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Arão mira títulos no Fla, revela sonho de jogar na Inglaterra e admite gratidão a ex-clube

Com o objetivo de fazer história pelo Flamengo, Arão revela sonhos ao LANCE!. Volante se descreve como curioso e mira Seleção Brasileira, além de retorno à Europa no futuro

Arão vive boa fase no Flamengo 
imagem camera (Gilvan de Souza /Flamengo)
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Lance!
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 02/08/2016
20:39
Atualizado em 03/08/2016
12:14

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Ser campeão Brasileiro, da Copa Libertadores, do Mundial de Clubes, fazer gol em final, disputar a Copa do Mundo com a Seleção Brasileira, jogar Champions League e brilhar no Campeonato Inglês. Ufa, quanta coisa! Esses são alguns dos sonhos do volante Willian Arão, que sabe da necessidade de se dar um passo de cada vez, seja na vida ou no futebol. O próximo trecho da caminhada é na noite desta quarta-feira, contra o Santos, na Arena Pantanal, em Cuiabá, às 21h45. Uma vitória coloca o Rubro-Negro no G4 e, de vez, na briga pelo título da competição.

Em entrevista concedida ao LANCE!, após treino no Ninho do Urubu, o camisa 5 do Flamengo mostrou segurança nas palavras e falou abertamente sobre o passado, o presente e o futuro. Com os pés no chão, ele curte o bom momento e vislumbra voos mais altos.

LANCE!: O técnico René Simões, que trabalhou com você no Botafogo, diz que sonhar pequeno e grande dá ao mesmo trabalho. Recentemente, você disse que não gostaria de se impor limites. Mas afinal, quais são os seus sonhos?

ARÃO: Eu tenho um monte de sonhos. Mas hoje estou aqui no Flamengo, onde meu sonho é ser campeão Brasileiro, da Libertadores, Mundial... Sonho de fazer gol em final, disputar Copa do Mundo com a Seleção Brasileira, jogar Champions League e Campeonato Inglês. Mas, hoje, meu sonho é continuar jogando cada vez melhor e conquistar títulos com o Flamengo. Mas sonho com a Seleção Brasileira. São sonhos possíveis e vou atrás deles.


L!
: Você é um jogador versátil. Além de volante, já atuou como meia, lateral-direito, zagueiro e meia. Isso é algo que carrega desde sempre? Quem foi o técnico que mais lhe ajudou a ser versátil?

ARÃO: Por incrível que pareça, não foi só um treinador, né? Com cada um, eu tive que desenvolver uma função diferente. Eu sou um cara muito curioso. Então, eu procuro ficar observando as jogadas que eles (companheiros) têm de fazer. Quando os zagueiros estão treinando trabalho à parte, eu fico observando. Os laterais também, meias... Isso é importante para que eu também possa aprender, saber como joga cada um, como cada jogador gosta de se posicionar. Isso faz com que eu tenha facilidade de aprender. Já atuei como zagueiro e lateral por causa de situações especias. Estou bem feliz na parte central do campo.

L!: Você já disse algumas vezes que este é o melhor momento da sua carreira. Por que o seu futebol tem maior destaque agora?

ARÃO: É o momento mais importante da minha carreira. Estou muito feliz, num clube gigante. Estou vivendo uma grande sequência de jogos, boa. Escuto muitos jornalistas falando sobre a possibilidade de Seleção Brasileira para mim. Isso é uma coisa que me dá muito prazer, me deixa contente, estou no caminho certo. No Corinthians, ganhei títulos importantes, como Libertadores e Mundial, mas é diferente eu estar jogando e ter sequência. Tenho certeza que vamos conquistar títulos com a camisa do Flamengo para coroar esse trabalho.

L!: Já sente que a Seleção Brasileira é um sonho que está cada vez mais próximo de se tornar realidade na sua vida?

ARÃO: Não dá para falar em questão de estar próximo ou não, não sei o que passa na cabeça do treinador, né? Eu sei que tenho que continuar trabalhando, evoluindo a cada treino e a cada partida. Se eu estiver atuando melhor a cada jogo, desenvolvendo o melhor futebol possível, obviamente que vai estar cada vez mais próximo. Não penso lá na frente, procuro pensar no treino de amanhã, no jogo seguinte, dia após dia.

