar sistematicamente na saúde do casal. Os momentos de lazer de homens e mulheres que possuem um compromisso amoroso devem ser compartilhados entre si, e se o videogame for o maior destinatário dos momentos de lazer e de prazer, há algo muitíssimo errado nessa relação.
P: Como saber se chegou a um nível que está atrapalhando?
R: Observe se o seu par deixa de fazer atividades essenciais para poder jogar. Por exemplo, se vocês têm uma dinâmica em que ele é responsável pelo mercado e ele deixa de ir para jogar videogame, é um sinal de alerta. Se ele deixa de lado atividades individuais, como malhar, por exemplo, para ter mais tempo para jogar, também é um sinal vermelho. Para a saúde do relacionamento, o principal é quando afeta os acordos do casal e os momentos de prazer de ambos. É muito importante observar e, se for difícil no início, comece anotando em uma agenda os dias e quantas horas ele joga, para ter uma dimensão. Pode ser que nem seja tanto tempo assim. Mas se for e isso for algo novo para vocês, ou seja, se ele não jogava tanto antigamente, é essencial conversar, de modo assertivo, com o seu par.
P: Como ter essa conversa assertiva para que o casal possa viver em harmonia?
Ninguém nos ensina a brigar. Aprendemos que brigar é errado desde pequenas. O que acontece é que as “brigas” são, de certa forma, essenciais em um relacionamento. Isso não significa que deverá haver falta de respeito, gritaria, nada disso. Os relacionamentos caminham em um ciclo que vai da harmonia à desarmonia, com retorno à harmonia novamente. Isso é um ciclo mesmo, acontece constantemente, se repete o tempo todo e nos períodos de desarmonia é que reafirmamos nosso compromisso. Como qualquer relação interpessoal, há disputa por poder, por reconhecimento. O acréscimo aqui é a disputa por afeto. As relações afetivas têm esse imenso ganho e, sabendo trabalhar essa esfera, a afetividade, tudo pode ser contornado. Isso não significa que você vai ganhar. Quem precisa ganhar é o casal e isso pode implicar que você perca, de vez em quando. Ter conversas assertivas significa, antes de qualquer coisa, ter uma escuta ativa. Escutar para acolher, e não para responder. É o que eu ensino às minhas alunas. Ao mesmo tempo, além da acolhida, é preciso ter de forma clara os seus objetivos com a conversa, e segurança para defender seu ponto de vista sem ser afogada na seara da passividade. É um equilíbrio entre ser agressiva, se impor a qualquer custo, e ser passiva, ou seja, não ter segurança emocional suficiente para se expor. Não é simples, mas eu garanto que é possível.
Qual a sua sugestão para um casal onde um dos cônjuges se dedica mais aos games do que à sua relação amorosa?
Conversar sobre o assunto. Mas essa conversa precisa ser feita com o propósito de resolver, e não de implicar. Eu acredito fortemente que combinados bem feitos podem funcionar. Se o casal conseguir entender que momentos de individualidade são importantes, é o suficiente para que o videogame, que é o nosso exemplo, seja incluído nesse tempo, e não no tempo do casal. O que eu vejo, em alguns casos, são mulheres que perderam suas atividades individuais e implicam com a existência dessas atividades com o seu par. Para essas situações eu recomendo que procurem ter lazer individual, ou com amigas, independente do par. Para os casos em que realmente há excesso, converse e acerte os pontos. Procure entender qual é a linguagem de amor que o seu par utiliza. Pode ser que para ele seja contato físico, enquanto para você seja tempo de qualidade. Quando temos essa dinâmica, por exemplo, é preciso diálogo. Mostre a ele qual é a sua linguagem e ame-o na linguagem que funciona para ele.
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