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Exclusivo: Lance! entrevista Maurício Gomes de Mattos, candidato à presidência do Flamengo

Eleição para o próximo triênio (2025-2027) acontece no dia 9 de dezembro

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Maurício Gomes de Mattos concorre à presidência do Flamengo (Foto: Marcio Dolzan/Lance!)

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Maurício Gomes de Mattos — ou MGM, como é bastante conhecido — considera que quem preside o Flamengo precisa ter uma presença institucional forte no futebol brasileiro. E tem muitos planos caso seja eleito no fim do ano. Um deles é unir os clubes do país em torno de mudanças no calendário. "O calendário do futebol brasileiro é contra os clubes. Nós temos que liderar nesse sentido", diz, nesta que é a terceira de uma série de entrevistas do Lance! com os candidatos à presidência do Flamengo.

Nesta entrevista, MGM discorre sobre a estrutura do clube, o momento no futebol e seus planos para o próximo triênio. Ele critica a formação do elenco do Flamengo e promete acabar com a participação de "amadores" no dia a dia do futebol:

— Eu não concordo com o modelo de contratação atual do Flamengo, que é ditado por um Conselhinho. Aliás, eu não sei nem quem é o pai desse Conselhinho. Eu não sei se é um candidato, ou se é o CEO do outro candidato. Eu sei que eu não sou. Eu não concordo. Eu acho que é amador... Acho não, eu tenho certeza que o modelo é amador —, avaliar Maurício Gomes de Mattos. Veja no vídeo a entrevista completa:

LANCE! - O senhor considera que o Flamengo precisa virar uma SAF? 
Maurício Gomes de Mattos - Negativo, não considero. O Flamengo não pode vender a sua alma. O Flamengo não está à venda. O Flamengo é da Nação. 

MGM: 'Informações sobre o estádio são precárias'

Existe uma preocupação em relação à construção do novo estádio, sobre um possível endividamento. Essa preocupação real? E como pretende tocar a construção do estádio? 
Nós estamos com um grupo de estudo que tem, dia a dia, acompanhado todos os passos dessa natureza. Não podemos endividar o Flamengo, afetar o potencial de crescimento do clube e do futebol. Temos um grupo nosso de trabalho que desenvolve dia a dia para exatamente nos dar preparo para que, no primeiro dia da gestão, já possamos tratar do assunto. 

As informações (que o clube passa) são precárias. Eu acabei de entrar pedindo mais informações ao Conselho Diretor, e não obtivemos resposta. No nosso grupo de estudo nós estamos buscando a realidade financeira para que o Flamengo não entre em uma espiral ruim. 

Considera que há risco de algum imbróglio jurídico em relação à área? 
Todas as hipóteses estão sendo estudadas. Todas as defesas que a gente vai precisar implementar, também. Se vier, nós vamos estar preparados para defender o Flamengo.

Quais os planos do senhor caso eleito para esse novo estádio? E, acrescentando, como o Maracanã funcionaria para o Flamengo a partir da construção do novo estádio? 
Não dá para sair de uma licitação que nós ganhamos do Maracanã e de um compromisso que nós temos, que é administrar o Maracanã por 20 anos. Isso não tem condição. Tem que ter engenharia para que tenhamos dois estádios funcionando e com capacidade de lucratividade. E é assim que nós vamos nos tratar. Mas, volto a dizer, a direção do Flamengo não abre informação absoluta para que a gente possa adiantar e estar com o projeto mais adiantado.

Mas eu quero mais. Eu quero fazer também, na Gávea, um estádio para 4 ou 5 mil pessoas, para abraçar o futebol feminino e o futebol de base do Flamengo. Eu quero revitalizar a Gávea, quero acabar com os puxadinhos e fazer a Gávea que o sócio merece. 

Então, se eleito, a Gávea vai passar a receber jogos do Feminino e das categorias de base?
Com certeza. Eu quero também trazer o profissional para treinos recreativos. Eu quero reeditar situações que valorizavam o sócio, a Gávea, e que não prejudiquem o profissionalismo.

O estádio na Gávea é subutilizado atualmente?
Certamente, eu acho que poderia ser melhor. Quero também tratar do tênis, fazendo umas três quadras de tênis ali com o estádio. Colocando um camarote, você pode trazer grandes novidades para o tênis do Flamengo e para o futebol do Flamengo.

Por que eu estou misturando (os esportes)? Porque a Gávea tem que ter um estádio que comporte vários espetáculos, que a gente possa criar condição de ter espetáculos à altura dos sócios do Flamengo. 