L!: Na transição do Muricy Ramalho para o Zé Ricardo, você evoluiu principalmente na parte defensiva. Os números de roubada de bola cresceram. Zé Ricardo foi um dos responsáveis? Houve mudanças nos treinamentos?

ARÃO: Os dois treinadores foram muito importantes para mim. O professor Muricy Ramalho me deu muita liberdade, mas ele também me obrigava a marcar muito. Nosso time era mais ofensivo e muitas vezes quem roubava as bolas era o pessoal do ataque, pressionando na saída. Já no time do Zé Ricardo, jogamos mais atrás. O pessoal de trás, eu e Márcio Araújo, temos um pouco mais de trabalho de marcar. Não que os atacantes deixem de cumprir esta função, mas estamos jogando de uma maneira diferente. Os toques que o Zé têm me dado atualmente estão ajudando muito. Isso tem facilitado na evolução para desarmar.

L!: O que mudou no Flamengo desde a saída do Muricy Ramalho? Houve mudança de postura no elenco rubro-negro?

ARÃO: Acho que não teve mudança de postura. Acho que não dá para abordarmos esse tema com muita facilidade, são muitas questões envolvidas. Muitos jogadores começaram a jogar melhor individualmente, isso faz com que o time melhore também. No primeiro semestre, tivemos uma sequência muito maior de viagens, não sei se isso influenciou. Agora, os jogadores começaram a render mais individualmente. Então, o coletivo também se sobressai nas competições. Este é um dos motivos para que estejamos jogando melhor.

'No futebol, temos que virar homem cedo, lidar com as pressões'

L!: Com apenas 24 anos, ouvimos você falar com muita segurança. Com pouco tempo de Flamengo, você virou capitão do time, na ausência de Juan e Paulo Victor. Como é virar homem tão cedo e assumir tantas responsabilidades?

ARÃO: No futebol, temos que virar homem cedo, aprende a lidar com essas pressões desde cedo. Aprendi a lidar com muitas pessoas e personalidades cedo. Eu lembro que, com 16 anos, no São Paulo, eu passava a semana inteira fora de casa, morava em Cotia e estudava em outro lugar. Enquanto meus amigos brincavam, eu já tinha responsabilidade, tinha que ganhar jogo e campeonato. É pressão, e você vai amadurecendo. Depois fui para a Europa e para o Corinthians. Com isso, vamos amadurecendo, são tempos de aprendizagem. No Corinthians, aprendi com Liedson, Douglas e Danilo. Aprendi coisas muito especiais. Foram vários jogadores. Isso fez com que eu amadurecesse mais rápido, já tenho um espírito de liderança para falar mais aflorado. Então, eu aprendi muito com pessoas experientes e posso colocar em prática agora.

L!: Você deixou o São Paulo pouco antes de se tornar jogador profissional. Considera que esta saída foi precipitada, uma vez que havia proposta de renovação por parte do clube?

ARÃO: De maneira alguma. Foi uma proposta que não me agradou, uma coisa que eu não estava esperando. Se tivesse me agradado, talvez ainda estivesse lá. Foi algo que não agradou. Eu achava que a proposta teria que ser diferente. Foi no momento certo porque desencadeou tudo isso, fui para Espanha, escolhi isso e aprendi muito lá. Depois, voltei para o Corinthians. Talvez, se eu tivesse renovado, não seria campeão Mundial e não estaria nem no Flamengo. Então, não foi precipitado.

L!: Logo depois de sair do São Paulo, você foi para o Espanyol (ESP). Como foi esta passagem por um clube europeu tão cedo?

ARÃO: Foi muito boa, foram seis ou sete meses. Pude trabalhar com o Mauricio Pocchetino, hoje técnico do Tottenham. Ele me ensinou muito em questão de posicionamento. O futebol lá é totalmente diferente daqui. Lá guarda-se mais posição. Aprendi muito em relação a passes e jogadas. São coisas que aprendi lá e que até hoje carrego comigo, pensar o jogo de uma forma diferente, passar a bola de um forma diferente. Então, foram muitas coisas que eu aprendi.

