Emocionado ,Diego afirma: ‘Para ser inspiração, temos de estar de pé’
Camisa 10 do Flamengo concedeu entrevista coletiva no primeiro treino aberto à imprensa após o incêndio no Ninho do Urubu, que deixou 10 vítimas fatais
O Flamengo, nesta terça-feira, realizou o primeiro treino com acesso à imprensa desde o incêndio que atingiu o alojamento das categorias de base, na última sexta-feira, e que teve 10 vítimas fatais. Durante a entrevista coletiva, o meia Diego, ao falar sobre a visita que fez a Cauan Emanuel, de 14 anos, um dos feridos na tragédia e que recebeu alta na última segunda-feira, não conteve a emoção e foi às lágrimas.
- Temos procurado enfrentar a situação da melhor forma possível. Não temos resposta para tudo, mas temos de, de alguma forma, seguir. Acredito que, para honrar e dignificar tudo que esses garotos viveram e os que foram abençoados por ficarem aqui. Temos de trabalhar para manter o sonho vivo dentro desses garotos, Vou completar 34 anos e estou vivendo esse sonho que muitos ali gostariam de viver. O Cauan está se recuperando bem, obviamente muito triste. Fomos visitar, peguei o telefone dele, trocamos mensagens, mandei a nossa foto e ele me mandou uma foto de comemorando um gol e disse que se inspirava em mim... (choro) Temos de seguir. Seremos inspirações e, para ser inspiração, temos de estar de pé - disse.
O camisa 10 afirmou que o elenco rubro-negro está disposto a ajudar no que for necessário tanto para os sobreviventes do incêndio quanto para os familiares dos jovens que morreram.
- Foi decisão nossa (Diego dar coletiva). O grupo está disposto a ajudar no que for necessário. Estamos aqui para o que precisarem. Talvez, com o mais importante, com um abraço, uma palavra... Não só para esses garotos que fomos visitar ontem, mas para aqueles que não tiveram essa oportunidade, para os familiares - garantiu.
Diego comentou sobre o clima no elenco do Flamengo para o duelo desta quinta-feira, com o Fluminense, pela semifinal da Taça Guanabara - o jogo seria no último sábado, mas foi adiado por conta do ocorrido.
- A emoção vai vir e vamos carregar essa situação junto com a gente. As pessoas não podem confundir que quando estivermos em um treino, no jogo, não é porque vamos estar sorrindo em alguns momentos, que vamos deixar de lembrar dessa situação. Vamos carregar isso conosco, mas vamos encontrar força para que isso possa servir, de alguma forma, de inspiração para nós. Quinta-feira temos um jogo importante e temos de vencer. O clima é difícil, mas, quando chegar o momento de entrar em campo, vamos procurar fazer aquilo que eles faziam que é competir e honrar essa camisa.
No incêndio no Ninho, morreram Christian Esmério, Bernardo Pisetta, Pablo Henrique, Arthur Vinícius, Vitor Isaías, Rykelmo Viana, Samuel Thomas, Athila Paixão, Gedson Santos e Jorge Eduardo. Já Francisco Dyogo, Cauan Emanuel e Jhonata Ventura ficaram feridos e foram hospitalizados.
Veja outros tópicos da coletiva:
Primeira entrevista após o ocorrido:
- Venho aqui em respeito a todos vocês e todas as pessoas envolvidas nesta situação. E, claro, serei o mais honesto e transparente possível, como sempre fui. Nosso relacionamento com esses garotos sempre foi excelente. Eles fazem parte do nosso dia a dia. Lembro da maioria deles, já pediram para tirar foto comigo. Tenho um sobrinho que joga na no Sub-14 do Flamengo e tinha até a possibilidade de estar ali naquele alojamento. Temos uma ligação e um respeito muito grande. Em relação à estrutura, é um clube que tem procurado evoluir diariamente. Não só para o profissional, mas também para a base. Quando cheguei, usei toda essa estrutura e, a partir daí, acompanhei a evolução do clube. Mas é fato que existe essa preocupação da diretoria passada e atual de evoluir e melhorar. Fato é que é uma tragédia, a maior do clube, e quem está aqui vai carregar isso. É um momento de muita tristeza e reflexão.
Como souberam da notícia?
- Estava entrando no carro e um funcionário ode casa me avisou. Fui me informar. Meu sobrinho treina no Sub-14 e treina pela manhã. Fui procurar saber. Foi um impacto, momento duro e difícil porque nós vivemos isso. Morei em alojamento e vivi tudo isso. Tenho amigos até hoje que viveram comigo em alojamento. Todos nós brasileiros carregamos o espírito dos garotos da base, dos sonhos, dos objetivos. E quando aconteceu, ficamos desnorteados. E esse encontro no dia seguinte foi para nos reunir, orar, entender. Para nós, como grupo, direcionar o rumo que seguir. Abel foi muito feliz nas palavras que nos trouxe naquele manhã. Treinador que não está aqui por acaso e todos sabemos que passou pelo drama que passou. Em respeito a todo acontecido, não fomos a campo.