Já que o senhor citou outros esportes: o Flamengo teve bons resultados com seus atletas nos Jogos Olímpicos agora de Paris, já tinha tido também nos Jogos de Tóquio. Quais são os seus planos para as modalidades olímpicas? 
Primeiro eu quero botar o tênis como modalidade olímpica dentro do clube. Quero tratar o esporte olímpico com prioridade, buscando verbas, negociando com o Comitê Olímpico do Brasil para que a gente tenha mais incentivos, pegando incentivos também da parte pública e da parte privada. 

'Calendário do futebol é contra os clubes', afirma MGM

Voltando para o futebol, como o senhor avalia o calendário brasileiro? Tem propostas de mudança para o calendário? E aproveitando, é a favor ou contra redução de data no estadual? 
O calendário do futebol brasileiro é um calendário contra os clubes. Nós temos que liderar nesse sentido e mudar o calendário. Isso vai ser uma meta (pensando o futebol como um todo), fora do conceito clube.

Mas não vamos tratar só isso, não. Vamos tratar da profissionalização dos árbitros, do VAR. Não se justifica hoje um árbitro de futebol estar como médico ou com uma outra profissão, e não ter o tempo exclusivo para dedicar aquela profissão que para nós, um resultado, um apito de forma equivocada, tem um prejuízo muito grande para os clubes do Brasil e do mundo. Então aqui o árbitro tem que ser profissionalizado.

Também quero buscar uma lei especial para os atletas profissionais. Não dá para você enfrentar Justiça do Trabalho com (cobrança de) hora extra, adicional noturno. A gente sabe que o profissional de futebol, principalmente, mas também de outras modalidades, trazem para nós um sentido de ter uma modalidade especial de tratamento trabalhista. Não pode estar vinculado à Justiça do Trabalho como está hoje.

O Flamengo disputa no ano que vem o Mundial de Clubes. Serão 3 a 4 semanas no meio do ano. Ainda não há uma definição, mas possivelmente o Campeonato Brasileiro não vai parar. Como o senhor pretende ajeitar tudo isso?
Primeiro, é o seguinte: planejamento. Eu quero entender, porque até agora… No último Mundial nosso não tinha planejamento. Demitiram um técnico na véspera do campeonato. Eu já estou estudando para criar uma condição para a gente entrar no campeonato mundial (com chances de ganhar), que é o campeonato do nosso sonho. Temos um e queremos ter vários. A briga é para isso. De uma forma planejada, de uma forma estruturada. E vamos tentar fazer o máximo e o melhor, porque esse campeonato para nós vale muito.

Mas a falta de informação, a falta de estrutura nos deixa realmente temerários. Inclusive o futebol do Flamengo hoje é gerido por um amador. Na nossa gestão o profissional vai ser valorizado. O vice-presidente, e os vice-presidentes amadores, são para metodologia e cobrança. Não para entrar em vestiário, não para estar em ônibus do jogador, não para estar em convívio social com jogadores. Não, é profissionalismo.

'Amadores reinam em cima de profissionais', critica MGM

Já que o senhor entrou nesse assunto: o Flamengo demitiu o técnico Tite no início da semana. Como avalia o trabalho dele? E considera que fazer demissão a dois dias de uma semifinal de Copa do Brasil foi adequada? 
Você só avalia a condição de um profissional no dia a dia, com uma análise técnica, e eles (diretoria atual do Flamengo) afastaram isso. Anteriormente, tinha inclusive a análise de um instrumento, uma ferramenta, para analisar a parte técnica, a parte de estratégia. O Flamengo tinha relatórios quanto a isso, tinha de prevenção de acidentes (lesões), mas da gestão do Landim para frente essas ferramentas não estão mais disponíveis. Então, fica difícil hoje você ter uma análise profissional.

Minha análise como torcedor: evidentemente, ficou aquém do esperado. Sobre a troca de técnico, eu acho que é um quesito que tem que ser decidido por profissionais. E eu entendo que isso não foi feito. Foi feito, mais uma vez, com os amadores reinando em cima de profissionais. Isso é perigoso. Agora, o resultado vai vir com as decisões que o Flamengo tem aí. Ainda tem o Campeonato Brasileiro — não acho impossível, a gente tem que acreditar — e a Copa do Brasil.