L!: Por que deixou o clube?

ARÃO: Foi uma questão mais burocrática. Eu achava que algumas coisas seriam de uma maneira, mas foram de outra. Acabou não dando certo. Então, eu preferi voltar. Foi uma escolha positiva porque depois eu fui para o Corinthians. Foi um tempo valioso lá, em que aprendi muito, mas infelizmente não deu certo. Tenho certeza que um dia posso voltar.

Arão - Portuguesa
Arão em seus tempos de Portuguesa (Foto: Divulgação)

L!: Falando exatamente sobre isso, você tem o sonho de voltar à Europa? É algo que pensa para o futuro na sua carreira?

ARÃO: É o sonho de todo jogador ir para a Europa e disputar uma Champions League, grandes campeonatos. Acho que todo jogador sonha em disputar Campeonato Brasileiro, Libertadores, Mundial, Campeonato Inglês, Espanhol e muito mais. Não vou fugir disso, não fujo. É um sonho meu jogar na Inglaterra, uma das maiores ligas do mundo, mas não faço nenhuma projeção. Hoje, estou aqui e sou feliz. Quero ganhar títulos no Flamengo. Quando aparecer a oportunidade, se for o melhor momento para poder ir, vou ficar muito feliz.

L!: Você já teve a oportunidade de jogar no futebol paulista e também no carioca. Pela sua experiência, dá para perceber muita diferença entre essas praças tão próximas?

ARÃO: É parecido. Mas no Rio, pelo menos no Flamengo, temos um time muito para frente. É até um pouco estranho eu falar isso. No Botafogo, também fazíamos muitos gols, era um time para frente, ofensivo, mesmo na Série B do Campeonato Brasileiro. Em São Paulo, não tinha tanta cobrança neste sentido. Eu acho que esta é uma diferença significativa. Não que lá marquem melhor, mas aqui tem essa cobrança de jogar para frente, do time ser ofensivo. Já na Portuguesa e também no Corinthians não tinha esse tipo de coisa.

L!: Nos tempos de Botafogo, você era visto passando pelos corredores com livros nas mãos. Manteve o hábito da leitura. É possível lhe chamar de intelectual da bola?

ARÃO: Não (risos). Não me considero intelectual. Gosto de ler, é verdade. Recentemente, li o livro do Guardiola. Eu gosto de ler, são livros legais, assuntos diversos. Isso me dá tranquilidade, principalmente nas viagens, com aeroporto e avião. É um método que eu desenvolvo para ocupar o tempo.

Willian Arão - Botafogo
Willian Arão se destacou no Botafogo (Foto: Wagner Meier/Lancepress)

L!: Com essa cabeleira arrumada, é possível imaginar que você seja um cara muito vaidoso. É verdade? Você se considera como um homem vaidoso?

ARÃO: Acho que sou (risos), tento me ajeitar. Tento ficar bonito para minha esposa e também para mim mesmo. Estar bem consigo mesmo é muito importante na vida. Acho que todo ser humano deve ser um pouco vaidoso, para se valorizar.

L!: Por mais que sua saída do Botafogo tenha sido conturbada, é possível dizer que você é grato ao clube de alguma maneira?

ARÃO: Claro. Sou muito grato. Tenho gratidão por todos os clubes que passei, inclusive o Botafogo. Fui muito feliz quando estive lá, contribuí dentro de campo, foi uma troca bem bacana. As coisas que se desencadearam depois são do futebol, mas obviamente sou grato ao Botafogo.

L!: O que esperar deste jogo contra o Santos, vice-líder do Campeonato Brasileiro e adversário direto do Flamengo na luta por uma vaga no G4?

ARÃO: Sabemos que é um confronto direto contra o Santos, vai ser um jogo muito importante. O times deles é bom, leve e tem um ataque muito rápido. Mas estamos preparados.

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