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Arritmia já afetou outros técnicos e especialista alerta sobre tempo para retorno

Nabil Ghorayeb, cardiologista e médico do esporte do Hospital do Coração, ressalta para período de cicatrização após a realização da ablação, que deve ser realizada nesta sexta

Abel Braga
Abel está internado desde a madrugada da última quinta (Foto: André Melo Andrade/AM Press/Lancepress!)

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A arritmia cardíaca que fez com que o técnico Abel Braga se sentisse mal no fim do clássico entre Flamengo e Fluminense, na última quarta-feira, pela semifinal da Taça Rio, não chega a ser uma novidade no mundo esportivo. O quadro de fibrilação atrial foi apresentado recentemente por Renato Gaúcho, técnico do Grêmio, e Muricy Ramalho, que à época estava à frente do Flamengo.

De acordo com Nabil Ghorayeb, cardiologista e médico do esporte do Hospital do Coração, em São Paulo, o fato de ter sido atleta de alto rendimento tem influência nestes casos.

- O que se sabe é que essa arritmia cardíaca, a fibrilação atrial, é uma característica frequente em idosos com mais de 70 anos, chegando a 20%, por conta do envelhecimento natural. Nos últimos anos, se percebeu um fato inesperado: ex-atletas de alto nível, quando entravam na faixa dos 55, 60 anos, começaram a apresentar a fibrilação atrial - disse Nabil, que completou:

- O que se descobriu, até agora, é que atletas de alto nível têm propensão quando estão aposentados e expostos a stress, mas stress de todos os tipos, na vida pessoal, profissional... O que se descobriu é que ex-atletas de elite, que fizerem mais que 200 mil horas de trabalho físico intenso, apresentam sete vezes mais propensão. Por que uns têm e outros não? Não sabemos o que faz a diferença, mas sabemos que quem foi muito ativo fisicamente tem uma chance de ter em determinado momento.

Abel Braga (passou mal) - Fla x Flu
Abel deixou Maracanã de cadeira de rodas (Celso Pupo/Fotoarena)

Nesta sexta-feira, Abel Braga passará pela ablação, que consiste na cauterização dos focos que causam a arritmia. Este é um passo após a cardioversão elétrica, onde o treinador rubro-negro, sedado, foi estimulado com choques para reverter a arritmia.

Há a intenção de que Abel possa receber alta no decorrer do fim de semana, porém, Nabil Ghorayeb aponta riscos para o retorno à beira do gramado já na partida contra o Peñarol, do Uruguai, pela Libertadores, na quarta-feira:

- É aquela história, o ideal é evitar qualquer tipo de estímulo emocional ou físico por, no mínimo, 30 ou até 60 dias. A cicatrização do coração só se completa depois de 30 dias. Existe um risco. "Ah, vou enfrentar", tudo bem. É uma decisão difícil, mas existe o risco.

O médico aproveitou ainda para apontar que o corpo humano não é algo exato, lembrando que, recentemente, Abel passou por uma grande emoção na vida pessoal e não teve problema algum - em agosto de 2017, perdeu o filho João Pedro, de 19 anos.

- Por que o gatilho foi neste jogo e não quando perdeu o filho? O corpo humano não é matemático. Não se sabe o motivo de o gatilho ter sido neste jogo e não quando houve uma grande emoção na vida dele - salienta.

Nabil Ghorayeb salientou que não é o simples fato de ser técnico que faz com que se desenvolva.

- São vários técnicos que têm tido esse problema. A maioria, praticou esporte de alta intensidade quando mais jovens. Não é o fato de ser técnico, mas o fato de ter sido jogador de alto nível. Quem está atuando hoje pode, daqui a 30 anos, desenvolver esse problema também - apontou, antes de completar:

- Essa arritmia é raro matar alguém. Mas ela pode causar danos se não for tratada em dois ou três dias. Não mata por si, mas causa complicações.

Na final da Taça Rio, domingo, contra o Vasco, o Flamengo será comandado por Leomir ou Fabio Moreno, ambos auxiliares-técnicos de Abel.

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