O Flamengo teve, especialmente nos últimos meses, muitos problemas de lesões de atletas. Isso é culpa de calendário, de falha no treinamento? 
O Flamengo teve algumas ferramentas (de monitoramento de lesões) que deixou de ter, e isso eu quero que volte. O Flamengo tem que ter todas as ferramentas para que isso não volte a acontecer no seu dia a dia. Você precisar ter a condição de prever o que pode acontecer com seus atletas.

Então o senhor considera que não é culpa do calendário? 
Também culpa do calendário, mas em 2019 nós tivemos (mais jogos), e anteriormente também, muito mais índices positivos do que negativos. Eu quero estudar, quero analisar, não quero crucificar profissional, mas eu vou entrar com olho de lupa nesse quesito aí. É fundamental. Nós temos hoje muitos atletas que poderiam estar decidindo em campo e não estão sendo relacionados por lesão. Então eu quero analisar isso de perto.

Há anos se discute a formação de uma liga, mas o que se tem agora são dois grupos distintos que, basicamente, estão discutindo direitos de transmissão. Por que o senhor acha que é tão difícil a formação de uma liga única no Brasil? 
Acho que falta diálogo, falta liderança. O Flamengo tem que ser protagonista sempre. O que eu vejo hoje são clubes com uma distância do Flamengo muito grande, por procedimentos de arrogância (da atual diretoria). Eu falo, inclusive, dos próprios candidatos, que passaram todos pelo futebol. Todos tiveram influência com outros clubes.

Eu não tive a oportunidade de colocar as minhas ideias ainda. Eu vou ter, como presidente do Clube de Regatas do Flamengo, sempre buscando o “nós”. Porque na minha vida, na minha concepção, você ter profissionais avalizados, profissionais gabaritados, elimina muito o percentual de erro. E eu quero ter os melhores profissionais para os melhores resultados. 

Como acredita que deva ser a relação do Flamengo com as entidades esportivas, como FERJ, CBF e Conmebol? 
De uma forma profissional, mas tendo o dedo do presidente. O presidente tem que ter acesso e falar de presidente para presidente. O que eu vejo hoje é que amadores também têm essa relação. Isso está errado, isso vai mudar. O presidente do clube tem que entrar realmente para decidir as grandes questões nas federações. Isso eu vou fazer.

O senhor citou algumas vezes “amadores” no clube. Como pretende escolher os seus vice-presidentes se for eleito? Qual vai ser o critério? 
No nosso governo não vai ter 18 ou 19 vice-presidentes, como tem hoje.Metodologia e cobrança. Nós vamos ter o Conselho Gestor do Flamengo, que são os profissionais, uma total carta branca para agir profissionalmente em todos os critérios e quesitos necessários para o bom desempenho de todos os esportes do Flamengo. O amador não vai ficar intervindo, como eu vejo hoje. O amador não vai entrar em onda de jogador, como eu vejo hoje. O amador é para colocar a filosofia, a metodologia e fazer as cobranças.

E qual vai ser o critério? Currículo. Eu quero exatamente pessoas que estejam com condição de não ter tempo, porque não vai ter a influência do amador no dia a dia em nenhum quesito do Flamengo, em nenhuma pasta do Flamengo. O Marketing vai ser gerido pelo profissional. Agora, com o olho de lupa, tanto dos vice-presidentes que são estatutários, que eu necessito formar um grupo, e esse grupo vai ter que ser de elite. 

Assim como eu sigo há mais de 20 anos, cada um de nós tem a compreensão do que é o Flamengo, do que é o tamanho do Flamengo. Eu vou escolher com o critério de avaliação de currículo, como também os profissionais do Flamengo, que vão ter esse critério de avaliação de currículo. O meu CEO vai ser headhunter (que vai escolher), eu não vou indicar. Eu quero ir ao mercado, ser apreciado aquele que tem a melhor condição de ser o gestor profissional do Flamengo.

O Flamengo tem se notabilizado nos últimos tempos por fazer contratações vultosas, de jogadores bastante caros. O senhor concorda com esse modelo de contratação? 
Eu não concordo com o modelo de contratação atual do Flamengo, que é ditado por um Conselhinho. Aliás, eu não sei nem quem é o pai desse Conselhinho. Eu não sei se é um candidato, ou se é o CEO do outro candidato. Eu sei que eu não sou. Eu não concordo. Eu acho que é amador... Acho não, eu tenho certeza que o modelo é amador.

