Famílias de vítimas do incêndio do Ninho respondem à nota do Fla

Familiares de Christian Esmério, Jorge Eduardo e Pablo Henrique, através de seus advogados, divulgaram nota na qual apontam "inverdades" em posicionamento do clube

Escrito por

Em nota oficial, o Flamengo posicionou-se, contra os comentários feitos por Fausto Silva, o Faustão, da TV Globo, considerando a crítica do apresentador sobre a postura da diretoria na condução do caso do incêndio do Ninho do Urubu como "leviana e inconsequente". Nesta terça, os familiares de Christian Esmério, Jorge Eduardo e Pablo Henrique (três das 10 vítimas do incêndio que atingiu o CT há um ano), responderam a publicação, por uma nota através de seus advogados, apontando que o clube "faltou com a verdade" no documento.

A nota assinada pelas famílias cita que a diretoria do Flamengo "dolosamente omite que" "as famílias, no auge de suas dores, aceitaram imediatamente" a proposta apresentada pelo Ministério Público e a Defensoria Pública, "sem sequer discutir os valores, enquanto a diretoria do Clube não aceitou e disse que cuidaria de cada caso individualmente".

Sobre a afirmação de que "o Flamengo ofereceu a todas as famílias um valor muitas vezes superior ao que a Justiça brasileira costuma determinar em casos como este", o texto assinado pelas famílias de Christian, Jorge Eduardo e Pablo diz: 

- Não é verdadeira a afirmação de que a diretoria teria oferecido às nossas famílias um valor superior ao que a Justiça Brasileira costuma determinar em casos como este, pelo simples fato de que, conforme já amplamente noticiado, não há na história qualquer caso que guarde semelhanças fáticas com a tragédia no Ninho do Urubu! Não há na história da Justiça Brasileira nenhum caso onde, mesmo após ser notificada por mais de 31 vezes das irregularidades existentes em seu alojamento, uma instituição manteve, ainda assim, adolescentes dormindo em contêineres feitos de material de alta combustão e não autorizados a servirem de dormitórios.

A publicação ainda aponta outras "inverdades" e informações inconsistentes na nota publicada pelo Flamengo, como o fato de que a pensão de R$ 10 mil não está sendo paga de forma voluntária pelo Flamengo, e sim em decorrência de uma ordem judicial.

O incêndio no Ninho do Urubu aconteceu em 8 de fevereiro de 2019, atingindo um alojamento das divisões de base do clube no CT e vitimando 10 atletas. Outros três ficaram feridos e 13 sobreviveram sem lesões. Ainda não houve indiciamentos pelo ocorridos.

O Flamengo, por sua vez, acertou as indenizações com as famílias dos 13 sobreviventes e com as familiares de Gedson Santos, Vitor Isaías e Athila Paixão, além de um acordo com o pai de Rykelmo. A mãe de Rykelmo e as famílias de Arthur Vinícius, Bernardo Pisetta, Christian Esmério, Jorge Eduardo Santos, Pablo Henrique e Samuel Thomas Rosa não entraram em acordo, por ora.

Veja a nota na íntegra:

"NOTA DE ESCLARECIMENTO

Em atenção à NOTA OFICIAL lançada na data de ontem pelo Clube de Regatas do Flamengo e às informações equivocadas ali constantes, faz-se necessária a presente NOTA DE ESCLARECIMENTO:

(i) A diretoria falta com a verdade quando afirma que teria trazido, na ocasião da tragédia, os familiares de todas as vítimas ao Rio de Janeiro e os teria hospedado em um hotel para que pudessem acompanhar de perto as apurações das autoridades competentes. O que o Flamengo fez foi, dias após a tragédia, chamar as famílias no Rio de Janeiro para se reunirem com representantes do Ministério Público e da Defensoria Pública para a celebração de um acordo quanto às indenizações;

(ii) A diretoria dolosamente omite que, naquela ocasião, as famílias, no auge de suas dores, aceitaram imediatamente a proposta estudada e apresentada pelo Ministério Público e a Defensoria Pública, sem sequer discutir os valores, enquanto a diretoria do Clube não aceitou e disse que cuidaria de cada caso individualmente;

(iii) A diretoria falta com a verdade quando afirma que foram disponibilizadas por seus membros, formas de acompanhamento das apurações das autoridades competentes;

(iv) A diretoria não esclarece que o valor mensal de R$ 10.000,00 não está sendo pago voluntariamente pelo clube, mas sim em decorrência de ordem judicial;

(v) A diretoria não disponibiliza às nossas famílias qualquer tipo de assistência médica, psicológica ou social, sendo certo que os valores que os familiares vêm recebendo mensalmente são quase em sua totalidade usados para o pagamento destes custos;

(vi) Não é verdadeira a afirmação de que a diretoria teria oferecido às nossas famílias um valor superior ao que a Justiça Brasileira costuma determinar em casos como este, pelo simples fato de que, conforme já amplamente noticiado, não há na história qualquer caso que guarde semelhanças fáticas com a tragédia no Ninho do Urubu! Não há na história da Justiça Brasileira nenhum caso onde, mesmo após ser notificada por mais de 31 vezes das irregularidades existentes em seu alojamento, uma instituição manteve, ainda assim, adolescentes dormindo em contêineres feitos de material de alta combustão e não autorizados a servirem de dormitórios;

(vii) A diretoria do Flamengo jamais fez contato com qualquer membro de nossas famílias ou com nossos advogados. O único contato feito pelo clube partiu de seus ADVOGADOS, e foi feito diretamente com nossos advogados, para informar que aceitariam pagar apenas o "teto" estabelecido por eles e que não estão abertos a negociações; Desta forma, frente a todas as informações mentirosas veiculadas e propagadas pela atual gestão do Flamengo, repudiamos sua atitude e temos a certeza de que elas não representam a grandeza desta Informar que aceitariam pagar apenas o "teto" estabelecido por eles e que não estão abertos a negociações; Desta forma, frente a todas as informações mentirosas veiculadas e propagadas pela atual gestão do Flamengo, repudiamos sua atitude e temos a certeza de que elas não representam a grandeza desta Instituição e de milhões de torcedores que tem nos dado imenso apoio - e pelo qual seremos eternamente gratos;

Por fim, nos colocamos à disposição do Flamengo para um abraço, uma palavra de conforto ou qualquer tipo de carinho que até hoje não recebemos;

Família Christian Esmério, Família Jorge Eduardo e Família Pablo Henrique!!"

Siga o Lance! no Google News