Nós não vamos tratar o futebol do Flamengo de uma forma antiprofissional. Vai ser totalmente profissional. Critério de scout, critério de avaliação, profissionais. E com a filosofia que é o DNA do Flamengo. Todas as contratações de profissionais, atletas, tem que ser avaliadas por scout. Temos que ter a ciência a nosso favor. As ferramentas que hoje são dispostas e disponibilizadas no mercado, vão estar todas à disposição. Disso eu não vou abrir mão. A melhor escolha faz realmente o melhor financeiro, e o melhor no campo para o Flamengo.

MGM: 'Quero a neurociência do esporte nas categorias de base'

Qual deve ser o papel da base do Flamengo?
Base, para mim, é essencial. A base é um centro de custo necessário que eu quero implementar cada vez mais. Quero fazer pontos de captação pelo Brasil e pelo mundo. Quero verticalizar também, colocando jovens jogadores nossos em vários times. Vamos ter convênios, para não perder jogadores de relevância ou de futuro. Quero também trazer uma ferramenta que é a neurociência do esporte.

A neurociência, talvez aqui na América do Sul, só o River Plate que eu tenho conhecimento, que trabalha, mas eu quero complementar, quero botar psicólogo, psiquiatra, coach, assistente social. Nós temos que tratar da formação técnica, mas também da formação mental. Para isso, o Flamengo tem que estar com todas as ferramentas possíveis para o melhor handicap do atleta, dentro e fora de campo.

O Flamengo tem histórico de formar grandes jogadores, mas cada vez mais no futebol brasileiro, esses grandes jogadores vão embora muito cedo. Como fazer para manter esses talentos por mais tempo? 
Bom, primeiro a formação do Flamengo tem que ser revista. Porque, por exemplo, no caso do Vinícius Júnior, nós sabemos que o atleta teve que passar por várias adaptações para chegar no ponto que chegou. Eu quero olhar de lupa para a formação do Flamengo. Quero tratar disso com prioridade na nossa gestão, porque o que o Flamengo faz, tem que continuar fazendo, e não podemos perder eles tão cedo. E temos que avaliar cada item da preparação de cada atleta. É isso que eu vou fazer.

A direção do Flamengo foi criticada por vários setores pela forma como tratou a questão da tragédia do Ninho do Urubu. O senhor acha que o processo foi conduzido de forma adequada?
Não, não acho. O Flamengo tem um distanciamento de todos e de tudo. Esse é um quesito que nos impressiona muito, porque trata de família. São familiares que nós perdemos. E nós temos que dar um tratamento igualitário, inclusive na parte financeira. Vou tratar disso, passando pelo Deliberativo, pelos conselhos do clube. Mas eu não posso ver a distância afetiva. Eu vou tratar desse assunto como prioridade na nossa gestão. O Flamengo tem que voltar a ser Flamengo, tem que voltar a respeitar tudo e a todos. Essa é uma forma que eu sempre agi na minha vida, respeitando a todos com muita franqueza e com muita honestidade. 

O Flamengo está negociando a compra do Leixões, da segunda divisão do futebol português. O senhor concorda com esse projeto de expansão? Se for eleito vai manter? 
Eu concordo com tudo que foi aprovado no Conselho Deliberativo. Eu estou aqui para respeitar os conselhos do clube. E se assim o fizer, eu vou tratar o Leixões como tem que ser tratado.

Sobre a parte de expansão, eu vou fazer Casas Flamengo, com licenciados a custo zero do Flamengo, em todas as partes que houverem estudos de viabilidade para que isso aconteça. Eu já estou em estudos com a AABB. Nós temos mais de 800 AABBs, que são clubes já prontos pelo Brasil.

Eu quero uma parceria para que a gente possa ter um Maracanã em cada estado. Para que a gente possa ter a parte comercial, a parte de camping, de escolinhas, futebol, tênis, natação. O Flamengo tem que ter representação em todos os lugares possíveis do Brasil e também do mundo.

Nós vamos fazer isso com maturidade, com projeto e com profissionais à altura para viabilizar a parte de licenciamento para esse quesito tão importante do Flamengo, que é a internacionalização e a expansão do Flamengo nacionalmente. 

Para finalizar, se quiser deixar uma mensagem para o torcedor do Flamengo, sinta-se à vontade. 
Nação rubro-negra, eu vou ser o presidente de todos. Vou tratar a Nação como ela merece ser tratada, com respeito, com parceria, entendendo que o Flamengo só é grande porque tem a nação que tem. Estamos juntos. Espero que você, eleitor, possa fazer a escolha certa, porque é a eleição mais importante do Flamengo. Estou me habilitando a ser presidente do Clube de Regatas do Flamengo e conto com o seu voto. Saudações rubro-negras. Estamos juntos.

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